Identidade UNILA
Resgate cultural
NOTÍCIAS DA GENTE
Taisa Lewitzki formou-se em Antropologia, na UNILA, em 2015. Dois anos mais tarde, foi uma das criadoras da Casa da Cultura Góes Artigas, localizada em sua cidade natal, Inácio Martins/PR. Neste espaço de convivência, busca-se promover o resgate do saber das mulheres rurais. Entre as atividades desenvolvidas no local estão ações voltadas à formação dessas mulheres em relação a temas como direitos humanos, agricultura agroecológica e economia solidária.
Mesmo antes de ingressar na Universidade, Taisa trabalhou com movimentos sociais de povos e comunidades tradicionais no Paraná, onde conheceu vários antropólogos. “Com isso, me reconheci na profissão, que trabalha pelo direito à diferença e à diversidade. Deslumbrei cursar Antropologia, mas acabei iniciando o curso de Direito e projetava uma pós-graduação na área de Antropologia. Então, fiquei sabendo da recém-fundada UNILA, que tinha bacharelado em Antropologia. Ingressei na turma de 2012 e me formei no final de 2015”, conta.
A ideia da criação da Casa da Cultura surgiu quando ela retornou à sua comunidade (Góes Artigas), após a formatura. “Observando a realidade em relação à ausência de lugares para promoção da cultura, problema que se acentua na zona rural, incentivei a formação de um coletivo de mulheres agricultoras, lideranças e estudantes para ocupar e reformar uma das casas que integram a vila ferroviária de Góes Artigas, desativada desde os anos de 1990, para ser um lugar de encontro e fortalecimento da cultura local. Elaborei o projeto da Casa da Cultura e iniciamos o processo de reformas, por meio de mutirões e campanhas. No dia 11 de fevereiro de 2017, inauguramos o local”, explica.
Na Casa da Cultura são realizados cursos, oficinas e atividades voltadas à formação de mulheres rurais, com foco nos saberes e conhecimentos tradicionais que fazem parte da cultura local. Periodicamente, é organizada a Feira da Cultura - um espaço de encontro que envolve, também, pessoas de comunidades e municípios vizinhos. O evento conta com exposições fotográficas, apresentações artístico-culturais, comercialização de artesanatos, produtos caseiros e alimentos agroecológicos. “Temos, ainda, um grupo de mulheres - de diferentes idades e trajetórias - que se encontra quinzenalmente para elaborar artesanatos, preparar receitas, fazer teatro, trocar conhecimentos e conversar sobre direitos. Em 2020, fundamos a Associação Comunitária de Mulheres Rurais Casa da Cultura Góes Artigas, que é reconhecida como de utilidade pública municipal e estadual. Desde a inauguração da Casa da Cultura, contamos com a estrutura da biblioteca comunitária, bodega de economia solidária, cozinha para beneficiamento de alimentos, sala de exposições e oficinas. E, em 2018, fomos contempladas com o Prêmio Culturas Populares (Edição Selma do Coco), do Ministério da Cultura”, complementa a antropóloga.
Taisa ressalta que muitas das experiências vivenciadas na UNILA foram inspiração para a Casa da Cultura. “Exemplo é o Cinelatino, projeto de extensão que acompanhei na minha trajetória acadêmica e que aqui ganhou a versão chamada Cine Prosa, como alternativa de acesso ao cinema. A diferença é que os filmes exibidos no Cine Prosa são abordados a partir de temas que fazem parte da realidade e interesse local. Já os varais com fotos, textos e poesias são uma lembrança dos corredores da UNILA e das exposições da Revista Peabiru. Além disso, a biblioteca comunitária é influenciada pela biblioteca do Bairro Cidade Nova, onde participei de muitas atividades quando morava em Foz”.
A estudante, que está na fase final do doutorado, foi contemplada com o Prêmio Memorial de Vivências (promovido pela Unespar), sobre a atuação na área da cultura durante a pandemia de Covid-19. “Em minha trajetória, universidade e comunidade sempre andaram juntos. Entre os planos que tenho está ampliar a experiência da Casa da Cultura para outras comunidades e contextos”, finaliza Taisa.
Para saber mais sobre a Casa da Cultura Góes Artigas, acompanhe as redes sociais (Instagram / Facebook). Em maio, a iniciativa foi tema de uma reportagem do programa Plug, da RPC TV. Para assistir, acesse.