Pesquisa
SIPOG e VITAE incrementam SIEPE com resultados da Pós-Graduação
Outra novidade na SIEPE deste ano foi o Seminário Integrado da Pós-Graduação (SIPOG), que teve como objetivo promover a integração, socialização e divulgação de pesquisas desenvolvidas pelos estudantes nos mestrados e doutorados da UNILA, fortalecendo o diálogo acadêmico, a interdisciplinaridade e a visibilidade da produção científica e tecnológica.
A mestranda do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos Latino-Americanos (PPGIELA) Bianca Victória Catani de Almeida foi uma das que apresentou seu trabalho durante o evento. Com o tema “Fronteira como método de leitura de trabalho, subjetividades, mobilidade e informalidade na Tríplice Fronteira entre Foz do Iguaçu, Puerto Iguazú e Ciudad del Este”, orientada pelo professor Giuliano Derrosso, ela pesquisa uma problemática bastante característica da fronteira: as relações de trabalho.
Segundo Bianca, o trabalho investiga “de que forma a fronteira produz uma subjetividade normativa, uma vez que a normatividade brasileira, a normatividade nacional, não seria mais o suficiente para atender ao dia a dia, ao cotidiano do sujeito fronteiriço, às práticas cotidianas da região de fronteira”. Ela explica que, na fronteira, há práticas sociais que são bastante específicas por conta das peculiaridades da região trinacional. “Aqui na região de fronteira a gente encontra possibilidades oferecidas de uma forma diferenciada, por conta dessa integração entre os três países”.
Como exemplos, ela cita pessoas que moram em Foz do Iguaçu mas que trabalham no comércio de Ciudad del Este (Paraguai), os chamados sacoleiros, os mototaxistas que fazem o trecho Brasil–Paraguai o tempo todo, os paraguaios que trabalham no comércio da Vila Portes, entre outros. “A gente encontra aqui todas as oportunidades de emprego que a gente não encontraria se a gente estivesse em São Paulo, por exemplo. Meu trabalho pretende mostrar esse recorte de que nem tudo que é ilegal é imoral, e nem tudo que é imoral é ilegal aqui na região da Tríplice Fronteira”.
Flávio Gomes Guerra Camacho, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Energia e Sustentabilidade da UNILA, apresentou o trabalho intitulado “Caixa de captura com um sistema de monitoramento participativo para monitorar a qualidade da água”. O trabalho dele é uma continuação do projeto já desenvolvido no Laboratório de Estudos Interdisciplinares do Meio Ambiente e de Alimentos (LEIMAA), que barateia e populariza o acesso a um equipamento de análise da qualidade da água.
De acordo com o doutorando, “a proposta é desenvolver um aparelho com o valor máximo de 50 reais, que faça o mesmo serviço que um laboratório profissional faria, para empoderar a população”. Segundo ele, com o aparato, as pessoas podem facilmente monitorar a qualidade da água de lagos, rios e riachos próximos à sua residência. “É uma forma de ciência cidadã”, aponta.

- Caixa de captura e software de monitoramento já estão operacionais; agora, projeto passa pela fase de abertura da tecnologia (Foto: LEIMAA)
O uso é muito simples: qualquer um pode captar a água, tirar uma foto e verificar no aplicativo se a água está própria para consumo. Todas as informações são compartilhadas por GPS, que alimenta um banco de dados público.
Os protótipos já estão em utilização, e o trabalho de Flávio está focado na abertura da tecnologia. “Nós desenvolvemos o modelo para ser impresso em 3D e disponibilizamos tudo gratuitamente para a população. O software, o aplicativo, a caixa e todo o conteúdo são disponibilizados para uso público”, reforça.
Além disso, a equipe do projeto está trabalhando na homologação dos contaminantes que podem ser detectados na água. “Estamos em processo de validar novas análises. Mas as contaminações por ferro, ortofosfato, nitrito e amônia, que são quatro contaminantes, já estão 100% homologadas. E agora estamos trabalhando no cloro, pois achamos interessante você pegar a água da tua torneira, medir, tirar uma foto e saber se está na quantidade adequada”, complementa.
Na avaliação da pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Laura Fortes, o evento foi muito bem-sucedido. “São aproximadamente 600 estudantes de pós-graduação, e tivemos 53 inscritos e 51 apresentações. Um número considerado muito bom pelo comitê avaliador externo do CNPq, levando em consideração que foi a primeira edição do evento”. Ela ressaltou, ainda, que “todos os Institutos estavam representados, os estudantes se envolveram bastante e foi uma oportunidade de compartilhamento das pesquisas em andamento, de fortalecimento da pós-graduação.”
Acesse a lista de todos os trabalhos apresentados
Vivências em Pesquisa dos TAEs
Pela primeira vez, a SIEPE contou, também, com um evento voltado, exclusivamente, à valorização dos projetos de pesquisa desenvolvidos pelos técnico-administrativos da UNILA. Realizada na quinta-feira (13), a edição inaugural do Vivências em Pesquisa dos TAEs (VITAE) teve a apresentação de 12 trabalhos de diversas áreas do conhecimento.
A bibliotecária-documentalista Suzana Mingorance explanou acerca do seu estudo “O acervo de Moema Viezzer na UNILA: fontes para a história do feminismo e da educação popular na América Latina”. “O acervo da Moema está, basicamente, na Biblioteca da UNILA, com livros, documentos e material tridimensional também. Com isso, eu pensei: ‘por que não usar esse acervo como fonte de pesquisa e também disseminá-lo para outras pessoas?’. Infelizmente, a Moema é até mais conhecida internacionalmente do que no próprio Brasil. E, então, se eu puder fazer alguma coisa para que, pelo menos na nossa Universidade, a gente conheça mais o trabalho dela e conheça mais esse material para que sejam desenvolvidas novas pesquisas, já vai ser muito importante”, salienta Suzana.
Quem também participou do VITAE foi a secretária executiva Eliane Delgado Rodrigues, que apresentou sua pesquisa “Benchmarking na gestão de programas universitários de extensão para pessoas idosas”. “O estudo trata das atividades de extensão voltadas a pessoas idosas, que as insere no contexto social, fazendo com que elas também ocupem os espaços das universidades. Assim, a pesquisa busca perceber como esses programas são administrados e quais as suas práticas no sentido de permanecerem ativos nas instituições”, explica.
Em relação ao evento, Eliane destaca a relevância dessa iniciativa da PRPPG. “Achei incrível porque grande parte dos TAEs da UNILA desenvolve pesquisa no mestrado e doutorado e até pesquisas independentes dentro dos seus setores, como vimos aqui no evento. E é muito importante trazer esse protagonismo para os TAEs”.
Na visão da pró-reitora Laura Fortes, “foi muito gratificante ver o envolvimento do nosso corpo técnico com a pesquisa. Isso fortalece muito o processo de desenvolvimento da pesquisa e da pós-graduação como um todo, inclusive porque muitas pesquisas estão relacionadas à própria UNILA. E a gente quer ver muito o fortalecimento do nosso corpo técnico, que é muito qualificado e, por vezes, não tão visibilizado”.
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Agenda Tríplice
A SIEPE também é o momento de apresentação dos resultados de pesquisas desenvolvidas por docentes da UNILA no âmbito do Programa Agenda Tríplice, voltado ao desenvolvimento do território fronteiriço. O Programa foi lançado em 2019 e, desde então, está integrado à Semana.
Neste ano, foram apresentados 19 trabalhos. “As pesquisas deste Programa são muito importantes porque são propostas a partir de demandas do nosso território, e os resultados vão ajudar a pensar as políticas públicas na nossa região. O Programa também ajuda a fortalecer o projeto UNILA a partir da nossa atuação, na relação com órgãos públicos, trazendo resultados diretos para a região e tendo o impacto social que a gente almeja”, disse Laura Fortes.
Veja mais fotos da SIEPE no Flickr da UNILA
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