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Setembro Amarelo

O racismo como determinante social em saúde mental
publicado: 15/09/2020 16h29, última modificação: 15/09/2020 16h30

“… Bom exemplo é a construção,
Pense em paredes de uma residência
Tijolos formam a estrutura
Com o concreto, a arquitetura
tem formato e aparência.
Sociedade é construção
e o racismo é o cimento
Componente estrutural
Formador fundamental
do interior e do acabamento...” 

(Pedagopoesia n° 2, Luciene Nascimento)

Raça é construção social e - assim como gênero, classe e sexualidade - localiza, diferencia e hierarquiza os sujeitos na sociedade brasileira, sendo fator constituinte da subjetividade humana. E, como não existe um sujeito universal, é necessário pensar o racismo como determinante social e estrutural em saúde, principalmente quando falamos sobre saúde mental da população negra brasileira.

Em um contexto de pandemia, as iniquidades sociais relacionadas à raça ficaram ainda mais explícitas. As pessoas negras são maioria na parcela mais pobre da população brasileira, nos trabalhos informais, entre os desempregados, nas moradias sem acesso à água e com maior aglomeração. Em virtude disso, o isolamento domiciliar, o home office e o simples ato de lavar as mãos – medidas preconizadas para conter a pandemia – não são possíveis para grande parte desse segmento da população.

Por outro lado, o acesso aos serviços de saúde é dificultado pelo processo de sucateamento do SUS e pelo racismo institucional. Isso se reflete em uma maior taxa de letalidade de doenças como a Covid-19 entre a população negra, que é a que mais depende do sistema público.

Em 2016, o risco de suicídio foi 45% maior em adolescentes e jovens negros quando comparados com os brancos. Segundo o Ministério da Saúde, a vulnerabilidade desse grupo ao suicídio dá-se pela exclusão social e o racismo institucional.

Não há como promover saúde mental de forma integral que não seja pela inclusão social. Para tanto, faz-se necessário o reconhecimento, por parte dos profissionais de saúde e da sociedade, de que o racismo é uma prática atual e internalizada nas relações cotidianas e a categoria raça/cor é variante essencial para a compreensão do indivíduo e sua subjetividade.

Texto: Coletivo de Saúde Mental