Institucional
Livro destaca trajetória da UNILA de valorizar a diversidade e a riqueza da América Latina no ambiente universitário
Trinta e quatro membros da comunidade acadêmica contam seus relatos sobre os desafios dos primeiros 10 anos da Universidade, no livro “Narrando Experiências Formativas que Valorizam Pessoas, Culturas e Projetos no Ambiente Universitário: o caso da UNILA”. A obra, publicada pela EDUNILA, é um dos resultados do projeto de pesquisa "Mobilidade acadêmica internacional e integração regional: um estudo na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)", que foi contemplado com o Edital Universal do CNPq. O objetivo central do projeto era compreender de que maneira a mobilidade acadêmica internacional promovida pela Universidade contribuía para o processo de integração regional. Porém, ao longo da investigação, os pesquisadores se depararam com várias reflexões sobre o esforço da UNILA em valorizar a diversidade étnica, cultural e linguística da América Latina. Esta é apontada como a verdadeira essência da Universidade, mas também o seu maior desafio.
A professora emérita da Faculdade de Educação da UFMG Nilma Lino Gomes aponta que a instalação da UNILA em Foz do Iguaçu permitiu um contato intercultural e plurilinguístico e um crescente reconhecimento de regiões as quais o Brasil costumava não privilegiar. “São docentes, estudantes, servidores técnico-administrativos, professores visitantes e moradores da região da Tríplice Fronteira, no Sul do País, que passaram a conviver, a conhecer, a estudar e a manter relações com a rica realidade latino-americana e caribenha, na qual o Brasil também se insere”, explica a pesquisadora, que assina o Prefácio do livro.
Em 2020, quando completou 10 anos de sua criação, a UNILA contabiliza 32 nacionalidades em seu quadro discente e docente. A Universidade tem, como missão, contribuir para a integração da América Latina e do Caribe por meio da educação superior. Por isso, a maior parte dos alunos é do Brasil e de outros 19 países latino-americanos. Porém, desde 2018, com a ampliação do Processo Seletivo Internacional, a Universidade passou a receber estudantes refugiados e com visto humanitário oriundos de países da África e da Ásia.
Essa diversidade cultural parece combinar com a região da Tríplice Fronteira que, por diversas razões, acolhe pessoas de mais de 80 etnias. Nilma Gomes explica que, a partir da instalação da UNILA na região, “novas identidades foram construídas e as que se pensavam muito consolidadas foram ressignificadas desde o primeiro dia de implantação da Universidade”.
A diversidade como potência na produção do conhecimento
A presença de tantas nacionalidades faz da comunidade acadêmica da UNILA uma espécie de microcosmo da América Latina, que potencializa a produção do conhecimento e enriquece a formação acadêmica. Os professores Fábio Borges e Victória Darling assinam um capítulo do livro contando a experiência do Ciclo Comum de Estudos, que é o tronco inicial de todos os cursos de graduação da Universidade. Concentrado nos três primeiros semestres de todas as carreiras, o Ciclo Comum é formado pelas disciplinas de Língua Portuguesa ou Língua Espanhola; Introdução ao Pensamento Científico; e Fundamentos de América Latina. “O Ciclo Comum de Estudos na UNILA tem um papel central para diferenciá-la de outras universidades brasileiras, pois busca incentivar a reflexão crítica, o bilinguismo e um conhecimento básico de aspectos que definem, em sua complexidade, a cultura da América Latina e do Caribe, para, a partir disso, o discente se sensibilizar e aplicar seus conhecimentos para resolver problemas específicos dessa região”, colocam.
Para os docentes, a excelência da UNILA está intimamente relacionada ao rigor acadêmico e ao perfil da instituição em dar ênfase a temas muitas vezes ignorados em universidades tradicionais. “Essa iniciativa, na qual o Ciclo Comum de Estudos tem um papel fundamental, é, de fato, um microcosmo valioso da integração, que exige repensar o nosso universo epistêmico, mas também a viabilidade das microutopias”.
Somada à riqueza da presença de várias nacionalidades e à potência na produção do conhecimento e no desenvolvimento de docentes, discentes e técnicos, a UNILA tem ainda a preocupação com o ingresso, a inclusão e a permanência de alunos com origens tão diversas. Isso é o que defende um dos artigos do livro, assinado pelas servidoras da Pró-Reitoria de Relações Institucionais e Internacionais Cristiane Dutra Struckes, Deise Baumgratz e Leila Yatim, além dos docentes Felipe Cordeiro de Almeida e Karen dos Santos Honorio.
Segundo eles, a internacionalização unileira é consciente do papel das universidades públicas latino-americanas de ser um instrumento de transformação social. “O ambiente acadêmico da UNILA e sua diversidade de ideias, suas culturas, suas línguas, seus sabores e suas cores constroem laços de integração e solidariedade, que fazem com que a integração regional caminhe material e imaterialmente. Assim, a internacionalização unileira é prática cotidiana e aparece em cada espaço de nossa universidade”.
O livro
O livro “Narrando Experiências Formativas que Valorizam Pessoas, Culturas e Projetos no Ambiente Universitário: o caso da UNILA” está disponível para download gratuito no site da EDUNILA. É formado por 16 capítulos, assinados por 18 docentes, 7 estudantes e 9 técnicos, de nacionalidades argentina, brasileira, colombiana e paraguaia, vinculados a todos os Institutos Latino-Americanos e a diversas instâncias de atuação na UNILA. A obra foi organizada por Manolita Correia Lima, Solange Rodrigues Bonomo Assumpção, Ivor Prolo e Rosilene Carla Vieira.