Institucional
Dezembro Vermelho
Mais de 40 anos se passaram desde a identificação do vírus da imunodeficiência humana (HIV) – que mudaria a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo –, e é importante olharmos para trás com respeito pela jornada desafiadora que enfrentamos como sociedade. Desde então, avanços significativos foram alcançados na compreensão, na prevenção e no tratamento do HIV. O estigma que inicialmente cercou essa epidemia de saúde diminuiu um pouco, mas sabemos que ainda há muito para ser feito.
O HIV não atacou apenas o sistema imunológico das pessoas, mas também destacou as desigualdades sociais e os desafios no acesso à saúde, e expôs o preconceito e a discriminação não só contra as pessoas com HIV, mas também contra a comunidade LGBTQIAPN+, já que o HIV foi, durante anos, erroneamente chamado (e para alguns ainda é) de “câncer gay”, ignorando que o HIV pode afetar a todos e todas, independentemente de orientação sexual, idade ou classe social.
Os primeiros anos foram sombrios, com falta de informações e de tratamentos eficazes, o que resultou em uma tragédia global. No entanto, a resposta à epidemia tornou-se um testemunho da resiliência humana. Organizações, ativistas, pesquisadores e pessoas afetadas pelo vírus uniram-se para criar uma frente comum contra o HIV.
Os avanços médicos, como a descoberta dos medicamentos antirretrovirais, transformaram o HIV de uma sentença de morte para uma condição gerenciável. O aumento no fluxo de informações sobre a importância do uso do preservativo, a profilaxia pré-exposição (PrEP) emergindo como uma ferramenta preventiva eficaz e o trabalho de prevenção fizeram e continuarão fazendo a diferença na vida das pessoas.
No entanto, enquanto celebramos o progresso, também reconhecemos que a acessibilidade e a igualdade na distribuição dessas inovações são desafios constantes. Ainda enfrentamos estigma e discriminação associados ao HIV. A educação permanente é crucial para erradicar mitos e promover uma sociedade que inclui e acolhe. A luta contra o HIV não é apenas científica; é um esforço coletivo para construir um mundo onde todas as pessoas, independentemente de seu status sorológico, sejam tratadas com dignidade e respeito.
A campanha Dezembro Vermelho, para além de conscientizar sobre o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, também é o momento de lembrar que, no mundo, 39 milhões de pessoas vivem com o HIV e que aproximadamente 630 mil pessoas perdem a vida todos os anos com mortes relacionadas à Aids. No Brasil, são mais de 1 milhão de pessoas que vivem com HIV e, destas, pelo menos 11 mil pessoas morrem todos os anos.
Este é um momento para renovar nosso compromisso com a pesquisa, com a educação e com a igualdade, buscando um futuro onde o HIV não seja mais uma ameaça à saúde global e que não seja usado para discriminar, dividir e estigmatizar as pessoas que vivem com o vírus. Que os próximos anos tragam avanços ainda mais significativos e que possamos caminhar rumo a um mundo livre do estigma do HIV.
Texto: Paulo César do Nascimento
Departamento de Atendimento à Saúde do Estudante - DEAS/PRAE
Referências: UNAIDS (2022) e Ministério da Saúde (2023)