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Tekoha Guasu - Educação Patrimonial

publicado 28/05/2019 10h49, última modificação 03/06/2019 17h22
O Tekoha Guasu é um projeto de Educação Patrimonial que surgiu em 2014 através da extensão universitária e desde então realiza ações na comunidade externa.

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Atualmente, o projeto é desenvolvido a partir do Núcleo de Integração e Cultura do IMEA, constituindo uma ponte de relação dialógica entre a comunidade externa e a UNILA na área da memória e da preservação e valorização do patrimônio cultural.

CONTATO

extensao.tekohaguasu@unila.edu.br

 

 

1 - ACOLHIMENTO INDÍGENA

Encontro da Turma de Indígenas Ingressantes com o Reitor 

 

 Atividade de Educação Patrimonial na cidade

Como maneira de ampliar a representação da sociedade civil e consolidar os processos democráticos, diversos países da América Latina passaram a reconhecer direitos diferenciados aos povos indígenas na contemporaneidade. Os idiomas autóctones são muitas vezes vistos como línguas mortas, quando na verdade estão vivas em milhares de famílias indígenas residentes na América Latina. 

Nota-se que iniciativas no sentido de promover a educação indígena estão sendo concebidas, amparadas pela Carta Magna (art. 231). O direito a uma educação voltada para as especificidades dos povos autóctones vem ganhando força.

Nesta ação o Tekoha Guasu, o objetivo é realizar uma série de atividades de acompanhamento pedagógico e ambientação à vida acadêmica dos ingressantes Indígenas, visando sua integração à comunidade universitária e à cidade de Foz do Iguaçu de forma mais ampla. A proposta articula capacitação indígena na esfera prática do tripé universitário, Educação Patrimonial e Direitos Culturais, assim como acompanhamento pedagógico indígena, em parceria com a Comissão Permanente de Acesso e Permanência dos Povos Indígenas na UNILA (CPAPI).

Saiba mais:

  1. LOUVAIN, Pedro. Proteção e Valorização das Sociedades Indígenas na Legislação Brasileira Contemporânea: O Reflexo da Constituição de 1988 nas Constituições Estaduais Posteriores. Revista Digital do Instituto Latino-Americano de Arte, Cultura e História-Unila, Foz do Iguaçu, v. 1, p. 1-13, 2014. ISSN 2317-2738. Disponível em: https://revistas.unila.edu.br/sures/article/view/301
  2. UNILA recebe primeira turma de indígenas aldeados, refugiados e portadores de visto humanitário
  3. Acolhimento Estudantil

 

2 - CAMPANHA PELA PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA E VISITAÇÃO TURÍSTICA DAS RUÍNAS DE SANTA MARIA DO IGUAÇU (1626-1633)

O breve período de ocupação hispânica no atual território paranaense deixou suas marcas. Diversos sítios arqueológicos no estado fornecem informações para compreender melhor a complexidade das primeiras relações de contato entre os ibéricos e as populações indígenas no período colonial.

Duas cidades e quinze reduções jesuíticas constituíram basicamente o auge da expansão espanhola em terras paranaenses. Entre as reduções, uma possui certa singularidade: foi erguida na região trinacional, próximo às Cataratas do Iguaçu.

A Redução Jesuítica de Santa Maria do rio Iguaçu foi fundada em 1626, pelo padre Diego de Boroa com a participação majoritária de indígenas guaranis e durou aproximadamente sete anos, até ser abandonada em 1633, fugindo da expansão luso-brasileira dos bandeirantes paulistas.

Produzir conhecimento a respeito de tal empreitada histórica pode fornecer um acúmulo importante para a história cultural do oeste do Paraná e sua herança compartilhada transnacionalmente. A Pesquisa associada com a Extensão pode contribuir para a discussão sobre os remanescentes das ruínas existentes no Parque Nacional do Iguaçu através de uma perspectiva enquanto patrimônio cultural em diversas esferas justapostas.

Foram realizadas duas incursões arqueológicas ao Parque, em 1969 e 1999, e não foram encontradas as ruínas. Entretanto, novos levantamentos com novas tecnologias foram realizados e hoje há fortes indícios da exata localização do Sítio Arqueológico, porém tal informação ainda não está disponível ao grande público. A cada dia que passa, sem uma política pública de conservação, esse importante patrimônio cultural se deteriora.

Essa ação de extensão iniciada em 2019 possui dois Eixos:

1) Atividades de Educação Patrimonial: comunicar historicamente a sociedade um pouco da sua herança indígena e missioneira compartilhada transnacionalmente.

2) Coleta de um Abaixo Assinado: a ser entregue às autoridades competentes com dois pleitos, a Prospecção Arqueológica, conforme previsto na Lei nº 3.924, de 26 de julho de 1961, e a garantia da Visitação Pública Turístico Cultural.

Saiba mais: Arqueologia do Paraná

 

3 - CAMPANHA PELO TOMBAMENTO DO MARCO DAS TRÊS FRONTEIRAS

O patrimônio cultural constitui forte vetor na construção da identidade coletiva e na garantia de direitos sociais essenciais. No encontro das águas do Rio Iguaçu com o Rio Paraná, formando a tríplice fronteira, há 3 bens culturais internacionais que constituem uma herança comum dos países envolvidos.

Breve Histórico

Entre os bens culturais de maior relevância da cidade está o obelisco do Marco das Três Fronteiras, construído em 1903, para celebrar a resolução pacífica de um conflito territorial com a Argentina.

Nota-se que tanto no século XIX quanto no século XX, houve diversos conflitos militares entre países latino-americanos por razões territoriais. Para citar alguns exemplos, a Guerra do Pacífico, confrontando Chile às forças do Peru e Bolívia (1879-1883), a desastrosa Guerra do Paraguai (1864-1870), a Guerra do Contestado, entre Paraná e Santa Catarina, a Guerra do Chaco, entre Bolívia e Paraguai (1932-1935), e a Guerra de Cenepa, entre Peru e Equador (1995).

Milhares de nossos conterrâneos pereceram em tais conflitos, que poderiam ter sido evitados através de diálogos de paz. Porém, o litígio territorial que adentrou o século XX entre a República do Brasil e a República Argentina, que ficou conhecido como a Questão de Palmas, felizmente não suscitou em conflito armado e foi resolvido de forma pacífica.

Após demarcação por uma Comissão Binacional de cooperação Brasil-Argentina, que ergueu cerca de 300 obeliscos nos aproximadamente 20 km de fronteira seca entre os dois países, com distância média de 80 metros entre eles, de forma que ficassem intervisíveis, foi erguido um obelisco na margem brasileira e outro na margem argentina, no encontro do Rio Iguaçu com o Rio Paraná.

Tais obeliscos não foram construídos apenas para demarcar o território, pois os rios já o demarcam facilmente na região. Inaugurados simultaneamente no ano de 1903, os obeliscos brasileiro e argentino foram erguidos também para celebrar a paz e a resolução amistosa do litígio territorial.

O obelisco paraguaio viria mais tarde, em 1961, completando simbolicamente o conjunto da tríplice fronteira. Assim, o Marco das Três Fronteiras é um bem cultural que poderia vir a representar a resolução pacífica dos conflitos entre nossos povos. Entretanto, não há nenhuma proteção jurídica que garanta sua proteção e impeça sua descaracterização.

Objetivo

O objetivo desta ação do Tekoha Guasu é pleitear o tombamento municipal do obelisco do Marco das Três Fronteiras de acordo com a Lei Municipal nº 4470/16, que dispõe sobre a proteção do Patrimônio cultural, histórico, artístico e ambiental de Foz do Iguaçu, por entendermos sua importância para a memória social.

De acordo com o primeiro artigo da Lei Municipal nº 4470, de 5 de Agosto de 2016, constituem Patrimônio Cultural e Histórico de Foz do Iguaçu os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, relacionados à identidade, à memória, ao acervo de reminiscências e à atuação humana formadora da sociedade iguaçuense.

Dentro desse escopo de características, o obelisco brasileiro, dentro do conjunto dos Marcos das Três Fronteiras, pode ser facilmente percebido. A lei supramencionada determina ainda que o Município proceda ao tombamento, de forma total ou parcial, “dos bens imóveis, móveis e integrados existentes em seu território, de propriedade pública ou particular, que pelo seu valor cultural, histórico, artístico ou ambiental ficam sob a proteção do Poder Público Municipal.” (Lei Municipal nº 4470/16, art. 8º).

Por isso, de boa fé e em nome do interesse público, esta ação de extensão da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, solicitou à Fundação Cultural de Foz do Iguaçu, a abertura do processo de Tombamento do Marco das Três Fronteiras, para que seja apreciado pelo egrégio Conselho Municipal de Patrimônio Cultural sobre seu reconhecimento enquanto patrimônio cultural municipal e sua consequente inscrição no Livro de Tombo de Bens Imóveis.


Potencial como Patrimônio Cultural do Mercosul (PCM)

Se analisados em seu conjunto, os três marcos preenchem todos os requisitos do artigo 3º da Decisão nº 21/14, do Conselho do Mercado Comum, que estabelecem os critérios para declaração como patrimônio comum dos estados-membro, ou seja, como Patrimônio Cultural do Mercosul (PCM).

Saiba mais:

  1. “Marco das Três Fronteiras pode ser primeiro patrimônio cultural de Foz do Iguaçu a ser tombado” - Notícia veiculada pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) do Rio de Janeiro
  2. Entrevista para a Rádio RCI
  3. “Foz do Iguaçu estuda fazer tombamento do marco das 3 fronteiras” - Matéria veiculada na RIC TV 
  4. “Marco das Três Fronteiras pode ser primeiro patrimônio cultural tombado em Foz” - Matéria veiculada no site da Unila
  5. “Unila quer o tombamento do Marco das Três Fronteiras” - Matéria no Gdia 
  6. “Marco das Três Fronteiras pode ser primeiro patrimônio cultural de Foz a ser tombado” - Matéria Veiculada no Click Foz

 

4 - MUSEOLOGIA SOCIAL E PATRIMÔNIO CULTURAL ESCOLAR

O patrimônio cultural compartilhado é um dos vetores mais importantes na construção da identidade de um grupo social. Uma das formas mais eficazes de fortalecer a identidade de uma escola e o sentimento de pertencimento de sua comunidade é preservando os resquícios materiais e imateriais da sua trajetória histórica.

Caso essa preservação não seja realizada, toda a comunidade escolar sofre um dano intangível ao ver seu patrimônio cultural desprestigiado. O descaso com a memória escolar gera uma desmoralização da instituição que não reconhece e valoriza sua própria história.

Objetiva-se refletir sobre a necessidade de preservar e comunicar o patrimônio histórico escolar, uma tipologia ainda subvalorizada.

Esta pesquisa é oriunda das práticas pedagógicas e museológicas do projeto de Educação Patrimonial Tekoha Guasu realizado nos Colégios Estaduais Ayrton Senna da Silva e Bartolomeu Mitre, localizados na cidade de Foz do Iguaçu.

Saiba mais:

  1. LOUVAIN, Pedro, “MUSEU ESCOLAR E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL ESCOLAR ENQUANTO VETOR DO ENSINO DE HISTÓRIA E DA PROMOÇÃO DA CIDADANIA”. in Anais eletrônicos - XVI ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA – Tempos de transição – 1, ISSN 1808-9690

 

COLÉGIO ESTADUAL AYRTON SENNA

Através de uma série de encontros quinzenais, em um diálogo interdisciplinar com as matérias de História, Geografia, Português e Sociologia, envolvendo os professores das mencionadas disciplinas, o projeto realizou diversos debates em torno da noção de valoração, partindo do âmbito do indivíduo, desde a noção de "museu interno" até a ideia de patrimônio cultural enquanto parte da construção de diferentes narrativas sobre a memória coletiva.

Algumas poderosas ferramentas educativas utilizadas foram as aulas debate e as aulas externas, quando foram visitados locais de valor histórico-cultural no município de Foz do Iguaçu escolhidos coletivamente durante os encontros.

Outra metodologia lúdica de educação patrimonial é a realização de uma eleição/plebiscito simbólico e pedagógico entre os membros da escola sobre qual bem material de Foz deveria ser tombado pelas autoridades, e qual bem imaterial deveria ser registrado. Após oficinas de redação ministradas, foram colhidos os relatos dos estudantes sobre seus "bens culturais pessoais" e sobre o seu patrimônio cultural favorito na cidade e publicada uma cartilha.

Posteriormente os alunos participaram de oficinas de Conservação de Acervos Museológicos, quando foi iniciada a construção do Centro de Memória em parceria com a comunidade da instituição, envolvendo professores, alunos e pais. Nesta fase foram elencados coletivamente os objetos que seriam higienizados e que fariam parte da montagem da exposição. Ao final, os Centros de Memória foi inaugurado no aniversário da instituição.

 

Saiba mais:

  1. “Projeto resgata história de colégio estadual” – Paraná TV
  2. “Projeto de Extensão de Educação Patrimonial – UNILA” - Entrevista para a Rede Massa, afiliada do SBT. 
  3. “Extensão - Colégio Ayrton Senna inaugura, nesta sexta (10), museu criado a partir do projeto ‘Educação Patrimonial’” - Matéria no site da Unila
  4. “Projeto da Unila cria museu do Colégio Estadual Ayrton Senna” - Matéria no Click Foz

 

COLÉGIO ESTADUAL BARTOLOMEU MITRE

O Colégio Estadual Bartolomeu Mitre é um patrimônio de Foz do Iguaçu. Foi criado em 15 de novembro de 1927 e iniciou suas aulas no dia 15 de janeiro de 1928, ainda com o nome de Grupo Escolar Dr. Caetano Munhoz da Rocha, nome em homenagem ao antigo presidente do estado do Paraná e senador durante a República Velha. Somente na década de 1930 é que a escola ganhou o nome que a identifica até hoje.

Desde sua criação até 1952, a escola funcionava no prédio onde hoje está a Agência da Receita Estadual. A partir dessa data, as atividades foram transferidas para o prédio atual, na Rua Jorge Schimmelpfeng.

Alguns dos bens histórico-culturais mais comuns foram levantados pelo projeto e encontram-se descritos abaixo:

• Aparelhos elétricos: Videocassete, Monitor, Data show;
• Aparelhos mecânicos: Máquina de Datilografar, Mimeógrafos, relógios;
• Uniformes: Comuns, desportivos e de fanfarra;
• Instrumentos Musicais: de fanfarra entre outros;
• Desportivos: Troféus, medalhas e etc;
• Cozinha: utensílios de culinária, batedeiras e etc;
• Quadros e Fotos Antigas: Festas, feriados, reformas, etc;
• Suporte Papel: Livro de ponto, diplomas, notícias e etc;
• Outros: Sino, bandeira etc;

Saiba mais:

  1. Alunos do Mitre vão montar museu do colégio
  2. O primeiro colégio de Foz do Iguaçu recebeu a visita da Redação Móvel 

 

5 – PRÉ-VESTIBULAR COMUNITÁRIO TEKOHA GUASU 2018 (encerrado)

Após diversas experiências na Educação Básica, o projeto Tekoha Guasu, no ano de 2018, realizou um Curso Pré-Vestibular Comunitário no Jardim Universitário. O objetivo foi realizar a preparação da comunidade externa para fazer o ENEM junto com o debate sobre Educação Patrimonial e Direitos Culturais. Além disso, objetivou-se atuar como um colégio de aplicação, para que estudantes da Unila tenham a oportunidade de desenvolver suas habilidades didático-pedagógicas.

A ideia de realizar um Curso Preparatório no próprio espaço da UNILA está relacionada com a necessidade de ambientar os estudantes da comunidade externa com a universidade e a carreira universitária.

O curso chegou a contar com 11 professores voluntários e dois alunos bolsistas e atendeu cerca de 200 estudantes da comunidade externa, majoritariamente provenientes da rede pública de educação.

O projeto teve professores de diferentes disciplinas, todos eles alunos da graduação de diferentes cursos da UNILA.

Saiba mais:

  1. Curso preparatório para prova do Enem é realizado na Unila
  2. DUARTE, Anderson; LOUVAIN, Pedro; DE ALMEIDA, Luana. TEKOHA GUASU: Educação Patrimonial e Direitos Culturais. Revista Tekoha. Universidad Nacional de Misiones. Posadas, Vol. 1 - N° 7 - Año 4, 2018, ISSN 2451-778X 
  3. Relatório do Curso Pré-Vestibular Tekoha Guasu