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Pesquisador explica como funcionam as vacinas de RNA mensageiro

No primeiro vídeo da campanha #TodospelasVacinas, o docente Kelvinson Viana fala sobre os mitos e as verdades dessa nova tecnologia de produção de imunizantes
publicado: 10/02/2021 14h40, última modificação: 10/02/2021 15h59

Mesmo antes das campanhas de vacinação contra a Covid-19 terem início, várias informações falsas já circulavam pelas redes colocando em dúvida a eficácia dos imunizantes. Algumas dessas mensagens diziam que um tipo específico de vacina – as de RNA mensageiro, produzidas pelas empresas Pfizer e Moderna – teria a capacidade de causar alterações no material genético humano. Porém, segundo o docente do curso de Biotecnologia Kelvinson Viana, essa crença não tem nenhum embasamento científico. Viana, que é pesquisador em Bioengenharia para o desenvolvimento de vacinas, participou do primeiro vídeo da campanha #TodospelasVacinas, que reúne mais de 15 instituições ligadas à ciência no Paraná, incluindo a UNILA.

As vacinas de RNA mensageiro, ainda não disponíveis no Brasil, carregam uma parte do material genético do vírus Sars-CoV-2, o causador da Covid-19. De acordo com o professor, esse pedaço é suficiente para desencadear uma reação no sistema imunológico, criando uma defesa no organismo. “Quando injetado, o RNA do vírus vai entrar nas nossas células e, a partir das nossas próprias estruturas celulares, é gerada uma proteína específica do novo coronavírus. Essa proteína vai estimular o nosso sistema imunológico para que a gente produza todas as defesas contra a infecção. É dessa forma que as vacinas de RNA mensageiro atuam”, explicou.

E como a população pode ter certeza que essas vacinas são seguras? Kelvinson Viana lembra que todas as vacinas licenciadas no mundo passam por rigorosas fases de testes. Primeiro, os imunizantes são testados em animais de laboratório. Somente depois que a vacina se mostrar segura e estimular resposta imunológica em animais, ela é aprovada para testes em humanos. “Em humanos, os estudos começam com a fase 1, em que se analisa a segurança dessa vacina em um grupo pequeno de pessoas. Se ela passar no teste de segurança, ela vai para a fase 2, que é um teste também de segurança, mas com um grupo maior de pessoas, geralmente entre 800 e mil indivíduos. E, a partir daí, se os voluntários não apresentarem nenhum efeito colateral mais grave, ela é aprovada para ir para a fase 3, que é um teste em larga escala, em diferentes países, com populações divergentes, para verificar, além da segurança, a eficácia vacinal”, salienta.

O professor reforça que nenhuma das vacinas disponíveis ultrapassou essas etapas de teste. E ainda vão continuar sendo analisadas na chamada fase 4, que é quando se estuda, ao longo de anos após a imunização, qual o efeito de proteção a longo prazo. “As vacinas contra a Covid-19 conseguiram ser licenciadas em tempo recorde, mas isso só foi possível por causa de injeção de recurso financeiro em pesquisa, além da base tecnológica que já existia para a produção e desenvolvimento dos imunizantes”, disse Kelvinson Viana.