Institucional
Cidades que protegem sua floresta urbana aumentam chances de futuro
As florestas, a vegetação e as nascentes são reconhecidas como parte da infraestrutura verde urbana por um motivo. Você sabe qual? São elas que contribuem para a melhoria da qualidade do ar, para a manutenção da biodiversidade e, principalmente, para a resiliência climática, tornando as cidades mais resistentes a fenômenos climáticos extremos, como o tornado que atingiu Rio Bonito do Iguaçu e a tempestade de granizo que cobriu Ponta Grossa, afetando municípios do Paraná em menos de um mês.
Áreas de preservação permanente estão cada vez mais em risco, principalmente no Paraná, um dos estados que mais devastou a Mata Atlântica. Frequentemente, a retirada de floresta urbana – vegetação que ocupa as cidades, presente em parques, praças e no entorno de rios – é impulsionada pelo poder econômico. Além disso, a transformação gradativa das zonas rurais em áreas de expansão urbana muitas vezes deixa de lado as áreas verdes e contribui para a disparidade social e a crise ambiental.
A intensificação das catástrofes ambientais não é acaso. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) tem alertado que regiões subtropicais da América do Sul, como o Sul do Brasil, tendem a apresentar chuvas mais intensas, tempestades severas, ciclones extratropicais mais frequentes e ondas de calor mais extremas. Neste cenário, cidades ambientalmente desprotegidas sofrem mais.
Conservar o que resta da Mata Atlântica e recuperar áreas degradadas não deveria ser exclusividade de uma agenda ambiental. A restauração florestal e a implementação de estratégias de arborização urbana são demandas urgentes para a realidade climática atual.
Investir em árvores, corredores ecológicos e recuperação de margens de rios custa menos e protege mais. Florestas urbanas e periurbanas melhoram a drenagem, reduzem enchentes, diminuem ilhas de calor, estabilizam encostas, favorecem a segurança hídrica e alimentar, diminuem a velocidade dos ventos extremos.
No Paraná, um estado marcado pela devastação, árvores não são obstáculos, são parte da engenharia que mantém a vida possível.
*Este texto contou com a colaboração de Ana Alice Eleutério (professora do curso de Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar) e Diana Molinas Bogado (bolsista-técnica pelo projeto NAPI Paraná Faz Ciência)
* Foto: SECOM/UNILA
