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Outubro Rosa além da mamografia. E o que o SUS tem com isso?

Texto da médica do DPVS, Liana Genovez, traz informações sobre prevenção ao câncer de mama
publicado: 24/10/2019 15h34, última modificação: 31/10/2019 13h23

Sim, este é um tema de grande importância. Afinal, o câncer de mama é o segundo tipo que mais acomete as mulheres brasileiras. Claro que queremos ser diagnosticadas o quanto antes para aumentar a chance de cura. Então, é só fazer a mamografia e estaremos protegidas. Certo?! Não é bem assim…

Quando falamos em mamografia de rastreio, estamos dizendo que é aquele exame feito quando não temos nenhum sintoma. Estamos procurando algo que esteja lá, mas que ainda está silencioso. O enfoque da mamografia é a detecção precoce (o que é muito importante, claro!), mas tem um outro lado.

Primeiramente, quando pensamos apenas na detecção precoce, não estamos falando de prevenção primária. Como se previne o câncer? Ele não é hereditário? Tem como prevenir de fato?

As alterações nos genes são a causa do câncer, podendo ser herdadas (casos dos cânceres hereditários) ou adquiridas. O câncer de mama hereditário corresponde a cerca de 5% a 10% dos casos. Portanto, 90% dos casos de câncer de mama não têm origem hereditária.

Então, há prevenção de fato?

Sim! Praticar atividade física regularmente e ter alimentação saudável, mantendo o peso corporal adequado, estão associadas a menor risco de desenvolver câncer de mama - cerca de 30% dos casos podem ser evitados quando são adotados esses hábitos. A amamentação também é considerada um fator protetor. Além disso, a terapia de reposição hormonal prolongada após a menopausa também está associada ao risco aumentado da doença.

E aí, temos tempo, dentro de nossa longa jornada diária, para acrescentar atividade física regular? Deslocamo-nos pela cidade até o trabalho; trabalhamos o dia todo; levamos e buscamos filhos à escola; vamos ao mercado; fazemos faculdade, mestrado, doutorado… Como amamentar sem rede de apoio?! Como alimentar-se bem com os altos índices de agrotóxico nos alimentos? São apenas provocações para refletirmos sobre a sociedade na qual vivemos.

Independente do protocolo de rastreamento do câncer a ser seguido, uma questão deve ser levantada: o exame, sozinho, não basta - e a prevenção não depende apenas de atitudes individuais da mulher. Políticas públicas de proteção à amamentação precisam ser pensadas institucionalmente, por exemplo. Como as universidades federais apoiam suas servidoras que estão amamentando e retornam ao trabalho?

Além dos muros institucionais, o desenlace desse tema depende de três letrinhas que possuem significado incomparável: SUS, Sistema Único de Saúde. Sabendo que a população que mais acessa e depende do SUS são mulheres pobres, como a vida difícil delas interfere no processo de adoecimento? A partir disso, é preciso repensar nossas próprias amarras de “vida corrida”, que nos adoece física e psiquicamente.