Você está aqui: Página Inicial > Notícias > UNILA celebra 15 anos com homenagens, música e reflexões sobre sua trajetória
conteúdo

Institucional

UNILA celebra 15 anos com homenagens, música e reflexões sobre sua trajetória

Com mesa-redonda, inauguração de auditório, abertura de exposição e exibição de documentário, “Memória UNILA” deu ênfase ao papel inovador da Universidade
publicado: 08/05/2025 13h38, última modificação: 08/05/2025 13h38

Mesa-redonda com ex-coordenadores da Editora Universitária; nomeação do auditório do Campus Integração; inauguração de instalação de cerâmicas; abertura de mostra fotográfica; apresentação oficial da “Canção da UNILA” e exibição de um filme com depoimentos de discentes. Demonstração do caráter diverso da instituição, estas atividades integraram a programação do “Memória UNILA”, evento comemorativo aos 15 anos da Universidade Federal da Integração Latino-Americana e que reuniu servidores, estudantes e comunidade externa na quinta-feira (24). Voltada à celebração da história da Universidade e ao fortalecimento de seu projeto, a programação reafirmou o caráter de política pública da instituição.

A programação se iniciou com a mesa-redonda “Memória e desafios da publicação na EDUNILA”, com seis dos sete coordenadores da Editora Universitária: Analía Chernavsky (2014-2017); Andrea Ciacchi (2017-2018); Mario Torres (2018-2021); Antônio Guizzo (2021-2023); Andréia Moassab (2023-2024) e Julio Moreira (em exercício). No encontro, foram relembrados os processos e ações que concorreram para o desenvolvimento da unidade – desde recursos humanos, como a criação de vagas em concurso para contratação dos profissionais técnico-administrativos, até a aquisição de equipamentos. “Nos primeiros momentos, não tínhamos equipe. Foram chegando as pessoas: o editor, o programador visual e a revisora. Nós solicitávamos também materiais, pois não havia computadores adequados”, relembra Analía Chernavsky.

Criada em 2014, a EDUNILA foi construída gradativamente, à proporção em que eram desenvolvidas ações e criados instrumentos de gestão. Como destaca a ex-coordenadora, à época um dos processos adotados foi a criação de estatutos e manuais, fruto de pesquisa do corpo técnico em editoras universitárias consolidadas. No período, foram ainda feitas visitas técnicas a algumas destas instituições. A isso, somam-se ações como a filiação à Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU), por exemplo. “O corpo técnico ajudou a produzir os textos, as primeiras normas de publicação, o ‘Como publicar’ mesmo”, explica.

Com apenas 11 anos de existência, a EDUNILA possui um catálogo com 55 títulos, três deles reconhecidos no Prêmio ABEU. “Acreditamos ser uma referência nas temáticas próprias da UNILA, que passam pelo decolonial, pela identidade latino-americana, mas mais ainda por uma identidade crítica, pela integração, pela região de fronteira, pela nossa inserção no território”, comemora o atual coordenador da editora, Julio Moreira.

Memória

Segunda atividade do evento, o ato de nomeação do auditório do CI encerrou um processo iniciado com a escolha da primeira personalidade latino-americana e caribenha a ser homenageada por ter um espaço da Universidade com seu nome. A escolhida, Lélia Gonzalez, recebeu 31,1% dos votos, entre personalidades como Frida Kahlo, Maria da Conceição Tavares e José Martí. “Hoje estamos aqui para celebrar e também para nomear, pois nomear é importante, nomear é um ato político”, resumiu, em seu discurso, a reitora Diana Araujo Pereira, que ressaltou a importância da memória institucional para o fortalecimento da identidade e dos princípios da UNILA.

Antropóloga, Lélia Gonzalez é referência nos estudos e debates sobre gênero, raça e classe não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Nascida em Belo Horizonte em 1935, desenvolveu conceitos como “Améfrica” e “amefricanidade”, que englobam a influência africana para a formação da identidade cultural da América Latina e o questionamento a respeito da hegemonia eurocêntrica na construção do pensamento social. “Na minha opinião, o conceito de Amefricanidade tem uma grande importância para nós, enquanto comunidade unileira”, analisou a coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Latino-Americanos (NEALA), Angela Maria de Souza.

Ao lembrar do legado da intelectual, a docente destacou que o conceito fala dos propósitos, dos sonhos e das utopias comuns na caminhada de todos enquanto Universidade Federal da Integração Latino-Americana. “Esse é um conceito fundamental para pensarmos enquanto Universidade, mas também para realizarmos uma autocrítica”, pondera ela. Entre as questões a serem pensadas, segundo Angela, está o fato de as mulheres negras serem, segundo o IBGE, 28% da população brasileira, mas inversamente ser o menor grupo docente das universidades. “E eu estou trazendo esses dados exatamente porque expõem uma exclusão, expõem questões que estão na fala de Lélia Gonzalez. Mas também expõem qual espaço acadêmico nós temos e, o mais importante, que espaços acadêmicos queremos construir”, provocou.

 Origens

Para a reitora, Diana Araujo Pereira, o olhar para o passado, propiciado pelo “Memória UNILA”, também pode ser considerado como um primeiro passo para desafios futuros. Como contextualizou, só é possível construir o futuro se for possível saber em que momento se está, quais são as condições e o contexto atuais. “Por isso, o olhar para trás é para entender melhor o momento atual e com isso ter forças, ter garra, ter condições de andar em passos mais firmes”, disse. “É muito importante a gente pensar na memória, olhar, refletir, fazer a crítica e se preparar para seguir em frente”, ponderou.

Além da nomeação do auditório, localizado no prédio administrativo do CI, o evento "Memória UNILA" ainda recebeu a instalação de cerâmicas “DesAtoDosNós”, composta por mais de trinta peças remanescentes de duzentas produzidas em oficina ministrada pela artista Maria Cheung com os primeiros discentes da UNILA.

Produzidas nesta oficina, oferecida em maio de 2011, as peças são um registro tangível de um dos momentos fundacionais da UNILA, e foram reunidas pelo produtor cultural Luciano Dutra Miguel, que, segundo ele mesmo, executou um trabalho de “arqueologia” na busca dos trabalhos, encontrados em diversos setores da Universidade.

Processo artístico colaborativo semelhante também ocorreu neste ano, com a criação do painel Luís Carlos Prestes, executado conjuntamente por discentes da UNILA e membros da comunidade externa, com orientação do mosaicista Javier Guerrero.

O mural é dividido em três partes: um primeiro corpo retrata o céu, o rio e as montanhas; um segundo apresenta figuras humanas — entre elas, o próprio Prestes —, e um terceiro representa sombras, vegetação e pedras. A escolha da Coluna Prestes como tema conecta o projeto aos 100 anos do movimento, que passou por Foz do Iguaçu e é foco também de uma extensa programação promovida pela Universidade até maio.

 Olhar

O evento cultural em comemoração aos 15 anos da UNILA contou ainda com a abertura da mostra “Retratos Interculturales”, com 52 fotografias de discentes e egressos da UNILA. Idealizada pelo publicitário Rodrigo Remedios, autor dos registros, e executada em conjunto com grupo de servidores da Secretaria de Comunicação Social (SECOM), a exposição, instalada no bloco de aulas do CI, permanecerá aberta à visitação até o dia 25 de maio e também conta com uma versão digital disponibilizada no Museu Digital UNILA (MUD).

Diante desse contexto, em que são exaltadas figuras como Lélia Gonzalez e Luís Carlos Prestes, além de relembrada a própria história da UNILA, Diana Araujo analisa que a Universidade segue o caminho certo. “Eu vejo que nós estamos de fato conseguindo construir as referências que precisam nos alimentar para a gente ter forças para continuar”, pontuou.

Como destacou, a UNILA “não veio para ser mais uma universidade que simplesmente repete os currículos, repete o conhecimento”: “A gente veio para inovar. A UNILA é um projeto inovador e a gente precisa também mobilizar as nossas referências, criar nossos símbolos, criar novas narrativas, para termos condições de realmente ser uma Universidade que é uma política pública para a integração regional”.

 Canção

 A programação foi encerrada pela primeira apresentação ao vivo da Canção Oficial da UNILA, de autoria de Marina Araldi, Aura Alejandra Espitia Saavedra e Gabriel Sampaio Souza Lima, e pela exibição do curta-metragem “Vozes unileiras, um encontro”, produzido pela professora de Cinema e Audiovisual Virginia Flores, em colaboração com membros da comunidade acadêmica.