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Vida Universitária

Arandu é lembrar que por debaixo da beleza do concreto armado, existe o barro ancestral!

“Arandu” é eleito o nome para o novo campus da UNILA, mas qual o significado da palavra e da escolha?
publicado: 19/04/2024 10h58, última modificação: 19/04/2024 11h54

ARANDU é um termo guarani, e a língua guarani é uma língua aglutinante, e analisando-a encontramos dois conceitos: Ára “tempo, espaço, cosmos” e Andu “sentir e ouvir”, (na língua guarani não separaram o exercício de ouvir e o de sentir). Em resumo, Arandu nos diz: na busca da sabedoria precisamos saber ouvir e sentir o tempo.

Esta língua, que desde as “tierras bajas” na Bolívia passando pelo norte da Argentina e pelo Paraguai está presente em vários estados brasileiros, ainda pulsa nas vozes dessa comunidade. Mesmo sendo um dos primeiros povos que teve contato com a invasão europeia, ainda mantém a sua ARANDU. 

E é essa sabedoria que a permite ter uma convivência de respeito com todos os seres do meio ambiente (concretos e abstratos). A relação de todos os seres na natureza passa por essa premissa, para conhecer, primeiro devemos entender. E o processo de entender, na sabedoria originária, se dá pelo tempo e pela sensibilidade que colocamos ao ouvir.

O nome Arandu para o novo campus reflete que a escolha coletiva ouviu e sentiu mais de uma década de existência da UNILA e o aprofundamento da sua relação comunitária e epistêmica com a ancestralidade desta terra guarani, a cidade Foz do Iguaçu. Arandu também expressa a interculturalidade tão característica da Universidade e o plurilinguismo das fronteiras que a cercam. 

Arandu dialoga também com o emblemático projeto pensado por Oscar Niemeyer, arquiteto cuja inventividade marcou o séc. XX. Um entusiasta da integração latino-americana, em seu projeto do campus da UNILA, a arquitetura espaçada por passarelas entre os edifícios convida os transeuntes a contemplar as edificações e a relação das mesmas com o ambiente não construído. Da mesma forma, Arandu convida a sentir-ouvir aquilo que não está visível, a buscar pela sabedoria originária para a integração com outros saberes da América Latina e compartilhar as Arandu deste continente. E lembrar ainda que, debaixo da beleza do concreto armado do novo campus, temos o barro desta terra ancestral.

Texto: Mário Ramão Vilhalba (docente da UNILA) e Michele Dacas (relações públicas e secretária de comunicação da UNILA)

*Artigo publicado em menção ao dia 19 de abril, dia dos povos indígenas.

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