Pesquisa
Arquitetura, urbanismo e design na Amazônia e no Cerrado
O dossiê “Arquitetura, urbanismo e design na Amazônia e no Cerrado”, publicado pela Revista Desafios, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), no último mês de dezembro, teve importante colaboração de pesquisadoras(es) do Grupo de Estudos Multidisciplinares em Urbanismos e Arquiteturas do Sul (Maloca), da UNILA.
Patrícia Orfila (Maloca/UFT) foi uma das principais organizadoras do dossiê e também escreve um dos textos, intitulado "Modos de morar das ruralidades de resistência não capitalistas no Tocantins", junto a Andréia Moassab (Maloca/UNILA), Claudio Ribeiro (Maloca/UFRJ) e Gracielle Cruz. Neste artigo, são apresentadas algumas reflexões acerca das possibilidades de resistência não capitalistas a partir do território vivido da comunidade quilombola Barra da Aroeira, com o objetivo de se pensar, junto à comunidade, se seriam os quilombos capazes de fornecer elementos para um giro decolonial da categoria do comum. Mais do que um estudo de caso, a pesquisa que dá origem a esse trabalho abre questões fundamentais, sem necessariamente resolvê-las. As autoras e o autor entendem que o debate eurocêntrico sobre o comum, a despeito de sua importância, apresenta alguns limites no que diz respeito ao processo histórico da violenta dominação colonial nas Américas, cuja resistência negra e indígena apontam para caminhos outros.
O Maloca, ainda, está presente no dossiê com o texto "As teiras das identidades políticas: tecendo uma práxis da autonomia em arquitetura", de Andréia Moassab (Maloca/UNILA) e Gabriel Cunha (Maloca/UNILA), onde são apresentadas as bases teórico-metodológicas que vêm amparando a maior parte dos trabalhos realizados do grupo de pesquisa sediado na UNILA. A autora e o autor têm procurado colocar em diálogo o Materialismo Histórico Dialético e o Pensamento Decolonial por julgarem pertinentes para uma compreensão geopolítica do fazer arquitetura com, na e a partir da América Latina. Este exercício dialético deve ser feito a partir do território, necessariamente conectando as suas várias escalas, cada qual demandando distintas abordagens, indissociáveis e complementares. Na escala do território usado, dos sujeitos e sujeitas em seus territórios e espacialidades cotidianas, Moassab e Cunha acionam uma abordagem etnográfica e semiótica, sem perder a conexão com a análise geohistórica e política, da escala mais abstrata, com o uso do Materialismo Histórico Dialético e o Pensamento Decolonial. É nessa ação-reflexão, em múltiplas escalas, que ambos têm direcionado seus esforços, procurando fomentar um debate permanente que respeita a autonomia das comunidades e dos educandos(as) nos projetos de ensino, pesquisa e extensão, conectando universidade e sociedade.
Também compõem o dossiê debates sobre urbanização urbana; espaços de disputas na cidade, a partir de Belém do Pará; a obra de Sérgio Bernardes na Amazônia; a urbanização da Amazônia Oriental; e os desafios do Estatuto da Cidade na Amazônia Legal.