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Nota de pesar

Comunidades do ILAACH e da Especialização em Direitos Humanos na América Latina lamentam o falecimento de Neylson Oliveira da Silva.
publicado: 16/08/2022 15h30, última modificação: 17/08/2022 11h51

Nas primeiras horas desta terça-feira (16), recebemos a notícia da morte prematura e brutal do estudante da segunda turma da Especialização em Direitos Humanos na América Latina da UNILA, Neylson Oliveira da Silva.

Neylson, jovem nordestino, professor da educação básica (com atuação no Atendimento Educacional Especializado para pessoas com surdez, ensino em Libras), militante em defesa dos Direitos Humanos e das pessoas LGBTQIAP+, teve sua trajetória pessoal marcada pela atuação política e pedagógica relevante em todos os espaços em que ocupou.

Durante seu processo formativo na UNILA, nos encontros em sala de aula, trazia relatos da sua experiência de vida e alertava para a necessidade de continuar de forma contundente o combate a todas as formas de opressão. E o fazia, invariavelmente, de maneira alegre e amorosa.

A cerca de um mês antes de defender seu trabalho de conclusão de curso da especialização, sobre manifestações poético-políticas de pessoas surdas, a caminhada de Neylson foi interrompida. Ao que tudo indica, sua morte foi motivada por homofobia.

O Brasil é reconhecido mundialmente pela perseguição e morte de defensores dos Direitos Humanos, e isso se agrava quando falamos da população LGBTQIAP+. No ano passado, mesmo durante a pandemia, o Brasil registrou 300 ocorrências de mortes violentas de pessoas LGBTQIAP+, um aumento de 8% em relação ao ano de 2020. Com um total de 276 homicídios e 24 suicídios, o país teve uma morte a cada 29 horas.

Neylson, mais que um número que se soma nesta lamentável estatística, foi nosso amigo, colega de caminhada, parceiro de reflexão e com quem compartilhamos o sonho de um futuro igualitário para todes. Nos solidarizamos com os familiares, amiges, ex-alunes e com a população de Açailândia (MA), terra natal de Neylson.

Acompanhamos com indignação a proliferação de notícias que buscam acionar o artifício corriqueiro de criminalizar a vítima. A história de Neylson, marcada pelo empenho e compromisso na luta pela garantia dos Direitos Humanos, não se dobrará aos revisionismos sensacionalistas.

A perda brutal do nosso colega nos impõe a tarefa de defender o afeto e a igualdade, ao mesmo tempo em que organizamos nossa indignação. Seguiremos com a certeza de que a luta e resistência de Neylson por uma sociedade mais justa, igualitária, sem capacitismo e LGBTQIA+fobia continuará acesa em nós. Continuaremos acompanhando o caso, cobrando respostas e exigindo respeito à sua memória.

Não nos esqueceremos!

Neylson Presente!