Evento sobre tecnologias nucleares

Em 2025, ano em que o Brasil sediará a COP 30, a reflexão sobre os caminhos para uma transição energética justa, sustentável e inclusiva ganhou destaque durante a segunda edição do Fórum Nuclear da Juventude Latino-Americana. O evento foi realizado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/USP), em São Paulo/SP, no início deste mês, com organização de estudantes da UNILA que são membros do Observatório Latino-Americano de Geopolítica Energética (Olage).

O encontro reuniu jovens do Brasil, Argentina, Bolívia, México, Cuba, Chile, Paraguai, Colômbia e Venezuela e teve como objetivo central fortalecer a integração latino-americana, construir pontes entre ciência, tecnologia e sociedade e preparar o continente para atuar de forma ativa nas discussões globais que antecedem a COP 30.

Durante o fórum, os participantes tiveram a oportunidade de realizar visitas técnicas às instalações do IPEN/USP, conhecendo o funcionamento do único reator nuclear de pesquisa em uma universidade brasileira, e também do Centro de Tecnologia das Radiações, do Centro de Gerenciamento de Rejeitos e do Centro de Lasers. Essas experiências marcaram a passagem da teoria para a prática, permitindo explorar aplicações que vão desde a pesquisa científica até a indústria e a saúde, aproximando os jovens do impacto concreto das tecnologias nucleares.

O evento também contou com palestras, que abordaram temas como "Nuclear na Agricultura: impulsionando o desenvolvimento do reator à mesa" e "Além da COP30: What’s Next?", além de workshops como o "Decolonizando e construindo uma comunicação popular", reforçando o caráter formativo, interdisciplinar e participativo das atividades.

As tecnologias nucleares oferecem ferramentas valiosas para enfrentar desafios contemporâneos, desde o diagnóstico e tratamento de doenças, passando pela preservação de alimentos, até a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. No entanto, esse potencial ainda não é amplamente conhecido. Dessa forma, o fórum buscou aproximar a juventude latino-americana deste debate global, promovendo a democratização do conhecimento científico e tecnológico e incentivando a participação ativa nas discussões sobre energia e desenvolvimento sustentável.

Mais do que um espaço de diálogo, o evento teve como meta gerar resultados concretos: iniciativas, redes e projetos que ultrapassem fronteiras e possam ser aplicados nas comunidades de origem dos participantes. Ao unir conhecimento técnico, experiências práticas e cooperação internacional, esta edição do fórum contribuiu não apenas para a formação dos jovens, mas também para uma América Latina mais preparada para enfrentar os desafios sociais, ambientais e energéticos nos tempos atuais. Como reconhecimento por esse esforço, o evento recebeu o prêmio da Graha, organização socioambiental boliviana dedicada à proteção do meio ambiente e à defesa dos direitos humanos.