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Dezembro Vermelho

Último texto da campanha Dezembro Vermelho deste ano explica o que é o conceito de “Indetectável = Intransmissível”, destacando que pessoas que vivem com HIV podem ter uma qualidade de vida plena.
publicado: 19/12/2024 14h42, última modificação: 19/12/2024 14h42

Por muito tempo, o diagnóstico de HIV foi associado a preconceitos e à ideia de uma vida limitada. No entanto, avanços na ciência transformaram completamente essa realidade. Hoje, pessoas que vivem com HIV podem ter uma qualidade de vida plena, graças ao tratamento antirretroviral (TARV). Uma das descobertas mais significativas dessa era é o conceito “Indetectável = Intransmissível”, amplamente conhecido como I=I.

O que significa I=I?

I=I é a evidência científica de que pessoas vivendo com HIV que seguem corretamente o tratamento antirretroviral e atingem a carga viral indetectável não transmitem o vírus por via sexual. Uma carga viral indetectável significa que a quantidade de vírus no sangue é tão baixa que não pode ser detectada por exames padrão. Normalmente, isso ocorre após alguns meses de adesão ao tratamento contínuo.

Esse conceito foi respaldado por grandes estudos clínicos, como o PARTNER e o HPTN 052, que não encontraram nenhum caso de transmissão do HIV entre casais sorodiscordantes (em que apenas um parceiro vive com HIV), quando a pessoa soropositiva mantinha uma carga viral indetectável. Esses resultados transformaram a maneira como o HIV é compreendido, aliviando o medo da transmissão e fortalecendo as relações interpessoais e a saúde mental das pessoas vivendo com o vírus.

A confirmação científica de I=I vai além da saúde física. Ela ajuda a reduzir o estigma e a discriminação, que muitas vezes são mais devastadores que o próprio vírus. Saber que não se pode transmitir o HIV ao parceiro(a) cria um ambiente de confiança e segurança nas relações, fortalecendo vínculos afetivos e emocionais.

Para muitos, o conceito de I=I também promove um maior engajamento com o tratamento, já que o controle do vírus não só protege a saúde individual, mas também contribui para a prevenção.

Desafios

Apesar das evidências científicas, o estigma e a falta de informação sobre HIV persistem em muitas comunidades. Algumas pessoas ainda não compreendem a eficácia do tratamento ou continuam a ver o HIV como um tabu. Por isso, campanhas educativas sobre I=I são essenciais para ampliar a conscientização e combater o preconceito.

Além disso, é importante lembrar que o sucesso de I=I depende de acesso ao tratamento e adesão rigorosa ao TARV. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito e acompanhamento para todas as pessoas vivendo com HIV.

O conceito de “Indetectável = Intransmissível” não apenas salva vidas, mas também redefine o que significa viver com HIV. Ele prova que o diagnóstico não é uma sentença de morte, mas um ponto de partida para o autocuidado, a informação e o empoderamento.

Com tratamento adequado e apoio, viver com HIV pode significar viver plenamente — sem limites para o amor, a sexualidade e a saúde.

Texto: Departamento de Atendimento à Saúde do Estudante 

 

Referências:
UNAIDS. "Indetectável = Intransmissível: Evidências científicas e impacto." Disponível em: unaids.org.
Rodger, A. J., et al. "Risk of HIV transmission through condomless sex in serodifferent couples with the HIV-positive partner taking suppressive antiretroviral therapy (PARTNER study)." JAMA, 2016.
Ministério da Saúde do Brasil. "HIV e AIDS: Tratamento e prevenção." Disponível em: saude.gov.br.