Institucional
SIEPE teve apresentação de 121 projetos de Iniciação Científica
A 3ª Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão (SIEPE) também foi um espaço para que estudantes com projetos de Iniciação Científica apresentassem os resultados do trabalho desenvolvido durante o ano.
Foram realizadas 17 sessões públicas, com apresentação de 121 trabalhos, no 10º Encontro Anual de Iniciação Científica e 6º Encontro Anual de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (EICTI), eventos que compõem a SIEPE. Várias salas virtuais tiveram participação de mais de 100 pessoas.
Literatura
A relação entre literatura e história no romance proletário "Parque Industrial", da escritora brasileira Patrícia Galvão (Pagu), foi o tema escolhido para o projeto de pesquisa de Danízio Dorneles Gonçalves, aluno do curso de Letras - Espanhol e Português como Línguas Estrangeiras. “O objetivo do trabalho foi buscar as intermitências, as relações, os enlaces entre a literatura e a história nessa obra, que foi lançada na primeira metade do século 20, em 1933, e que está inserida no contexto do movimento modernista”, aponta Danízio.
"A obra e a vida da Pagu
estão profundamente atravessadas por movimentos históricos."
Em sua apresentação, ele lembrou que Pagu foi a primeira mulher a ser presa no Brasil por motivos políticos. “A obra e a vida da Pagu estão profundamente atravessadas por movimentos históricos”, diz ele, citando a Revolução Russa e o movimento antropofágico brasileiro. “O romance 'Parque Industrial' é considerado o primeiro romance proletário escrito por uma mulher”, destaca.
Para ele, debates em torno de gênero, classe e raça atestam atemporalidade à obra, que também apresenta uma inovação estética e uma linguagem coloquial e desfragmentada. “A gente percebe que a Pagu, através das suas personagens, conseguiu aproximar as proletárias do Braz, bairro [de São Paulo] onde ocorre a narrativa, de todas as operárias do mundo, justamente por essa atemporalidade, essa universalidade das temáticas.”
Física e Química
Em outra sessão de apresentações, o estudante Duban Bravo Baron, do curso de Engenharia de Materiais, falou sobre a pesquisa que desenvolveu sobre baterias de íons de lítio, utilizadas em veículos elétricos, e também sobre a possibilidade de reciclagem dessas baterias para uso em sistemas de menor exigência energética. Segundo dados apresentados por Duban, até 2030, serão descartadas 74 milhões de toneladas métricas de baterias em todo o mundo. “O aumento da demanda desse tipo de bateria em aplicações automotivas leva a pensar em desafios significativos no descarte [desse material] ao final de suas vidas”, disse.
Uma das conclusões a que Duban chegou é que a remanufatura de baterias de íons de lítio para uso em outras aplicações “se mostra um caminho promissor para reduzir a contaminação e a degradação do meio ambiente e o desperdício de matéria-prima em setores tecnológicos”. Para isso, entre outros pontos a serem observados, estão o desenvolvimento de um design mais ecológico, para facilitar o reaproveitamento e o aumento de vida do produto; e a elaboração de modelos que avaliem com maior precisão o comportamento termomecânico e eletroquímico da bateria.
Biologia
Onde estão as principais doenças infecciosas humanas no território brasileiro e qual sua incidência? Essa pergunta guiou o tema da pesquisa de Stephanie Winkelmann, do curso de Ciência Biológicas - Ecologia e Biodiversidade. “Esse é o primeiro trabalho que descreveu os corótipos regionais de doenças infecciosas de modo explícito ao longo do espaço geográfico para a extensão do Brasil”, salientou Stephanie em sua apresentação. Corótipo “é um padrão geográfico formado pelo agrupamento de espécies que apresentam distribuições geográficas similares”.
"Os corótipos acabaram por apresentar alta cobertura do espaço geográfico, o que não era esperado."
Usando como método a lógica difusa, ela estudou a distribuição de 13 doenças infecciosas no Brasil, notificadas por unidades de saúde entre os anos de 2007 e 2018. “Por serem doenças infecciosas humanas, fica subentendido que a distribuição das doenças varia conforme a concentração de seres humanos no país, ou seja, onde tem mais pessoas, tem mais doenças.” Isso não exclui a influência de outros fatores, como o clima e o saneamento básico.
“Os corótipos acabaram por apresentar alta cobertura do espaço geográfico, o que não era esperado, e esse tipo de resultado é importante para pesquisas futuras”, apontou a estudante.
Políticas públicas
A pandemia de Covid-19 foi objeto de pesquisa de Claudia Mamani Catachura, estudante do curso de Administração Pública e Políticas Públicas, que analisou como os sites dos governos da Argentina, Brasil e Paraguai se posicionaram em relação à prática de “governo aberto” durante a pandemia. O conceito de governo aberto está embasado no compromisso dos governos com a transparência, prestação de contas de suas atividades e estabelecimento de ações que permitam a participação da sociedade civil.
Claudia elencou sete dimensões relacionadas à pandemia e que foram analisadas em cada um dos portais: informações gerais, informações essenciais, informações específicas, licitações e contratos, legislação, controle social e ouvidoria, e doações.
Entre outros pontos, a pesquisa mostrou que os portais dos governos dos três países oferecem informações gerais sobre a Covid-19 nas páginas dos respectivos ministérios da Saúde; e que, em relação às informações específicas, os três países oferecem dados estatísticos simples, como número de doentes, de mortes e de internados em unidades de terapia intensiva.
Em termos de legislação, é a Argentina o país com melhor desempenho. “A Argentina estaria cumprindo com toda a quantidade de variáveis [estudadas na pesquisa]: tem a legislação de estado de calamidade e emergência, de contratação emergencial, de medidas de estímulo econômico e de medidas de proteção social”, enumera. “No caso do Paraguai, é quase nulo encontrar essas legislações em seu portal”, completa.
“Foi possível identificar que o Brasil apresenta um melhor desempenho de informações de Covid-19 em seu portal de governo”, conclui a estudante. Em segundo ficou o site da Argentina e por último o do Paraguai. Claudia ressaltou que Brasil, Paraguai e Argentina não possuem um site desenvolvido especificamente para a pandemia.