Institucional
Projetos de iniciação científica, extensão e atividades formativas fortalecem a presença da UNILA na região
Está chegando ao fim a quinta edição da Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UNILA, que, neste ano, teve como tema “Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável”. O evento atraiu estudantes da própria instituição e da região para discutir projetos e ações que a Universidade tem desenvolvido nos últimos anos na pesquisa, com a iniciação científica, nas ações de extensão desenvolvidas na comunidade e também nas atividades formativas que contribuem para o enriquecimento do ensino.
Durante a semana, foram desenvolvidas sessões púbicas com uma variedade de projetos, contemplando diferentes áreas do conhecimento. Aqui, pode ser visto um pouco de cada um dos eventos que compuseram a programação de mais uma edição da SIEPE, que vem se consolidando como o maior evento científico da UNILA, desenvolvido junto com a tradicional Mostra de Cursos, que atrai estudantes da região.
Atividades Formativas
O Seminário de Atividades Formativas (SAFOR), voltado ao compartilhamento de experiências relacionadas aos programas de ensino, contou com a apresentação de mais de cem discentes, que relataram suas atividades em ações de monitoria e de tutoria.
Catalina Ignacia Robles Dominguez, estudante de Serviço Social, falou sobre sua atuação na monitoria voltada à inclusão de alunos com algum tipo de deficiência e como esta atividade tem contribuído para sua vida universitária. Na UNILA desde 2020, a estudante chilena conta que ingressou na monitoria em 2023 e desde então trabalha tanto na adequação textual de materiais didáticos para discentes com deficiência visual, como em ações que visem à mobilidade de seus colegas. Por isso, acompanha os acadêmicos em suas atividades curriculares, nas aulas e nos projetos de extensão e de pesquisa. “Tem sido um trabalho muito significativo, porque há uma conscientização das barreiras que existem na sociedade, que os estudantes enfrentam no dia a dia, e nós também podemos contribuir para viabilizar o direito deles à educação de modo amplo, democrático. Somos um pilar fundamental para que eles permaneçam na universidade”, avalia.
Ações de monitoria também foram apresentadas pelos acadêmicos Hamilton de Almeida Vasques e Dikenson Louis. O primeiro, do povo Tikuna, relatou em sua língua original, traduzida por uma colega, sua experiência voltada a auxiliar seus companheiros. Segundo Vasques, seu engajamento partiu da sua própria dificuldade, vivenciada quando ingressou na Universidade. Por meio de rodas de conversa e oficinas de língua Tikuna, entre outros, ele busca fazer com que os integrantes de seu povo possam conhecer mais a cultura não indígena e os não indígenas possam conhecer a deles. A meta “é mostrar que há uma aldeia na Universidade” e propiciar a permanência dos tikunas na UNILA.
A meta é mostrar que há uma aldeia na Universidade e propiciar a permanência dos tikunas na UNILA (Hamilton de Almeida Vasques)
Haitiano, Dikenson Louis apresentou dois relatos: primeiro, sobre a tutoria em que atua, também voltada para diminuir as barreiras linguísticas e tecnológicas vividas por estudantes indígenas. “Muitos não estão acostumados com a tecnologia e com as ferramentas da Universidade, como o e-mail e o sistema SIGAA”, explica. Sua missão é facilitar este acesso. O segundo relato, de monitoria, abordou sua ação no Programa de Educação Tutorial (PET), chamado “Literatura e cultura como espaços da integração da universidade no projeto latino-americano”, em que é bolsista, voltado à permanência dos estudantes haitianos na Universidade. Assim como Vasques, Louis baseou-se na própria experiência para se engajar nas ações.
Extensão
Camilo Morales, estudante do curso de Música, é bolsista do projeto de extensão “Orquestra Experimental de Música Caribeña”, uma das mais de 150 ações apresentadas durante o 10º Seminário de Extensão da UNILA (SEUNI). O discente explica que o projeto começou em abril de 2023 e tem como objetivo pesquisar e praticar diferentes repertórios de países caribenhos, promovendo, também, atividades de integração com a comunidade acadêmica e externa. “Nossa orquestra, formada por estudantes e professores da UNILA, se reúne semanalmente para realizar os ensaios. Já fizemos algumas apresentações, como, por exemplo, no evento de recepção dos calouros. Além disso, ofertamos oficinas a toda a comunidade”, destaca Morales. “Sou colombiano e me sinto muito identificado com essas músicas. No projeto, encontrei um lugar onde eu pude integrar-me, e senti que, sim, havia um espaço para mim”, enfatiza.
Já o projeto “Ações de conscientização sobre consumo de plástico” foi apresentado pela bolsista Kauana Weirich, acadêmica do curso de Química. “No início, realizamos várias análises com a utilização do EPS [sigla para poliestireno expandido e popularmente conhecido como isopor]. Assim, começamos a trabalhar com a reciclagem química do EPS pós-consumo, fazendo a solubilização desse material em limoneno, que é encontrado na casca da laranja. Após diversos testes, conseguimos produzir um ecoverniz. Aplicamos o produto em várias superfícies e ele aderiu muito bem, mas focamos mais na aplicação em madeira como impermeabilizante”, ressalta a estudante. A ideia, agora, é que a comunidade possa utilizar esse material, gerando um maior índice de reciclagem do poliestireno. “E, para isso, já realizamos alguns minicursos, em São Miguel do Iguaçu, de produção e aplicação do ecoverniz, que tem um baixo custo para ser produzido e um rendimento muito bom”, finaliza.
Selecionamos os aplicativos que poderíamos usar para criar os jogos digitais e iremos usá-los nas escolas municipais de Foz do Iguaçu (Matheus Carriel)
Discente de Engenharia de Materiais, Matheus Carriel também apresentou durante o SEUNI o projeto do qual é bolsista. Ele conta que as atividades da ação de extensão, que tem como título “Criação de jogos digitais pedagógicos”, foram divididas em três partes. “Primeiro, realizamos uma pesquisa e selecionamos os aplicativos que poderíamos usar para criar os jogos digitais. Na segunda etapa, a parte experimental, pegamos os aplicativos selecionados e fizemos testes de forma remota. E, na última parte, iremos usar os jogos nas escolas municipais de Foz do Iguaçu”, explica Carriel. “Basicamente, a parte final do projeto é aplicar, na prática, com os alunos, tudo que desenvolvemos até aqui. Inclusive a coordenação do projeto já está em contato com as professoras do laboratório de informática da Escola Parigot de Souza para iniciar a utilização dos jogos com os alunos da instituição”, afirma.
Iniciação Científica e Desenvolvimento Tecnológico e Inovação
Representando a área de pesquisa, o 12o Encontro Anual de Iniciação Científica e o 8o Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação apresentaram cerca de 150 trabalhos em diversas áreas.
Na comunidade Sagrada Família desenvolvemos o nosso trabalho de educação para a escrita no processo de alfabetização (Bruna Vicentes Santos)
O projeto de Bruna Vicente Santos, do curso de Letras - Espanhol e Português como Línguas Estrangeiras, resultou de uma reflexão sobre os baixos níveis de proficiência em leitura e escrita no Brasil e também no Paraná. E para isso ela buscou principalmente aqueles que encontram dificuldades específicas de aprendizado e, mais especificamente, aos que estão excluídos do sistema educacional regular. “No nosso caso trabalhamos com sujeitos em reabilitação que estão no processo prisional que apresentarem riscos para a comunidade. Eles são levados para a escola na comunidade Sagrada Família e lá desenvolvemos o nosso trabalho de educação para a escrita no processo de alfabetização”. Como resultado da metologia aplicada do Sistema Sciliar de Alfabetização, ela conta que em três meses os participantes da pesquisa já estavam lendo e escrevendo: “Ao final da oficina, um dos participantes produziu um texto de autorretrato em que declara amor e saudade da sua filha de 13 anos”, relata.
As fronteiras do Mercosul foram o tema de pesquisa da estudante do curso de Relações Internacionais e Integração, Maria Vitória Santos, cuja análise tratou da cooperação internacional desenvolvida pelas governanças regionais nas cidades gêmeas da região. Ela ressalta que o propósito da pesquisa foi inventariar as ações e políticas ambientais realizadas a partir da paradiplomacia [a participação de entes subnacionais nas relações internacionais]. “Nessa pesquisa trabalhamos com estudo de caso atentando para a importância de que se analise os atores e as ações que eles estão desempenhando para a política ambiental e preservação dos ecossistemas que ultrapassam fronteiras. E mapeamos as ações de cooperação e fomento à conservação desenvolvidas pela Itaipu Binacional e do Parque Nacional do Iguaçu como um ator das políticas de conservação da Mata Atlântica”.
Na apresentação do projeto Mapas dos Migrantes de Foz do Iguaçu, o estudante Leyriel Zurita Gonzalez afirmou que a cartografia permite analisar e interpretar os dados de todas as pessoas que chegam na cidade e que contribui, no futuro, para o desenvolvimento de políticas sociais. Ele conta que o primeiro passo da pesquisa foi comunicar-se com a Polícia Federal de Foz do Iguaçu e alinhar que tipo de dados a instituição poderia contribuir com a pesquisa. Dessa forma, analisaram o motivo que fez essas pessoas migraram: se foi em função de estudos, questões familiares e outros influenciaram na decisão de quase 20 mil pessoas registradas. “Identificamos a entrada na cidade de imigrantes de 99 nacionalidades, a maioria deles vindo do próprio continente americano e, destes, o maior número representa pessoas que migraram do Paraguai, seguido de Venezuela, Argentina, Colômbia e outros”, exemplifica.