Vida Universitária
Festival Internacional de Violão promove a integração musical na Tríplice Fronteira
Em sua segunda edição, o Festival Internacional de Violão Três Fronteiras (fiv3f) mantém o compromisso de fomentar a produção violonística da região, colaborar para a formação de instrumentistas e se constituir em um espaço de integração entre os músicos de Paraguai, Argentina e Brasil. Organizado pelo curso de Música da UNILA e pelo projeto de extensão Ciclo Sonoro, o evento foi criado para promover o intercâmbio artístico e cultural entre os três países, fortalecendo a identidade regional e democratizando o acesso a obras de qualidade. A programação gratuita e aberta à comunidade incluiu atividades formativas e recitais com artistas convidados de diferentes partes da América Latina.
Com um quadro de atividades que incluiu oficinas, palestras, masterclasses e recitais, o evento não visa apenas a oferecer oportunidades de aprendizado e aprimoramento técnico para músicos. É também uma forma de aproximação com a comunidade, uma vez que inclui concertos abertos ao público. Um dos idealizadores e organizadores do festival, o violonista Alexandre Aguiar avalia que a iniciativa está alinhada aos aspectos ligados à própria vocação da Universidade. O primeiro deles é a integração com os violonistas do Paraguai e da Argentina. “A UNILA é estratégica. Não é à toa que está na Tríplice Fronteira, e o festival vem ao encontro dessa proposta integradora, pois o propósito é integrar os violonistas aqui da região”, contextualizou.
Docente do curso de Música, Aguiar destaca que, seguindo esta vocação, durante a organização do evento foram mantidas reuniões com os artistas, “para fazer com que o festival tivesse a cara da região”. Essa construção colaborativa contou, por exemplo, com o professor, pesquisador, produtor e violonista Sebastián Pereyra, de Puerto Iguazú (AR), egresso do curso. “Há ainda o Fábio Rodrigues, que pela segunda vez participa, e é professor em Ciudad del Este e em Assunção”, ilustrou.
Internacionalização
O segundo aspecto da vocação da UNILA que orienta o festival é a internacionalização. Com base nisso, o evento contou com artistas convidados de outros países do continente, como Renato Serrano. Chileno radicado no Brasil e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Serrano ressaltou a importância do fiv3f como espaço de trocas musicais e fortalecimento dos laços latino-americanos. Em sua segunda participação, ele avalia que o projeto está construindo uma consistência, “uma tradição que representa também um encontro bem profundo das raízes latino-americanistas do violão e suas outras vertentes, como a música erudita, a popular, a clássica e a folclórica”.
Um dos artistas que se apresentaram nas noites de recitais, o violonista mostrou ao público um repertório com obras de compositores do século XIX, como Fernando Sor e Napoleón Coste, e peças do repertório espanhol de Enrique Granados e Isaac Albéniz. “Tenho muita honra de ter sido convidado para um evento como este. Acho uma oportunidade interessantíssima para se encontrar com colegas, com alunos, com professores e com diversas pessoas da comunidade que estão interessadas no violão e na música”, justificou Serrano.
Além de se apresentar no recital, o violonista conduziu uma masterclass com estudantes. Segundo ele, foi satisfatório conhecer não apenas o trabalho desenvolvido na UNILA, mas em outros centros educacionais, por meio do que os alunos trouxeram, “principalmente o repertório que dá conta de um contato profundo com a produção latino-americana, argentina, brasileira e paraguaia”.
A possibilidade de manter contato com o que é produzido na América Latina é citada ainda por Stanley Fernandes, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), que esteve pela primeira vez no festival. Segundo ele, suas expectativas de conhecer o “funcionamento multicultural” da UNILA e da comunidade da região eram altíssimas, pois ele tem acompanhado a Universidade desde a sua fundação. Em sua apresentação, Fernandes passou por diversos estilos musicais e abordagens de violão, dando ênfase ao que é produzido na América Latina, seguindo a proposta de integração e de internacionalização do festival. “Qualquer iniciativa cultural que se faça aqui, que se pretenda minimamente representativa das realidades locais, precisa necessariamente englobar essas diferentes culturas que atravessam essas fronteiras político-geográficas. É absolutamente fundamental que o festival seja internacional”, encerrou.
