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Tradição musical
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Natural de Toledo/PR, Marcos Pires é violeiro instrumentista, professor, pesquisador, arranjador e produtor cultural, e, atualmente, estuda Música na UNILA. Convidado pela Embaixada Brasileira no Chile, ele ministrou um workshop sobre viola caipira, em Santiago, no mês de setembro, durante as comemorações do Dia da Independência Brasileira. Na oportunidade, Marcos abordou as peculiaridades e a versatilidade do instrumento, passando pela música caipira e pelo fandango paranaense, e chegando até o barroco do século 16.
O discente da UNILA conta que o primeiro contato com a Embaixada foi feito pelo docente Miguel Cristi. “Ele foi meu professor de Espanhol no Ciclo Comum no início da graduação e intermediou os contatos com a produção do Centro Cultural da Embaixada do Brasil no Chile, que fez o convite para eu ministrar a oficina de viola brasileira”, afirma. “Para o Chile, levei a proposta de concerto didático, em que abordei um repertório que percorre várias épocas e vertentes da viola brasileira. Foi uma troca de saberes muito especial para mim, pois havia historiadores do Instituto Guimarães Rosa presentes, músicos de Santiago e cineastas que se interessaram em conhecer o instrumento. Foi muito especial e guardo com muito carinho as lembranças desse concerto”, explica.
Desde criança, Marcos teve influência da música regional gaúcha, por conta da família. “Comecei com aulas de violão gaúcho aos oito anos e iniciei algumas práticas na viola brasileira com 13 anos, por influência do meu avô. Na adolescência, participei de oficinas de viola e ingressei num projeto-piloto de Orquestra de Viola Caipira de Toledo/PR. Desde então a música foi tomando proporções e abrindo portas”, salienta.
Em 2012, ele ingressou na Orquestra Paranaense de Viola Caipira, da qual é instrumentista até hoje. “A partir de então, busquei sempre me descobrir com a viola, e tive o privilégio de estudar no conservatório de MPB de Curitiba com Rogério Gulin, um dos maiores pesquisadores do fandango paranaense e instrumentista de viola do país. Também tive oportunidade de estudar com outras referências, como o professor Ivan Vilela, Neymar Dias, Fernando Deghi, e com a Orquestra de Cordas de MPB de Curitiba, regida pelo maestro João Egashira, além de dividir o palco com Livia Nestrovski, Teresa Cristina e Nailor Proveta”, destaca.
Quando teve conhecimento do curso de Música da UNILA e das possibilidades de levar a viola para a academia, Marcos interessou-se de imediato. Porém, já cursava Engenharia Elétrica na UTFPR. “Foi aí que surgiu a possibilidade de transferência externa, e não pensei duas vezes. Ao me inteirar um pouco mais e entender a carreira em Música com ênfase em pesquisa, percebi um enorme leque de possibilidades de estudos de instrumentos regionais, como a viola, e me identifiquei com as propostas do curso”.
Marcos já está no último semestre da graduação em Música. Para ele, conviver em um ambiente multicultural como o da UNILA tem sido enriquecedor. “Acredito que a imersão que se tem é gigantesca. A pluralidade cultural que temos na graduação, a possibilidade das práticas em conjunto, os recitais integrando as diferentes carreiras com colegas de matrizes musicais/etnoculturais distintas, é fantástico”, enfatiza. “Hoje, trago também referências de todos os professores da graduação, pelos quais tenho enorme respeito e admiração, e que também fizeram parte do meu amadurecimento tanto pessoal quanto musical”, conclui.