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Extensionistas Giane Lessa e Ladislao Vasquez

publicado 12/09/2022 07h13, última modificação 13/11/2023 15h46
Nesta edição do “Minha História na Extensão” abordaremos a trajetória dos coordenadores da ação de Extensão MOBILAMG, Giane lessa e Ladislao Vasquez, o projeto oferece o curso de interpretação comunitária e a Prof. Giane começou também a fazer curso de interpretação forense falando como juristas e advogados de São Paulo que estão na vanguarda disso, estão sensibilizados e mobilizados com a causa.

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A ideia do presente projeto surgiu a partir de uma conversa sobre o que fazer para o aniversário da UNILA de 10 anos. Conversando com alunos de cidades pequenas e culturas tradicionais, foi proposto para a professora Giane Lessa que envolvesse oralidade e memória.

Venha conferir!

Giane Lessa e Ladislao Vasquez

Giane conta que desde que chegou na UNILA percebeu que, ao ministrar algumas disciplinas tais como “Oralidade Latino-Americana” - que esmiuça sobre como o processo de alfabetização chega nas Américas e de como não há uma cultura superior à outra -, os alunos começam a ter “insights” do motivo de sofrerem repressão em falar suas línguas tradicionais como o guarani, passando a ter uma visão mais positiva sobre sua cultura. Isso foi razão de inquietação para a professora. A ideia, inicialmente, era coletar as narrativas envolvendo os alunos, sua familía, casa, etc. Então o projeto convidou a Dra. Carmen Escalante Gutiérrez, pesquisadora peruana que foi a primeira doutoranda a defender sua tese em idioma quechua na Espanha. Conforme o projeto crescia, a docente conta que o projeto foi se organizando a partir de encontros para os estudantes compartilharem mitos e lendas, não cando limitado apenas a relatos pessoais de vida. O encontro também envolveu professores da Venezuela, pois, com o modo online, o projeto conseguiu alcançar mais pessoas.

Já o professor Ladislao Vasquez, que tem formação em Antropologia, conta que a UNILA é um espaço com diversidade de pessoas e culturas e questiona como poderiam evidenciar isso. A ideia era coletar as falas desses alunos que correspondiam às suas tradições. Este é seu primeiro projeto de extensão. Chegou em 2015 na UNILA e havia apenas participado de cursos de extensão, mas foi a primeira vez como coordenador. Giane, conta que teve experiência com a extensão na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em 2006. Confessa que tinha muito medo da extensão. Ela ministrou “Brasil e América Latina: Outros Olhares, Outros Saberes”, onde exibiu o documentário “Rocha que Voa” e “Intervalo Clandestino”. Ela, que também fez outro curso envolvendo a graduação em Cinema, voltado para “além de Hollywood”, chegou na UNILA em 2011 e começou a fazer extensão em 2021. Arma que, quando o estudante revê sua história na presença de outros, é um momento único em suas palavras. Ela vê os olhos desses alunos brilharem.

Também participa da Comissão dos Refugiados, que começou em 2019. A conversar com eles sobre como estavam se adaptando à língua, perguntou se havia uma poesia do país de algum autor que eles gostassem e percebeu como tinham a necessidade de contar sobre seu mundo e a realidade. Isso trouxe para tais alunos um sentimento de pertencimento e identificação.

Ladislao conta que o projeto começou com reuniões online e essas sessões envolviam certos estímulos aos alunos, onde um começava a contar uma história e depois uma história puxa outra. Conseguiram transcrever alguns relatos e tinham a ambição de fazer uma publicação impressa. Giane conta que a primeira bolsista fez a transcrição dos seminários. E na edição atual do projeto outra bolsista fez a decupagem dos relatos, a qual segue para fazer a edição de um livro. O projeto possui um relatório chamado “Diversidades e Cultura na UNILA”, o qual, de acordo com a docente, é bem “substancioso”. Seu conteúdo serviria como introdução ao livro. A professora também conta que outra ambição do projeto é fazer um site.

Um estudante já fez um desenho para a plataforma virtual e a ideia também é colocar os audios originais como podcasts com as falas dos estudantes, em que os próprios traduziriam seus relatos para o português ou espanhol. Isso daria às pessoas a percepção dessas vozes que um livro não abarcaria. Todos os seminários foram abertos ao público e envolveram pessoas de vários lugares, assistindo, trazendo pessoas do segmento da oralidade para falarem nesses eventos. Na rede social Facebook, a Professora conta que viu a propaganda de um documentário sobre um artista plástico do povo uitoto, da Amazônia peruana, cando admirada com a pintura. Ela entrou em contato com a cineasta que documentou o processo, a qual aceitou participar do seminário e assistir ao filme. No dia seguinte, conversaram com o artista. A professora, que está também no curso de Mediação Cultural, deseja trazê-lo para a UNILA para expor seus trabalhos. A bolsista do projeto, Lin, está desenvolvendo um trabalho de TCC em cima do projeto. O estudante Bernie Reyes Lopez, da Guatemala, que cursa Biotecnologia na UNILA, deu uma aula sobre a Matemática maia para o projeto. Já outro projeto é um curso de formação de intérpretes comunitários.

De acordo com Giane Lessa, o imigrante que chega no país não está habituado à língua e precisa de interpretação oral. Não há formações para esse meio aliado à interpretação forense. Então, a interpretação oferece uma autonomia linguística de acordo com a professora.

Tendo em vista essas necessidades e as características de Foz do Iguaçu, fundou-se um projeto com esses objetivos na UNILA o MOBILAMG. O projeto começou no ano passado a oferecer o curso de interpretação comunitária e a docente começou também a fazer curso de interpretação forense, falando com juristas e advogados de São Paulo que estão na vanguarda disso, sensibilizados e mobilizados com a causa.

Ela conta um caso de um haitiano que foi preso acusado de ter matado a esposa. Porém ele não falava português e nem francês. Um intérprete da USP foi chamado para o tribunal e, ao fazer a interpretação, perceberam que o homem era inocente, de acordo também com as pericias feitas. Isso mostra como essas pessoas estão vulneráveis em um país em que não dominam o idioma. A professora diz que está montando um banco de intérpretes com objetivo de fazer um levantamento e mapeamento desses intérpretes, que muitas das vezes são improvisados e envolve amigos que chegaram antes ao país ou as crianças que já dominam o idioma.

Pretende-se criar esse banco de intérpretes para serem acionados online. A professora conta que está organizando uma formação para servidores públicos. Ela dá um exemplo em que convidou um sobrevivente de Auschwitz com um professor especializado em Holocausto. Conta que, como há essa necessidade de contar a história em suas palavras “se eu não contar, eu não existo”.

MHE GIANE  MHE LADISLAO


Links relacionados ao projeto: Sigaa Extensão

 

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