Institucional
Relacionamentos saudáveis na quarentena
Durante este período de quarentena, inevitavelmente o tempo de convívio com familiares ou com quem se divide o ambiente residencial acaba aumentando. Esse maior convívio também pode gerar mais desgastes e conflitos nos relacionamentos – em todos os tipos de relacionamento, não apenas os amorosos.
E o que fazer nessa situação para manter uma convivência saudável? Como minimizar os desgastes nos relacionamentos, principalmente com aqueles com quem se divide a casa?
O primeiro ponto a observar é a comunicação. Pode-se ficar incomodado com alguma coisa – por exemplo, não ficar satisfeito com a divisão das tarefas da casa –, porém, por vezes, não há a comunicação assertiva sobre aquilo que se pensa ou se sente. Não adianta reclamar ou dar "espetadas" na outra pessoa de forma indireta, e não expressar o que realmente sente naquela situação, para que a pessoa compreenda o seu ponto de vista ou sentimento sobre aquilo.
Além da necessidade de se expressar melhor para que os outros não precisem adivinhar o que você está pensando ou sentindo, a escuta ativa também é fundamental para a boa comunicação. Saber ouvir o outro com interesse sincero. O problema se instala quando há a distorção do que o outro está tentando comunicar, e vice-versa. Também pode ocorrer de não se prestar atenção verdadeiramente no outro por conta apenas da preocupação em como contrapor aquilo que ele está falando, ou, ainda, em como usar as palavras do outro para confirmar as próprias teorias, distorcendo o seu conteúdo. Por fim, outro fator complicador da comunicação são as carências pessoais: não ouvir o outro por se estar mais preocupado com questões pessoais, carências ou necessidades.
Nesta época de isolamento social, uma palavra que tem sido muito usada e que pode ajudar muito em relacionamentos é a empatia. Ela pode ser entendida como uma busca por compreender verdadeiramente a perspectiva e as motivações da outra pessoa diante de determinadas situações. Por isso, é preciso desenvolver a empatia. É comum as pessoas verem os outros sobre as próprias perspectivas e agirem a partir desse ponto de vista. Por exemplo: uma pessoa fazer alguma coisa com o intuito de surpreender e agradar a outra. Porém, para a esta outra pessoa, aquilo pode não ser importante e pode ser até mesmo desconfortável. Então, seria preciso ter empatia para perceber o que realmente importa para o outro, para conseguir surpreendê-lo positivamente.
Quais as necessidades da outra pessoa? É preciso percebê-las, valorizá-las e respeitá-las. Elas não são menores nem menos importantes que as suas. Em vez de tentar fazer valer as próprias vontades, é importante olhar para as necessidades dos dois lados e decidir as coisas em conjunto, para favorecer a ambos. Um bom exemplo é planejar as rotinas e tarefas da casa de modo que não sobrecarregue ninguém.
A empatia ajuda também na tolerância em relação às dificuldades e aos defeitos do outro, o que é fundamental para a manutenção de uma convivência sadia. É necessário focar no que constrói, no que aproxima. Focar apenas no que incomoda tende a tornar o clima mais tenso e conflituoso.
Qual a responsabilidade de cada um para a manutenção de um ambiente de convívio mais sadio e harmônico?
Quando a pessoa está incomodada com a falta de harmonia no relacionamento, é comum apenas cobrar do outro a mudança de comportamento, sem ser proativo, ou seja, sem alterar o próprio comportamento para a melhoria do convívio.
Quais comportamentos intencionalmente positivos você pode implementar na sua manifestação, em prol da outra pessoa e visando à melhoria do convívio? É importante refletir sobre isso e, de fato, ter uma postura menos passiva nesse sentido, assumindo a sua parcela de responsabilidade e não apenas fazendo cobranças.
A empatia pode ajudar a conhecer melhor a outra pessoa, o que é importante. Porém, é importante também investir em autoconhecimento. Quanto mais você se conhece, mais você consegue compreender também os seus próprios padrões de comportamento, pontos fortes, defeitos e dificuldades, e entender como essas características pessoais interferem positiva ou negativamente nos outros. Isso é fundamental para manejar tais comportamentos e características, visando criar e manter os relacionamentos mais saudáveis para você e para aqueles que lhe cercam e tornando o convívio mais agradável.
Texto escrito pela psicóloga do DPVS, Juliana Medeiros