Você está aqui: Página Inicial > Notícias da Gente > Topo da carreira acadêmica
conteúdo

Ensino

Topo da carreira acadêmica

NOTÍCIAS DA GENTE

Andrea Ciacchi, docente do curso de Antropologia e dos mestrados em Literatura Comparada e Interdisciplinar em Estudos Latino-Americanos, foi promovido ao cargo de Professor Titular da Carreira de Magistério Superior.
publicado: 19/05/2022 16h00, última modificação: 30/06/2022 16h56
Docente está na UNILA desde 2010. (Foto: Giovanna Ciacchi)

Docente está na UNILA desde 2010. (Foto: Giovanna Ciacchi)

Docente está na UNILA desde 2010. (Foto: Giovanna Ciacchi)

Após a sessão pública de defesa de memorial descritivo, realizada no último dia 2, o docente Andrea Ciacchi foi promovido ao cargo de Professor Titular da Carreira de Magistério Superior. Ele é o segundo professor da UNILA a chegar ao posto, que é considerado o topo da carreira acadêmica no Brasil. O primeiro foi Glaucio Roloff, em 2016.

Nascido na Itália, Ciacchi formou-se em Antropologia na Universidade de Roma "La Sapienza" e fez mestrado em Letras na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), doutorado em Estudos Ibéricos na Universidade de Bolonha e dois pós-doutorados em Antropologia, um na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e outro na Universidade de Roma "La Sapienza". Como docente, lecionou na UFPB e na Universidade Federal do Pará (UFPA) até chegar à UNILA, em 2010.

Creio que o que está sendo premiado, sobretudo, talvez seja a minha persistência numa profissão que é ao mesmo tempo prazerosa, delicada e que exige dedicação e desprendimento. Sinto que ajudar pessoas mais jovens a compreender um pouco melhor o mundo e, mais ainda, a construir os seus próprios instrumentos de compreensão crítica do mundo foi o que me trouxe até aqui”, ressalta o professor. 

De acordo com o docente, na escrita do memorial descritivo (um dos requisitos para a progressão a Professor Titular), que levou cerca de seis meses, ele buscou entregar um texto de leitura prazerosa, que fugisse dos aspectos mais burocráticos que também existem numa longa carreira acadêmica. “Foi divertido brincar um pouco com a minha própria trajetória, com a língua portuguesa, com algum elemento (de) italiano de que eu não tinha como fugir. Foi bom também fazer reviver  no meu texto, antes, e nas falas dos professores, depois  algumas figuras marcantes da minha formação, sobretudo docentes e colegas que me acompanharam desde a minha graduação nos anos 70 do século passado. Sei que foi uma ‘defesa’ em que não sofri ataques e, por isso, enfim, foi bem tranquila”, afirma. 

Para chegar até este momento, Ciacchi destaca três pontos de sua trajetória. "Um é justamente essa minha 'velhice', que, no fundo, falando sério, é sintoma dessa minha perseverança: quase trinta anos no exterior, sempre na mesma profissão. Outro é o fato de ter construído uma trajetória que, bem antes que iniciasse a moda da tal interdisciplinaridade, me permitiu transitar com alguma tranquilidade e, espero, também com algum bom resultado, por áreas diversas mas que considero próximas ou, pelo menos, articuladas entre si: as ciências sociais, a estética, a história e os estudos literários, sobretudo a literatura brasileira. Finalmente, mas talvez seja a coisa mais importante, reconheço como foram fundamentais, para a construção dessa mesma trajetória, aliás da minha própria formação, que considero sempre em andamento, as contribuições não só dos meus ‘mestres’  tanto os que tive em formato concreto, em carne e osso, como os que me ensinaram tanto através da leitura dos seus textos –, mas também das centenas de estudantes, de graduação, mestrado e doutorado, que me forçaram a ser sempre um bom professor ou, ao menos, tentar sê-lo”.

O professor finaliza falando sobre suas aspirações para o futuro. “Daqui para frente, espero poder continuar contribuindo e recebendo contribuições, possivelmente num contexto político menos pavoroso do que estamos experimentando há alguns anos. Ou, para ser mais direto e citando uma colega que vem me inspirando há muitos anos, a antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz, da USP, num ‘outro Brasil: um país mais justo, plural, generoso, tolerante e inclusivo. Um Brasil menos odioso, violento, e que não teria no poder um punhado de senhores de classe média, brancos, misóginos, autoritários, racistas e prepotentes’”.