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SIEPE reuniu 181 projetos de iniciação científica e de desenvolvimento tecnológico

Com apresentações orais ou com uso de pôsteres, os estudantes mostram os resultados de pesquisas realizadas no último ano
publicado: 29/10/2019 15h15, última modificação: 29/10/2019 18h01

Apresentações de projetos de Iniciação Científica e Desenvolvimento Tecnológico

As apresentações orais e em pôsteres da Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão (SIEPE) coroam o trabalho de pesquisa desenvolvido por estudantes de iniciação científica da UNILA durante um ano inteiro. Os corredores e salas de aula concentram projetos de todas as áreas, numa mistura efervescente de conhecimento. Neste ano, 181 projetos foram selecionados para o 8º Encontro de Iniciação Científica e 4º Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, eventos integrantes da SIEPE e realizados nos dias 23 e 24 de outubro.

Para os jovens pesquisadores, os projetos desenvolvidos agregam conhecimento científico para a formação acadêmica, mas também permitem o crescimento pessoal, seja pelas tomadas de decisão, seja pelo convívio com diferentes grupos de pessoas.

Evelyn Natividade Luiz, aluna de Desenvolvimento Rural e Segurança AlimentarPara entender um pouco mais sobre mecanismos de participação da sociedade nas decisões de governo e estabelecimento de políticas públicas, a estudante do 4º ano de Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar Evelyn Natividade Luiz foi conhecer mais de perto o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de Foz do Iguaçu, um dos 57 conselhos municipais da cidade. “Constatei que a participação da sociedade se faz presente apenas com a participação de entidades representativas”, diz.

Para ela, fazer a pesquisa foi importante para entender como cada um de nós também pode participar das decisões de governo. “A gente tem de entrosar mais a questão do público e de entidades governamentais; e vemos que também podemos ter acesso a nossos direitos, buscar outros conselhos para participar, dialogar, tentar buscar algo que seja bom para todos.”

Câmbio

Como moradora atenta da fronteira, Micaelli Teodoro Ferreira usou a matemática para entender a lógica de câmbio das moedas brasileira e argentina e as motivações de compra dos moradores dos dois países. “Estudei os fluxos de compra, que produtos são procurados, por que são procurados, o nível de economia, quanto as pessoas conhecem do câmbio no dia a dia. Foi interessante, estou provando coisas que eu sei e encontrando outras também”, comenta.

Entre o que a comunidade imagina e que a pesquisa confirma está o fato de os argentinos atravessarem a fronteira para comprar produtos do cotidiano e aproveitarem o lazer que Foz do Iguaçu oferece. “Os produtos ficam até um quarto do preço na Argentina. Fica mais barato, mesmo com o câmbio desfavorável. Por mais que a moeda esteja desfavorável, a inflação do produto está mais alta”, constata. E os brasileiros vão a Puerto Iguazú em busca de produtos muito específicos como camarão, alfajor, azeite e vinho, que ficam mais baratos ou não são encontrados no lado de cá da fronteira.

No processo da pesquisa, Micaelli teve de buscar fontes, verificar dados e fazer uma pesquisa de campo, que não é muito comum no curso de Matemática, como ela mesma conta. Para ela, a pesquisa colaborou muito na sua formação como estudante. “[Contribuiu muito para a] independência, saber que decisões tomar, saber se virar, saber pesquisar. Não preciso sair daqui e ser professora. Posso seguir na carreira acadêmica. A pesquisa te dá essa curiosidade, esse clique.”

Energia e saúde

Júlio César de Melo, aluno do 4º ano de Engenharia Química, estudou, por dois anos, como otimizar a produção de hidrogênio. “É uma energia limpa. O hidrogênio quando queima só forma água, não forma gás de combustão. A gente está querendo otimizar a produção buscando eletrodos para melhorar a eletrólise. A argila reveste o eletrodo, e verificamos que aumenta a eficiência”, explica. Para ele, integrar um projeto de pesquisa leva ao crescimento pessoal. “A gente consegue se desenvolver como pesquisador e despertar a curiosidade dentro da gente”, diz.

Carlos de Jesus Ayala, aluno de MedicinaO uso da Cannabis sativa vem ganhando espaço na pesquisa científica desenvolvida tanto no Brasil como em outros países. Carlos de Jesus Ayala, aluno do 6º ano de Medicina, constatou que, em Foz do Iguaçu e na região da fronteira, muitas pessoas utilizam a cannabis como medicamento tópico. Esse medicamento consiste basicamente em colocar folhas da planta em álcool. A pesquisa é inédita. “Na América Latina não tem pesquisa sobre o uso popular, tópico [da cannabis], para o tratamento de dores”, explica. Foram entrevistadas 129 pessoas. Deste total, 70% utilizam o preparado – álcool mais planta – como analgésico ou anti-inflamatório e 34% disseram que, desde que começaram a usar o preparado, não usaram mais nenhum outro tipo de medicamento.

Entre os dados que mais chamaram a atenção do estudante está o que mostra que o uso do medicamento popular ganhou escala na última década. “A gente pensava que o uso havia iniciado há muito tempo, mas a gente percebeu que foi na última década que esse conhecimento se expandiu”, avalia Carlos. Segundo a pesquisa, apenas 10% dos que entrevistados já conheciam o preparado há mais de 20 anos. A maioria disse conhecer o tema há menos de 10 anos. A pesquisa também mostrou que a prática é transmitida por familiares e amigos – quase 80% da mostra apontou para esses dois grupos.

Carlos contou que foi o interesse pelos estudos sobre dor que o levou a desenvolver e estudar o uso medicinal da cannabis e que espera que “as pessoas possam abrir suas mentes para isso”. 

Confira mais fotos da SIEPE na página da UNILA no Flickr