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Dia Nacional da Ciência mobiliza atenção para a importância da produção científica brasileira

Em tempos de pandemia, universidades públicas, como a UNILA, realizam estudos e ações que evidenciam a contribuição da ciência para o combate à Covid-19
publicado: 08/07/2020 09h00, última modificação: 16/12/2020 13h25



No momento atual em que, mesmo com o cenário da pandemia, setores da sociedade ainda questionam a importância das pesquisas científicas, comemorar o Dia Nacional da Ciência, neste 8 de julho, ganha ainda mais importância. 

O Dia Nacional da Ciência tem o objetivo de incentivar jovens a se interessarem pela ciência, mobilizar atenção para a importância da produção científica brasileira - e seu retorno à sociedade - e, ainda, prestar homenagem à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Nesse contexto em que o papel da ciência ganha evidência e as universidades públicas assumem um protagonismo na luta contra a Covid-19, a UNILA vem promovendo diálogos e diversas ações – com base em pesquisas científicas –, para contribuir no combate ao novo coronavírus e na análise sobre o momento de pandemia. 



As universidades federais são responsáveis por mais de 800 pesquisas em andamento sobre a Covid-19, segundo
 levantamento realizado pela  Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais (Andifes). Ainda segundo esse estudo, as instituições federais de ensino superior estão presentes em pelo menos 53 ações de testagem do novo coronavírus e estabeleceram 198 parcerias com governos municipais para auxiliar no combate à doença. Em Foz do Iguaçu, a UNILA está presente em diversas frentes, várias delas em parceria com a Prefeitura, como o plantão telefônico do coronavírus, a telemedicina e o atendimento em unidades de saúde, em barreiras sanitárias e no Hospital Municipal.




A UNILA também trabalha em conjunto com a Prefeitura de Foz do Iguaçu na realização de exames para detectar a Covid-19. A Universidade transferiu os equipamentos do Laboratório de Pesquisas em Ciências Médicas para o Laboratório Municipal, que tem, atualmente, a capacidade para testar 200 pacientes por dia, 100% pelo SUS. Os exames são do tipo RT-qPCR, que utiliza técnicas de biologia molecular para fazer uma busca minuciosa pelo material genético do Sars-Cov-2, o vírus que provoca a Covid-19. Segundo o gerente e responsável técnico do Laboratório Municipal, Rafael dos Santos da Silva, “em um momento em que a ciência e as universidades públicas brasileiras passam por algumas dificuldades, a parceria entre a UNILA e o Hospital Municipal no enfrentamento da pandemia de coronavírus é de extrema importância para, mais uma vez, reafirmar para a sociedade o quanto é necessário investirmos em ciência e tecnologia”, afirma.


Uma equipe de pesquisadores da UNILA também está desenvolvendo um novo teste para detecção do Sars-Cov-2, com base na metodologia Elisa, que tem em torno de 95% de sensibilidade e 100% de especificidade. A demanda partiu do Hospital Municipal Padre Germano Lauck. Os resultados do teste apontam para um número de pessoas positivas para a Covid-19 maior do que o obtido por testes rápidos, que podem ter uma baixa eficiência. “O Brasil inteiro está com dificuldades em diagnóstico, e o que se tem disponível, na verdade, é ruim. E se a gente consegue fugir disso com tecnologia nossa, isso é bom [para todos] que estão aprendendo a fazer esse procedimento; é bom para o serviço público, que consegue obter informações mais precisas; é bom para a instituição – a gente vê o quanto a UNILA está inserida nesse enfrentamento aqui em Foz do Iguaçu, e isso vai ser expandido”, diz o professor da UNILA e coordenador da pesquisa, Kelvinson Fernandes Viana.


As demandas do serviço público de saúde de Foz do Iguaçu estão na mira da preocupação da comunidade acadêmica da UNILA. Docentes e estudantes dos cursos de Engenharia trabalham com a impressão em 3D de máscaras reutilizáveis – alternativas ao modelo N95 –, para serem distribuídas aos profissionais de saúde do município. A fabricação e a impressão em 3D de equipamentos de proteção individual, como as máscaras, representam um avanço em relação à inovação tecnológica. “Foi realizado um estudo grande, de vários modelos, foram muitos testes. Chegamos a modelar uma máscara do zero, um modelo próprio da UNILA. Dá para buscar, além de certificação, a patente do produto, futuramente”, comenta Priscila Lemes, docente do curso de Engenharia de Materiais, que destaca o esforço dos estudantes integrantes do projeto. “Além de colaborar no combate à Covid-19, a UNILA está desenvolvendo um produto”, completa.

Outra frente de trabalho envolve a produção de álcool glicerinado 80%, para ser distribuído nas unidades de saúde de Foz do Iguaçu. A produção está sendo realizada no Laboratório Multiusuário de Química da Universidade, por uma equipe de docentes, estudantes e técnico-administrativos. A Universidade conta com equipamentos e pessoal capacitado para produzir, aproximadamente, 100 litros de álcool glicerinado por dia. O álcool glicerinado 80% é um produto de consistência líquida, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para assepsia das mãos. “O processo de produção conta com controle de qualidade e eficácia do produto, assegurando as propriedades determinadas pela Anvisa e descritas na Farmacopeia Brasileira”, esclarece Ana Carolina Gomes Martins, integrante do Laboratório de Neurofarmacologia Clínica da UNILA e farmacêutica responsável pela produção.


O comprometimento da Universidade com as demandas de Foz do Iguaçu, neste momento de pandemia, também está na oferta de informações com embasamento científico, que podem contribuir nas estratégias e tomadas de decisão do poder público. Um desses estudos, realizado por um grupo de docentes da UNILA e de profissionais de saúde de Foz do Iguaçu, aplica modelos matemáticos para fazer projeções da propagação do novo coronavírus em Foz do Iguaçu e na Região Trinacional. O estudo avalia diferentes cenários de isolamento social no município e traz, como uma das conclusões, a ineficiência do chamado isolamento vertical – focado exclusivamente em idosos e pessoas do grupo de risco –, para conter a propagação do novo coronavírus na cidade. Essa pesquisa é a primeira realizada pelo Grupo de Trabalho de Projeções da UNILA, formado por profissionais e pesquisadores das áreas de Saúde Coletiva, Medicina, Epidemiologia, Biologia, Geografia, Física e das Engenharias.

 A atenção dos pesquisadores da UNILA vai além do atendimento direto à saúde. A pandemia tem sido analisada também nos campos geopolítico, econômico, de integração regional e de fronteira. O Núcleo de Estudos Estratégicos, Geopolítica e Integração Regional (NEEGI) da Universidade, por exemplo, tem realizado uma série de debates on-line e análises por meio dos observatórios que o compõem. Entre eles, o Observatório Latino-Americano da Covid-19, criado como uma rede interdisciplinar e cujos integrantes são docentes da UNILA de áreas diversas, pesquisadores externos de outros estados e profissionais da rede de saúde de Foz do Iguaçu. "O objetivo é fazer uma divulgação científica em torno do tema da saúde pública e do combate à pandemia, criando uma rede interdisciplinar das Ciências Humanas e da Saúde, para dialogar e cobrir a temática com maior número possível de vetores, de variáveis e de focos", explica o coordenador do NEEGI e docente do curso de Relações Internacionais da UNILA, Lucas Kerr de Oliveira. 

Outro Observatório – da Temática Indígena na América Latina (OBIAL) –  tem atuado neste momento de pandemia, com foco, principalmente, na aldeia Ocoy, em São Miguel do Iguaçu. Professores e estudantes do curso de Medicina estão fazendo o acompanhamento dos doentes, e o OBIAL, coordenado pelo professor de História da UNILA Clovis Brighenti, está realizando o monitoramento da situação na aldeia e fornecendo uma ajuda mais emergencial. “Estamos somando esforços”, afirma Brighenti. O Observatório distribui máscaras, alimentos e outros insumos para os indígenas. Também orienta as pessoas que irão fazer atendimentos na aldeia, com a elaboração de um protocolo com informações sobre a cultura e o modo de viver dos guaranis. 

A produção de nove episódios da websérie Fator Ciência, sobre diversos aspectos da Covid-19, foi mais uma ação da UNILA no contexto de pandemia. A iniciativa da Secretaria de Comunicação (SECOM) da Universidade tem o objetivo de promover divulgação científica e estimular a reflexão e o esclarecimento sobre a pandemia e seus impactos. O programa pauta-se no diálogo com docentes da UNILA a partir de enfoques da biomedicina, economia, biologia, antropologia, ciência política e sociologia, e das relações internacionais. Nesta edição especial do programa, sobre a Covid-19, os pesquisadores convidados também discutiram a importância da ciência, de estudos científicos e das universidades no atual contexto (confira abaixo). Os capítulos na íntegra estão disponibilizados no canal da UNILA no YouTube e também em formato podcast no Spotify.