Vida Universitária
Muita coisa mudou, mas é preciso fazer mais
Há menos de duas décadas, entrar na universidade pública brasileira era um privilégio. Os vestibulares eram temidos, com dezenas de candidatos por vaga. Muitos estudantes viajavam longas distâncias para fazer as provas.
O tempo correu e as coisas mudaram. Hoje, várias universidades, como a UNILA, adotam o Enem como método de seleção. Com isso, houve a ampliação no número de vagas, a descentralização dos locais de prova e o surgimento das políticas de cotas. As universidades públicas se tornaram mais acessíveis a estudantes periféricos e de minorias sociais.
Mas ainda há muitos desafios para ampliar o acesso ao ensino superior, pois a concorrência existe e as vagas são limitadas. Dados do Censo da Educação Superior de 2023 apontam que os índices de aprovação no ensino superior são de 59% para estudantes da rede privada, 58% para os de escolas federais e 44% para os de escolas técnicas. Apenas 21% dos estudantes da rede estadual conseguem ingressar diretamente no ensino superior.
Além disso, a necessidade de sobrevivência, a competitividade e a precarização do trabalho têm dificultado o acesso ao ensino superior como oportunidade de crescimento pessoal, intelectual e profissional para muitos jovens, fazendo com que muitos deles optem pelo ingresso direto ao mercado de trabalho ou por subempregos e trabalhos informais.
Métodos pedagógicos elitistas e a plataformização do ensino básico, que deposita na tecnologia e no controle toda a expectativa por resultados, também contribuem para esse quadro. No caso das federais, investir em infraestrutura é essencial para ampliar o acesso e garantir a permanência dos estudantes, oferecendo recursos para que eles concluam seus cursos e contribuam para o desenvolvimento do país.
Os dados do Censo também mostram que estudantes cotistas e do Prouni têm maiores índices de aprovação e conclusão do que a média geral. No entanto, é necessário avançar na universalização do acesso e na permanência, para consolidar universidades públicas populares, com políticas inclusivas e um olhar pedagógico diferenciado, para que não sejam eliminados pelo caminho aqueles que, desde sempre, foram excluídos.
*Este texto contou com a colaboração de Éder Cristiano de Souza, professor da UNILA.
Conteúdo publicado no Instagram e Facebook da UNILA.