Extensão
Fanzines ajudam crianças – e adultos – a entender um pouco mais de Biologia
Ciência não precisa ser sisuda e a divulgação científica pode ser leve e criativa. Com esse espírito, um grupo de professores de Biologia está produzindo a FanBio, uma série de fanzines com diferentes temas. A série já está em seu segundo volume e outros dois devem ser lançados até o final do ano.
O primeiro volume, “Os coletores de tesouros”, é de autoria de Betânia Cristina Neves, egressa do curso de Ciências Biológicas – Ecologia e Biodiversidade, e tem como tema o Herbário Evaldo Buttura (EVB). No segundo, "Ana Flora em: entre abelhas e flores", a história é contada por Giovana Secretti Vendruscolo e Fernando Cesar Vieira Zanella. Os próximos exemplares irão explicar o que são plantas comestíveis não convencionais e como eram os seres pré-históricos que habitavam o Paraná. Os dois primeiros volumes podem ser baixados gratuitamente em formato para visualização e em formato de livreto, para impressão.
A FanBio nasceu em 2019, quando os docentes, com diferentes projetos de extensão, sentiram a necessidade de um material impresso para completar as atividades de divulgação científica em exposições públicas na cidade. “A gente queria um material impresso que pudesse ser um replicador para além das exposições, que pudesse ser levado para casa e despertasse o interesse de outras pessoas”, comenta Hermes Schmitz, que integra o projeto. E aí, o formato fanzine caiu como uma luva. “O fanzine precedeu as redes sociais digitais, é uma publicação espontânea. E a ideia é justamente essa, ser uma publicação espontânea, sem ter propriedade, para que as pessoas tenham acesso livre e reproduzam”, explica.
Voltada para o público infantil, a série tem o objetivo de despertar o interesse pela flora e fauna nativas, por vezes esquecidas nos livros de histórias destinadas às crianças. “Quem lê para crianças percebe que as histórias sempre têm leão, girafa. E pensando na Biologia, a criança acaba não conhecendo o que tem aqui. Se a gente começar a colocar a ciência na história para a criança, para ela ter mais dúvidas, perguntar mais, colocar uma palavra diferente para que ela queira saber o que é, ajuda o interesse pela ciência”, diz Giovana Vendruscolo, docente e coordenadora do projeto, que, junto com Hermes Schmitz, tem como integrante Laura Lima. Além dos três biólogos, o projeto tem a participação de Mariana Cortez, que é docente da área de Letras e atua com a Literatura Infantil, e de Yenifer Carolina Cajas Guaca, aluna de Ciências Biológicas – Ecologia e Biodiversidade e outros estudantes que colaboram com o texto e as ilustrações.
A inspiração para as histórias vem, além da pesquisa de cada autor, da rotina e de experiências. No segundo volume, Ana Flora, a personagem que quer conhecer um pouco mais sobre as abelhas, foi inspirada nas filhas de Giovana Vendruscolo, as gêmeas Ana Júlia e Ana Clara, de 6 anos, que sempre estão no jardim da casa observando plantas e insetos. As dúvidas das meninas serviram para orientar os autores. “A ideia é que o projeto tenha esse diferencial. A ideia é a divulgação científica, mas com esse viés, esse olhar. E a Biologia tem tudo para ter esse olhar, tudo para gostar, para lembrar do aroma da infância, ver a vovó que está apresentando a planta, ter a dúvida da criança que, quando adulto, a gente esquece.”
Para Hermes, a ciência tem de se valer do “fascínio que as pessoas têm pela natureza”. “As pessoas comuns são interessadas na natureza e em ciência. Existe um fascínio natural que a gente tem de estimular”, diz. “Em um dos fanzines, a gente vai trabalhar com seres pré-históricos e falar dos seres pré-históricos do Paraná. Quem sabe que existiu dinossauro no Paraná? Alguém sabe que o Paraná já foi mar? Esse é um tema que causa um fascínio natural, e a gente quer aproveitar esse fascínio e introduzir outros elementos”, completa.
Ainda falando sobre divulgação científica, Hermes acredita que a sociedade é melhor quando os cidadãos são bem informados. “Penso que, independentemente da profissão, da vida que cada cidadão tem, a gente tem uma melhor sociedade quando tem uma sociedade cientificamente alfabetizada”, avalia. “Não que todo mundo tenha o conhecimento do especialista, mas que tenha esses conhecimentos gerais sobre as coisas da natureza, de como é trabalho de um cientista e sobre as suas próprias experiências.”
Os fanzines podem ser baixados gratuitamente na página da UNILA, mas os docentes estão imprimindo alguns exemplares para serem doados a escolas de ensino fundamental, com o objetivo de aproximar a universidade do ensino fundamental. Alguns professores também já estão utilizando o fanzine como material de apoio em sala de aula. Futuramente, o material será distribuído em ações presenciais desenvolvidas pelos docentes em outros projetos de extensão. Quem quiser, também pode acompanhar o projeto nas redes sociais:
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