Vida Universitária
EDUNILA participa da 15ª Feira Internacional do Livro de Foz
Pelo terceiro ano consecutivo, a Editora Universitária da UNILA participa da Feira Internacional do Livro, evento que será realizado no Clube Gresfi, de 18 a 24 de outubro. Além de um estande, nesta edição a editora terá o pré-lançamento da obra ARARA ЯAЯA, que reúne um longo ensaio sobre a palindromia, do escritor Fábio Aristimunho Vargas, e uma antologia de palíndromos, organizada pelo mesmo autor. Aberto ao público, o pré-lançamento acontece na quinta-feira, 24, a partir das 18 horas. Antes, na segunda-feira (21), às 14h30, o autor, ao lado da filha, Ana Júlia Gomes Vargas, ministra uma oficina de palíndromos.
“Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos”. Popularmente lembrada pelos brasileiros, esta é a frase palindrômica mais famosa da língua portuguesa e ajuda a compreender melhor o significado de palíndromo, que são “aquelas palavras ou frases que permanecem as mesmas ao serem lidas de trás para frente”, explica Vargas na apresentação de sua obra. “Do ovo ao osso, do ralar ao reler, passando por sagas, saias, socos e sopapos, somos inundados, srs., por seres palindrômicos insuspeitos, que nos fazem rever, reviver e, ainda, rir”, escreve o autor logo em seguida, tomando o cuidado de manter em negrito as palavras que podem ser lidas tanto da esquerda para a direita quanto da direita para a esquerda.
Além de palavras, números também podem ser palindrômicos – neste caso, recebem o nome de capicua. Um exemplo se deu em 9/10/2019, data que pode ser lida da forma convencional ou “de trás para frente” – neste dia, coincidentemente, ocorreu a publicação do extrato do contrato entre a editora e o autor no Diário Oficial da União, o que levou Fábio a comentar: “Meses de tramitação que se concluem justo hoje. A vida imita o palíndromo”, brincou.
Autores famosos
Paranaense e radicado em Foz do Iguaçu, Fábio Aristimunho Vargas é admirador dos palíndromos desde criança e ele mesmo é autor de várias dessas obras. Ele está bem acompanhado nesta arte: James Joyce, Julio Cortázar, Millôr Fernandes, Chico Buarque e Arnaldo Antunes também produziram obras palindrômicas.
Dividido em duas partes ARARA ЯAЯA – escrito como se em frente a um espelho, para realçar sua característica palindrômica – reúne um ensaio e uma antologia. Na primeira parte, o autor apresenta a história da arte de produzir palíndromos – desde a Antiguidade Greco-Latina até o Renascimento e a trajetória no Brasil. Há, ainda, um vocabulário das palavras palindrômicas da língua portuguesa e uma mostra de palíndromos em alemão, catalão, espanhol, francês, grego, entre outros idiomas, e um glossário da palindromia. Além disso, Vargas apresenta como as chamadas “estruturas em palíndromo”, ou “estruturas em espelho”, em que partes que constituem um todo “são dispostas de maneira equitativa e simétrica pelas duas metades”, estão presentes no cinema, nos esportes, nas histórias em quadrinhos, na música e no conhecimento científico.
Já na segunda parte de ARARA ЯAЯA, nomes como os já citados Millôr Fernandes, Chico Buarque e Arnaldo Antunes aparecem ao lado de Laerte, do paranaense Eno Teodoro Wanke, Gregorio Duvivier e vários outros em uma coletânea organizada de forma meticulosa por Fábio Aristimunho Vargas, que também aparece na compilação, ao lado da filha, Ana Júlia.
Com apenas nove anos, a menina estará ao lado do pai, também na Feira do Livro, para ministrar uma oficina de palíndromos. Aberta a todos, a oficina será em um dos espaços da Feira Internacional do Livro, que neste ano acontece no Clube Gresfi (Avenida JK).
Apresentação musical
Como ocorreu nos anos anteriores, a EDUNILA estará no evento com um estande, onde comercializará seus livros impressos com 20% de desconto – preço promocional de feiras – e apresentará suas obras eletrônicas de acesso livre. Além disso, a editora atenderá o público que quiser saber mais sobre cursos de graduação e pós-graduação da UNILA, entre outros temas.
A UNILA também estará em evidência na quarta-feira (23), com a apresentação do grupo "Cantos de Amefrica", formado pelas alunas Cicí, Clarissa Souza e pelo aluno Marcos Vinícius.
Conheça alguns dos poemas-palíndromos (que podem ser lidos nos dois sentidos) de Fábio Aristimunho Vargas.
ORAÇÃO
Orem: “Oh, Homero...”
CANTO GENERAL
“A vaga vida dure”, Neruda divagava.
SAIA
Eu, que saía já cínica
e moça, faço-me livre
sem ser eu. (Que mísero
me daria?) Eu, que do meu
querer eu que mexia.
Bem eu, que chorava.
Cavar – oh céu, que me
baixe – meu querer: eu.
Quem o deu? (Que a ira
demore.) Sim: eu. Queres-me
servil e moça? Faço-me
a cínica. Já ias? Eu que.