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Nota de apoio ao primeiro quilombo urbano de Foz do Iguaçu

Diante da ameaça de reintegração de posse da área ocupada pela comunidade quilombola Horta do Seu Zé e da Dona Laíde, a UNILA manifesta seu apoio à defesa do território ancestral e à permanência das famílias quilombolas no local.
publicado: 07/10/2025 13h44, última modificação: 07/10/2025 17h31

A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) manifesta seu apoio à comunidade quilombola Horta do Seu Zé e da Dona Laíde, diante da ameaça de reintegração de posse da área ocupada pela família na bacia do Córrego Brasília, na Vila C, em Foz do Iguaçu.

O pedido de desapropriação do local por parte da Prefeitura Municipal representa um retrocesso à comunidade, que obteve reconhecimento como primeiro quilombo urbano de Foz do Iguaçu em novembro de 2024. O processo para certificação como comunidade quilombola, recebido pela Fundação Cultural Palmares, foi iniciado em 2018 e se deu a partir de pesquisas do projeto Escola Popular de Planejamento da Cidade, vinculado ao curso de Arquitetura da UNILA. O projeto produziu relatório técnico, acervo e estudos de histórias de vida, comprovando na Defensoria Pública do Estado do Paraná que as pessoas da área eram remanescentes do Quilombo Apepu, situado em São Miguel do Iguaçu.

A área ocupada na década de 1990 existe há 35 anos e é moradia da família Santos, que mantém vivas, através de gerações, as tradições culturais e simbólicas adquiridas no Apepu. Além de preservar a memória, a família atende escolas e moradores da região com o cultivo de hortaliças orgânicas e a criação de animais. O quilombo urbano também contribui para a preservação da natureza, em especial do Córrego Brasília, cujas águas chegam ao Canal da Piracema, situado dentro da Itaipu Binacional. Além disso, destaca-se que a Horta do Seu Zé e da Dona Laíde tem recebido, há anos, estudantes de vários cursos da UNILA, colaborando com a formação desses jovens.

A permanência da comunidade no local passa pelo direito coletivo de povos tradicionais, e qualquer medida de reintegração é também incompatível com a preservação ambiental e a valorização do patrimônio material e imaterial das comunidades afrodescendentes. Conforme o exposto, a UNILA soma-se à rede de apoio em defesa do território ancestral, da demarcação da área e da permanência das famílias quilombolas no local.