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Pesquisa em foco: uma descoberta que pode melhorar a qualidade de vida dos celíacos

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A pesquisa, orientada pelo professor Gleisson Pereira de Brito, investigou a relação entre o exercício físico e a suplementação com óleo de peixe na redução de marcadores inflamatórios
publicado: 11/07/2019 15h40, última modificação: 16/07/2019 15h57

Allysson Costa, docente e coordenador do curso de Educação Física da Uniamérica – instituição privada de Foz do Iguaçu – é mestre em Biociências pela UNILA. Graduado em Educação Física desde 2011, ele possui licenciatura e bacharelado na área, mas sempre sonhou em seguir carreira acadêmica. “Ao conhecer o mestrado em Biociências da UNILA, percebi uma característica ímpar de interdisciplinaridade, que permite o ingresso de profissionais de diversas áreas, possibilitando um intercâmbio de ideias e uma formação bem diversificada. Essa característica, somada à qualidade do quadro docente, foram os fatores que me motivaram a ingressar nesse programa. Vi que essa era a oportunidade para dar início àquele objetivo antigo”, relata o educador físico.

Orientada pelo professor Gleisson Pereira de Brito, a pesquisa investigou a relação entre o exercício físico e a suplementação com óleo de peixe na redução de marcadores inflamatórios. No caso do estudo em questão, a opção foi pela investigação da doença celíaca, que consiste em “uma resposta inflamatória ao consumo do glúten, um grupo de proteínas presentes no trigo, centeio e cevada, que compõem uma infinidade de alimentos”. Essa intolerância alimentar “pode ocasionar lesões no intestino, impedindo uma absorção satisfatória de nutrientes, o que pode resultar em baixa estatura, redução de peso, redução de massa muscular, anemia por deficiência de ferro, baixos níveis de vitaminas e fadiga muscular”, isso sem mencionar os sintomas gastrointestinais acarretados pelo consumo do glúten. 

A pesquisa, feita com humanos, contou com o apoio da Associação de Celíacos de Foz do Iguaçu (ACELFOZ), que ajudou na busca dos voluntários. Os critérios de inclusão eram o diagnóstico de doença celíaca, a dieta livre de glúten e disponibilidade para a realização dos exames laboratoriais de controle, além da prática regular de exercícios físicos e do consumo de ômega 3 – sendo que, esses dois últimos, juntos, apresentam propriedades anti-inflamatórias. “Neste contexto, o nosso trabalho teve por objetivo verificar se um programa de exercício físico aeróbico associado à suplementação com óleo de peixe poderia reduzir marcadores inflamatórios em celíacos. Ao término da nossa pesquisa, percebemos que houve uma redução dos marcadores inflamatórios (proteína c-reativa e interleucina 6) nas amostras, sugerindo que a intervenção tem potencial corretivo e preventivo em relação a distúrbios associados à inflamação crônica”, mas o professor ressalta que isso não elimina a intolerância ao glúten.

Portanto, é importante deixar claro que esse estudo não se trata da descoberta de uma cura para a doença celíaca – em outras palavras, o que essa pesquisa descobriu é que, ao associar óleo de peixe com exercício aeróbico regular, as respostas inflamatórias que, nos celíacos, podem causar outros problemas, foram potencialmente reduzidas. O pesquisador explica que, para o portador desse distúrbio alimentar, “quadros inflamatórios constantes podem estar relacionados ao surgimento de outras doenças crônicas” e que, por enquanto, o único tratamento disponível para a doença celíaca é a exclusão total do glúten da dieta alimentar, "entretanto, mesmo com a dieta isenta, alguns indivíduos ainda apresentam quadros inflamatórios alterados” – e foram estes os problemas que obtiveram uma boa resposta com o protocolo escolhido.

Como se sabe, todas as pesquisas realizadas em instituições públicas geram um custo para o Estado, mas também tem a contrapartida. Para Allysson, “o investimento em pesquisas é extremamente importante, pois mesmo as pesquisas básicas, ainda em fase inicial, têm a mesma relevância científica das demais, uma vez que estas permitem que novas descobertas sejam realizadas; estas, por sua vez, poderão trazer outros benefícios para a sociedade”. Então, embora a cura da doença celíaca ainda não tenha sido descoberta, a importância desse estudo realizado na UNILA reside no fato de ele se tratar de uma sementinha que, futuramente, servirá de inspiração e instrumentalização para que outros pesquisadores possam chegar à cura definitiva – é assim que funcionam as pesquisas e a ciência evolui: dando um passo de cada vez. 

A dissertação de Allysson está disponível no Repositório institucional da UNILA.

 

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