Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Terra já vive a sexta extinção em massa e, desta vez, os dinos somos nós
conteúdo

Pesquisa

Terra já vive a sexta extinção em massa e, desta vez, os dinos somos nós

Dinossauros foram extintos há 66 milhões de anos, em evento provocado por mudanças climáticas globais
publicado: 16/03/2022 14h16, última modificação: 13/07/2023 16h31
Exibir carrossel de imagens Herrerasaurus - ilustração de Eva K - via commons.wikimedia.org

Herrerasaurus - ilustração de Eva K - via commons.wikimedia.org

“A gente tem elementos suficientes para caracterizar o atual momento como uma extinção em massa. Assim como as outras [cinco extinções em massa], há eventos de mudanças climáticas globais muito abruptas num intervalo relativamente curto de tempo. A diferença é que nesta atual o principal causador seriam as emissões de carbono e outras transformações ambientais causadas pelo homem”, afirma o biólogo e docente da UNILA, Hermes Schmitz, que também coordena o projeto de extensão Clube da Evolução. Para ele, além de causador, o ser humano também pode ser a principal vítima da sexta extinção em massa do planeta. “O que a gente aprende com as extinções em massa é que animais grandes, que demandam muitos recursos, são muito vulneráveis. Como foram os dinossauros. E como somos nós. Talvez a diferença [com as demais extinções] seja a nossa própria extinção.”

Na série ¿Qué Pasa?, Schmitz fala sobre a extinção dos dinossauros, as mais recentes pesquisas sobre esses gigantes que dominaram a Terra, sua representação no cinema e sobre as espécies que habitaram a América Latina:

Schmitz explica que extinção em massa são “episódios extraordinários”, onde há uma taxa elevada de extinção de espécies, em todo o planeta, e em um intervalo de tempo relativamente curto do ponto de vista geológico, o que pode chegar a milhares de anos. As cinco extinções em massa estabelecidas pela ciência foram causadas por fenômenos naturais que desencadearam mudanças climáticas. Cenário diferente do que se observa atualmente. “Hoje, o que nós estamos fazendo é emitir uma grande quantidade de carbono [um dos gases do efeito estufa] na atmosfera. Isso leva a mudanças climáticas globais muito rápidas em que formas de vida não têm como se adaptar. Concomitantemente a isso, temos alterações do uso do ambiente, desmatamento, mudanças da paisagem muito rápidas. Já temos um certo consenso de que as taxas de extinção atuais, pelo menos nas últimas décadas, já são muito superiores do que taxas normais e já atingem plantas, animais vertebrados e invertebrados, ecossistemas terrestres e aquáticos e o mundo inteiro.”

O fim dos dinos

estauricossauro - ilustração de Nobu Tamura via commons.wikimedia.org

A extinção dos dinossauros – e com eles, da maior parte da vida na Terra – há 66 milhões de anos, ao contrário do que ocorre hoje, teve causas naturais. “É claro que a queda do meteoro causou uma grande destruição na área de impacto, mas nem tudo foi extinto por isso. Na verdade, a queda do meteoro desencadeou uma crise climática global”, explica o pesquisador. A Terra foi encoberta pela poeira provocada pelo impacto do meteoro, gerando uma cadeia de eventos, como o resfriamento intenso do planeta. “É o que a gente chama de inverno de impacto”, explica o docente. “Provavelmente, os dinossauros e todos os outros da sua época morreram de frio, de fome, no escuro. Um cenário desolador.”

A história dos dinossauros é contada por meio dos fósseis que são encontrados em diferentes partes do mundo. “É um dado impressionante, no século 21 foram descobertos mais fósseis de dinossauros do que em todo o resto da história”, enfatiza o pesquisador. Esses novos fósseis permitiram saber, entre outros dados, que dinossauros tinham  penas. “Temos fósseis com penas [impressas]. Isso traz evidências contundentes de que, pelo menos, grande parte dos dinossauros tinham o corpo coberto de penas.” 

Schmitz é enfático ao responder negativamente sobre a possibilidade de recriação de dinossauros a partir de DNA. “Temos um grande avanço da biologia molecular, da genética, inclusive da obtenção de DNA fóssil em alguns casos. Os dinossauros são muito antigos para terem preservados DNA de qualidade. Não há como recuperar”, explica. Existem animais e plantas que viveram mais recentemente e que têm o DNA já sequenciado, como os mamutes. “É uma escala de tempo muito diferente da dos dinossauros. Estou falando de uma escala de tempo de alguns milhares de anos e não de milhões de anos.”

Apesar da possibilidade de recriação de animais extintos, Schmitz ressalta que é preciso avaliar qual o objetivo. “A gente tem que perguntar, como cientistas, o que é que a gente vai fazer com isso, com esse animal sendo trazido de volta a vida.” Para ele, essa recriação pode ser interessante para pesquisas, mas a reintrodução de um mamute na natureza, por exemplo, não teria sentido. “O habitat natural não existe mais. O mundo moderno não é mais o mundo do mamute ou dinossauro.”

Os latino-americanos

Herrerasaurus - ilustração de Eva K - via commons.wikimedia.org

A América Latina é um local bastante rico em dinossauros, diz o pesquisador, lembrando que os mais antigos – 230 milhões de anos – foram encontrados na Argentina (herrerasauro, eoraptor) e no Brasil, especificamente no Rio Grande do Sul (estauricossauro). “Sustenta a ideia de que talvez os dinossauros tenham surgido nos continentes mais ao sul como a América do Sul e a África, e daí se espalhado para o resto do mundo.” A América do Sul também abriga candidatos a maior dinossauro, como o argentinossauro, mas esse é um título ainda em disputa.

Quase todos os países da América do Sul têm seus dinossauros, comenta o professor. Na Bolívia, pode ser encontrada a maior concentração do mundo de pegadas de várias espécies de dinossauros. No Brasil, o Triângulo Mineiro, o interior de São Paulo, e o Nordeste são os principais locais onde já foram encontrados fósseis de dinossauros.

Saiba mais:

https://www.clubedaevolucao.com/
https://www.instagram.com/clubedaevolucao_unila/
https://www.facebook.com/clubedaevolucao