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Autoconvívio e satisfação íntima

O que pode agir como fator protetor para manutenção da saúde mental e do bem-estar pessoal é estar satisfeito consigo mesmo e ter um bom autoconvívio
publicado: 11/08/2020 15h24, última modificação: 11/08/2020 15h48

Devido à quarentena, tem aumentado consideravelmente o nível de adoecimento mental da população. Existem diversos fatores que podem contribuir para isso, mas uma coisa que pode agir como fator protetor para manutenção da saúde mental e do bem-estar pessoal é estar satisfeito consigo mesmo e ter um bom autoconvívio. 

O isolamento social aumenta a oportunidade de recolhimento íntimo e reflexões pessoais. O problema é que, quando existe algum fator de incômodo consigo mesmo, olhar para dentro pode não ser uma tarefa agradável. A maioria das pessoas tende a fugir de encarar seus conflitos e com menos distrações sociais - com a impossibilidade de sair para encontrar amigos, ir ao bar, fazer compras ou outras atividades sociais que tire o foco de si - as possibilidades dessa fuga também diminuíram.

E o que fazer para obter satisfação íntima e conviver bem consigo mesmo?

É importante olhar para dentro de tempos em tempos e fazer uma atualização pessoal. Fazer uma autoavaliação é fundamental para entender os incômodos pessoais e o que é necessário mudar internamente para sentir mais satisfação íntima. Por exemplo: quais os seus valores pessoais? Entender isso ajuda a compreender se há alguma necessidade pessoal que não está atendida. Quando não se age de acordo com os próprios valores, pode haver falta de sentido na vida - ou uma sensação íntima de que tem algo de errado. É possível, também, ter alguns valores ectópicos ou superficiais, que se chocam com outros valores mais fortes. Nesse caso, é necessário rever os valores e definir o que de fato é importante para você e do que se pode abrir mão. 

Fazer terapia pode auxiliar, pois além de apoio profissional para lidar com os autoenfrentamentos daquilo que incomoda, é possível aprender técnicas e ferramentas para lidar com os próprios conflitos de maneira mais sadia. E mais: o olhar do profissional pode ajudar com o descobrimento de pontos cegos, para o que não se enxerga sozinho.

Fato é que ninguém fica satisfeito o tempo todo, e sempre há questões pessoais que podem ser aprimoradas. Para sentir-se bem e satisfeito é importante estar em dia consigo mesmo, mas é importante focar, também, naquilo que se tem de melhor e não apenas nos incômodos.

De acordo com estudos da psicologia positiva, o ideal seria vivenciar a eudaimonia, que seria uma felicidade ou bem-estar mais duradouro. Estuda-se o conceito de bem-estar como a junção de felicidade mais significado. Ou seja, além de vivenciar coisas prazerosas, é importante ter objetivos em todas as nossas ações. Esses dois fatores precisam estar associados para obter uma felicidade mais eudaimônica.

A avaliação da própria situação de bem-estar é subjetiva e combina o nível dos afetos positivos (respostas fisiológicas e emocionais agradáveis a eventos que se dá valência prazerosa) e a satisfação geral com a vida.

Para se ter uma vida com mais sentido, propósito e autorrealização, é importante também conhecer e valorizar suas forças de caráter, empregando e desenvolvendo essas forças nas ações. Quais sãos suas forças de caráter? Você já pensou sobre isso?

Investir nas forças de caráter ajuda a celebrar aquilo que você tem de melhor. É importante, também, focar nas coisas boas que acontecem. Isso dá mais motivação para buscar a melhor versão de si mesmo, o que causa um efeito positivo, a fim de se obter uma vida com mais felicidade e sucesso pessoal.

Ter uma mente mais flexível - mindset flexível ou de crescimento - também ajuda nesse processo, pois interfere na autoimagem e em como a pessoa pensa sobre si mesma, de maneira mais determinista ou como alguém em construção, com possibilidades de mudanças e aprendizados.

Para quem tiver interesse em aprofundar mais no assunto, seguem algumas sugestões:
- Vídeo “A ciência das forças de caráter";
- Teste das principais forças de caráter;
- Livro: DWECK, Carol S; Mindset: A nova Psicologia do Sucesso; trad. S Duarte; 1º ed.; São Paulo, Objetiva, 2007.

 

Texto escrito pela psicóloga Juliana Medeiros, do DPVS

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