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Dia do Servidor: os 10 anos da UNILA na visão de quem ajuda a construí-la

Para comemorar o Dia do Servidor, professores e técnicos contam suas experiências e falam das expectativas para a próxima década
publicado: 28/10/2020 15h00, última modificação: 28/10/2020 17h27
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Os encontros no PTI marcaram a primeira geração de servidores - Foto Carla Gastaldin - para mais fotos clique na imagem

Colocar em funcionamento uma universidade, a partir do zero, é um projeto desafiador. Para comemorar o Dia do Servidor, a Secretaria de Comunicação (SECOM) e a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEPE) escolheram 10 servidores (técnicos e docentes) que constroem a UNILA desde 2010, para contarem suas experiências e suas visões desse processo. Esses depoimentos foram divididos em vídeos (publicados no canal do YouTube – veja abaixo) e nesta reportagem.

Criada em janeiro de 2010, com início das atividades acadêmicas em agosto daquele ano, a UNILA começou a ser desenhada bem antes disso. E esse processo foi acompanhado bem de perto pelo professor José Renato Vieira Martins, desde o tempo em que ele era assessor da Secretaria-Geral da Presidência da República, no segundo governo Lula. Nessa época, eram intensas as discussões sobre os temas sociais da integração regional, numa perspectiva chamada de “integração ampliada”. "Nesse ambiente de debates democráticos, o projeto da UNILA foi sendo discutido e aprimorado", comenta o docente, lembrando que se chegou a discutir a criação de uma Universidade do Mercosul, projeto que não avançou. "Por decisão do então presidente Lula, criou-se a UNILA em território nacional, em região de fronteira, propícia ao trânsito migratório, com o intuito de facilitar o ingresso de estudantes, professores e técnico-administrativos dos demais estados-parte. Foz do Iguaçu foi eleita para ser a sede da nova universidade por reunir essas virtudes estratégicas". 

Para o professor, concretizar esse sonho não foi uma tarefa fácil. "Haver participado daquele momento fundacional foi uma experiência única que me deu a oportunidade de avaliar as escolhas que foram sendo feitas ao longo desses anos. Como sabemos, não foi nada fácil concretizar aquele projeto."

Também para o professor Luciano Lapas, a relação com a UNILA começa antes de sua criação oficial. A UNILA já era um sonho para ele ainda em 2007, quando tomou conhecimento das primeiras informações sobre o que seria futuramente a Universidade. “Fiquei apaixonado pela ideia” conta, lembrando que no ano seguinte o projeto começava a se delinear e, em Brasília, aumentavam os comentários sobre a instituição. Professor da Universidade de Brasília (UnB), em 2010, Lapas buscou a redistribuição e, posteriormente, passou em concurso para a UNILA. “Deu tudo certinho, e no dia 3 de agosto a gente já estava aqui na cidade, trabalhando na Universidade. Esse início, realmente, foi desafiador. Para se ter noção, não existia nem telefone. Houve uma doação da Receita Federal, só que muitos aparelhos tinham problema e acabou que, por ter algum conhecimento em eletrônica, muitos desses telefones eu acabei consertando para serem distribuídos nas salas. Foi bem rudimentar mesmo, a Universidade a partir do zero”, exemplifica.

“Tudo o que envolve a UNILA tem outro sentimento para aqueles que chegaram no início. Era o combustível da alma. A UNILA sempre foi a força motriz que nos colocava diante de um projeto inovador de educação”, Luciano Lapas

Para a professora Diana Araújo, estruturar a Universidade foi “um tremendo desafio, arrepiante e encantador, ao mesmo tempo”. “Exigiu uma mudança radical no entendimento da minha profissão, assim como do papel da universidade pública”, relata.

Lapas lembra-se de uma ocasião em que os professores dedicaram um final de semana inteiro para fazer o Projeto Pedagógico de dois cursos, para serem apresentados ao então ministro da Educação, Fernando Haddad. “Então a gente fez todo um trabalho, um esforço conjunto, árduo, destemido. Todo mundo mergulhado de cabeça”, conta.

Era uma época de muito debate e mobilização. “Havia uma ideia, chamávamos todos os docentes, que eram ainda poucos na época. Todos iam para uma grande sala debater aquilo. Tinha uma mobilização muito grande. Nós parávamos, realmente, a Universidade para debater coisas essenciais”, relembra Lapas.

Carla Gastaldin é psicóloga na UNILA e diz que foi um privilégio participar da formação da Universidade desde o início. “Eu me sentia fazendo parte de uma coisa grande. A gente sabia que um dia essa Universidade iria se tornar enorme, e se sentir fazendo parte desse início era uma coisa muito especial”, avalia.

A assistente em administração Cláudia Hilgert conta que o volume de trabalho e de aprendizagem era grande. “Era muita coisa nos primeiros momentos. Muita coisa para colocar uma universidade em funcionamento”, rememora, lembrando que muitos servidores tiveram de ir a Curitiba para aprender a lidar com os sistemas de gestão, com os servidores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a instituição tutora. Para Cláudia, os anos iniciais da UNILA foram muito marcados pela falta de espaço físico para o desenvolvimento das atividades. “Espaço sempre foi um problema para a UNILA. Ainda é nosso grande desafio. Acho que agora a gente tem perspectiva de ter um espaço nosso, mesmo que seja pequeno. Fico muito feliz com isso.”

O começo da UNILA marcou o início da carreira profissional de muitos servidores, como aconteceu com a arquiteta Livia Iwamura Trevisan. "A experiência UNILA me proporcionou iniciar a principal etapa de minha vida profissional, em uma instituição igualmente nova." No setor, trabalhavam com ela outros três engenheiros. "Todos nós éramos recém-formados". E eles chegaram com uma missão gigantesca: licitar e acompanhar a execução da obra do Campus Oscar Niemeyer. "Sem dúvida, foi o trabalho mais desafiador de nossas vidas", comenta Livia. 

Junto com a falta de equipamentos citada por Luciano Lapas, algumas dificuldades também marcaram os primeiros tempos da UNILA, como é de se esperar para um projeto com essa dimensão. “A gente via as pessoas um pouco perdidas, mesmo as da administração. A maioria das pessoas, claro, não tinha experiência para gerir uma universidade, quanto mais uma universidade do zero”, comenta a psicóloga Carla Gastaldin.

Essa percepção é compartilhada pela assistente em administração Cláudia Hilgert. “A gente teve que lidar com a frustração de algumas expectativas, porque na UNILA tinha muita coisa para ser organizada. Os setores não estavam delimitados. A gente ficou um tempo sem atribuição. Assistente de administração tinha atribuição em todos os setores da Universidade. Como não estavam bem delimitados, a gente ficou no 'aquário' esperando essa distribuição”, conta. O “aquário” está na memória da primeira leva de servidores chamados a trabalhar. Era uma sala com meia parede de vidro, onde as pessoas podiam ser observadas por quem passasse pelos corredores.

A união entre os primeiros servidores é uma característica marcante daqueles primeiros anos. “Havia convivência entre todos os servidores. Tenho grandes amizades daquela época. Como era tudo muito menor, então a gente conhecia todo mundo. Tenho muito carinho por esse pessoal”, relata Cláudia. 

confraternização de servidores PTI
Os encontros no PTI marcaram a primeira geração de servidores - Foto Carla Gastaldin - para mais fotos clique na imagem

Os corredores do PTI, onde tudo começou, ficaram na memória de muitos servidores como um local de encontros e amizades. “Todo mundo era bastante unido nesse início. Todos os professores conviviam naquele mesmo corredor”, lembra Luciano Lapas. “Era muito legal encontrar as pessoas no corredor, às vezes, tomar um café, almoçar junto. A copa era o ponto de encontro”, completa Carla, lembrando que a saída dos servidores do PTI foi muito marcante para ela e para outros servidores da época. “Isso teve um profundo impacto na relação entre os servidores. Ficamos separados, dificultou a comunicação. A gente sabia que era necessário acontecer, mas foi um marco”.

Essa facilidade de encontros faz falta nos prédios atuais. “Você até encontra no corredor, mas não tem aquela oportunidade de ter um lugar para conversar e conhecer mais as pessoas. Até porque é assim mesmo. Quando ampliou o número de servidores, ficou meio impossível de isso acontecer, de continuar como era no começo”, avalia Cláudia.

Primeiros alunos na aula inaugural
Primeiros alunos com o reitor Hélgio Trindade, na aula inaugural

A professora Diana Araújo conta que, com a chegada das primeiras turmas, compostas também por hispanohablantes, um dos primeiros desafios a serem enfrentados foi o linguístico. “[Foi um desafio] acostumar o ouvido à incrível diversidade do português e do castelhano, além das diversas outras línguas que foram se somando e hoje circulam por todos os lados”, diz. A esses, somaram-se também os desafios cognitivos, pedagógicos e pessoais, como ela relata: “acostumar-se a não ter certeza; acostumar-se a consultar os e as estudantes sobre seus lugares de origem, ao invés de simplesmente ensinar o que eu havia aprendido nos livros; acostumar-se à reinvenção cotidiana, para poder dialogar com as diferenças; acostumar-se a se desculpar por equívocos e, acima de tudo, acostumar-se a escutar o que os outros, com experiências e formações diferentes, têm a nos dizer”.

Para Luciano Lapas, a primeira turma de estudantes – eram seis cursos inicialmente – “foi extraordinária”. “Nós queríamos muito acolhê-los, principalmente os latino-americanos não brasileiros. Então fizemos um processo de recepção muito bonito, muito caloroso”, rememora. “Esse início era tão curioso que nós tivemos professores morando na residência estudantil para ajudar nesse processo de acolhimento. Havia um envolvimento com cada um que ficasse doente. Todos nós sabíamos e nos preocupávamos. O sentimento de saudade que todos tinham. A gente tentava abraçar. Havia uma interação muito grande para tentar acolher a todos em todos os sentidos.” As diferenças culturais foram, para ele, um dos grandes desafios a se lidar na época. “Gerava certa estranheza, mas graças a tudo que fizemos foi possível superar.”

José Renato Vieira participou ativamente do processo de seleção dos primeiros estudantes da UNILA como secretário de Relações Institucionais. No início, a seleção era feita nos países de origem dos alunos pelos ministérios de Educação e concluída por representantes da UNILA, que viajavam para se reunir com os futuros discentes, suas famílias, autoridades educacionais. "A vantagem desse método é que os estudantes chegavam ao Brasil conhecedores do projeto político-pedagógico e da missão integracionista da Universidade", avalia. "Ao mesmo tempo em que íamos implantando a UNILA, contribuíamos para fortalecer o próprio processo de integração regional, uma vez que esses contatos não eram senão uma prática do soft power que o Brasil desenvolvia em prol da integração regional."

Uma dessas viagens foi feita à Bolívia. "O primeiro grupo de estudantes bolivianos a vir para a UNILA estava composto por cerca de 30 a 35 jovens, a maioria de origem indígena ou camponesa, altamente representativos das diferentes etnias do recém-criado Estado Plurinacional Boliviano. Observe que muito antes de se falar na seleção de indígenas, nós já a praticávamos naqueles anos iniciais, sem alarde ou burocracia, simplesmente porque entendíamos que uma universidade como a UNILA não poderia ser feita sem eles."

Diana Araújo
Diana Araújo em sala de aula

Assim como o número de estudantes, o corpo docente vem crescendo ano a ano e, para a professora Diana Araújo, é preciso manter as características da UNILA de “salvaguardar a identidade UNILA, seu latino-americanismo”, a interdisciplinaridade e a interculturalidade. “Quando cheguei, toda banca de concurso passava por um cursinho prévio de formação sobre a UNILA, para que os professores e professoras da banca entendessem o projeto e conseguissem enxergar nos candidatos e candidatas aqueles cujos perfis somariam, incrementariam as especificidades da UNILA. Sinto muita falta de cursos, oficinas, encontros, diálogos que nos convoquem a fortalecer, coletivamente, a cláusula pétrea desta Universidade: a integração latino-americana e caribenha.”

Essa também é uma preocupação do professor José Renato. "Do meu ponto de vista, a contratação dos novos docentes (e particularmente a metodologia empregada nos concursos seletivos) poderia haver se ajustado melhor às especificidades do projeto político-pedagógico da nova universidade", diz. Para ele, o momento atual representa um risco à continuidade da proposta inicial da UNILA. "Atualmente, quando o regionalismo refluiu em todo o planeta, o problema da seleção de novos docentes tende a se agravar, não sendo desprezíveis os riscos que isso impõe para a continuidade da matriz curricular e do projeto pedagógico dos cursos oferecidos pela Universidade."

Lapas também alerta para a manutenção desse espírito unileiro. “No início, por exemplo, não éramos professores nem de curso, nem de área, éramos todos professores do que hoje é chamado de Ciclo Comum de Estudos. A UNILA não foi concebida por cursos. Foi concebida por áreas do conhecimento que atuam conjuntamente para formação de seres humanos, visando à conclusão da missão da Universidade”, analisa.

 

Em dez anos de atividades, a lista de conquistas alcançadas é grande, e cada servidor tem um olhar muito próprio para esse aspecto, porque a conquista da Universidade está ligada também às conquistas e experiências de cada um.

O professor José Renato recorda que essas conquistas podem ser medidas pelas "estatísticas que traduzem esse avanço" e estão relacionadas ao crescimento da área acadêmica. "São números vistosos, que dão uma noção quantitativa do avanço alcançado. Mas nada disso seria possível se os obstáculos iniciais não tivessem sido vencidos", diz ele. Entre esses obstáculos, José Renato cita: "Os setores contrários à expansão (e interiorização) das universidades públicas já eram atuantes naqueles tempos e estavam presentes na grande imprensa, nos partidos de oposição e nas associações empresariais que disputavam recursos públicos para as universidades privadas". Esses setores, afirma, combateram "ferozmente" a ideia de criação da UNILA. "Portanto, a principal batalha daqueles anos consistiu em desmontar esses argumentos falaciosos e afirmar o projeto integracionista da UNILA."

Cúpula Social do Mercosul, realizada em 2010 - foto: Ministério das Relações Exteriores

É possível colecionar eventos, ações, decisões que marcaram a vida da instituição em 10 anos. O professor José Renato destaca dois deles: a 10ª Cúpula Social do Mercosul, em dezembro de 2010, e o 17º Congresso Internacional do Fórum Universitário Mercosul, em setembro de 2019. "Obviamente, há um montão de outros, estritamente universitários e mais ou menos marcantes. Fico com esses dois por haver participado de ambos, sendo diretamente responsável por eles. Para mim eles são bastante significativos do projeto político-pedagógico que inspirou a criação da UNILA, comprometidos com a integração latino-americana, como sempre deveria ser o conjunto de nossas atividades acadêmicas, independentemente da dinâmica do oeste do Paraná, em que já se cogitou inserir a nossa universidade em prejuízo de sua missão latino-americanista."

Primeira manifestação dos técnicos da UNILA
Primeira manifestação dos técnicos da UNILA: reivindicação dos documentos institucionais

Claudia e Carla destacam a construção dos documentos institucionais: Estatuto, Regimento, Plano de Desenvolvimento Institucional. “A gente fez até passeata. Pode não parecer muita coisa, mas isso também foi uma conquista. E teve muita participação dos técnicos nesse processo, em toda a construção desses documentos e na exigência disso”, narra Cláudia. “Foram momentos muito bonitos, de muito debate, de conquista e até de reunir muitos servidores. Foi um marco mesmo. Todo mundo ansiava por isso”, rememora Carla, que cita diversos outros momentos, como a aula inaugural feita pelo então presidente Lula, a cápsula do tempo (a ser aberta em 2060), o apoio da Itaipu Binacional, a primeira eleição para reitor – “foi um orgulho” – e a formatura da primeira turma.

Posse dos primeiros eleitos para o CONSUN
Posse dos primeiros conselheiros eleitos para o CONSUN

Cláudia também vê, na aproximação da UNILA com a comunidade externa, uma grande conquista a ser citada. “No começo a gente recebia críticas, mas a UNILA conseguiu construir uma relação positiva com a comunidade de Foz do Iguaçu e toda a região. Mas isso não veio automaticamente, precisou muito de ações, do nosso trabalho enquanto comunidade acadêmica. É bonito de ver o quanto mudou.” Livia segue na mesma linha: "Considero que a UNILA tem se inserido gradativamente na comunidade iguaçuense, de forma mais proveitosa e efetiva. A diversidade e abundância das ações de extensão é um exemplo do papel da Universidade, em sua atuação conjunta com a população. Com isso, a UNILA vai abraçando Foz do Iguaçu, e vice-versa."

Os “laços de integração” entre a comunidade acadêmica são um aspecto destacado por Luciano Lapas. "Era um projeto com que a gente tinha uma proximidade muito grande, um debate muito intenso, tinha perspectivas bastante inovadoras. Essa relação, essa identidade com os estudantes, para aquele começo, pra mim, foi o mais forte. Era muita proximidade.”

Livia Trevisan
Livia e colegas da SECIC

Livia Trevisan aponta como destaque a manutenção da missão de formar cidadãos habilitados a contribuir para a integração da América Latina. "Acredito que uma das principais conquistas da UNILA foi manter sua vocação internacional, com a entrada contínua de estudantes de países da América Latina e Caribe, além de estudantes de outros países. Esse fato pressupõe a manutenção de uma diretriz original da fundação da UNILA, além de uma força-tarefa imensurável de todos os setores da Universidade."

Como uma das grandes conquistas nestes 10 anos de UNILA, a docente Diana Araújo cita a criação do curso de Mediação Cultural. “Acredito que a criação de um curso de graduação tão inovador como o curso de Mediação Cultural, interdisciplinar e intercultural, é fruto daquele momento em que a ousadia intelectual nos era incentivada.” Ela destaca, também, a importância do Ciclo Comum de Estudos, “de caráter transversal e propiciador dessa identidade UNILA que nos une, deste solo compartilhado que nos sustenta, seja qual for o curso estudado ou a origem cultural docente e discente”. A ampliação de vagas mediante editais específicos para indígenas e refugiados e portadores de visto humanitário também é lembrada por ela.

Lapas diz sentir saudade dos momentos iniciais da UNILA, quando o debate acadêmico tomava conta do dia a dia. “Saudade de discutir ideias, projetos em cooperação com todos, sem distinção. Mas cada etapa foi positiva no sentido de trazer a maturidade indispensável para a instituição, que é uma maturidade que ainda estamos buscando.”

Olhar para o passado para mirar o futuro. O que esperar dos próximos 10 anos para a Universidade? “Minhas expectativas são simples: que mantenhamos a utopia! Que a UNILA resista sempre aos vendavais políticos que continuarão soprando ao nosso redor, fincada na sua missão de universidade pública e gratuita, socialmente responsável. Que a nossa integração latino-americana e caribenha seja sempre pelo diálogo horizontal e criativo, pela cooperação e intercâmbio. E que possamos, ao longo das próximas décadas, colocar o nosso grãozinho de areia na história deste continente”, responde a professora Diana Araújo.

Luciano Lapas - formatura dos primeiros alunos de Engenharia Física
Luciano Lapas na formatura dos primeiros alunos de Engenharia Física

Nessa linha de pensamento, também segue Luciano Lapas. “Precisamos, nesses próximos 10 anos, ter maior identidade de nós, todos nós, servidores com essa instituição. Diluir amarras, diluir sentimentos de aversão e transformá-los em sentimentos de pertencimento, de ressignificação, com muito respeito a todos, obviamente. E construir uma instituição que seja além das ideologias”, comenta.

A integração latino-americana também guia o pensamento da servidora Carla. “Eu gostaria que nos próximos 10 anos mais pessoas da UNILA compreendessem que esse projeto é muito mais que um projeto de universidade, é um projeto de sociedade, construída sob a égide da cultura da paz, da solidariedade e da cooperação entre povos. Que as pessoas tenham outro olhar sobre o outro, sobre o diferente, sobre o estrangeiro, um olhar mais acolhedor e inclusivo.”

A melhoria da infraestrutura está no horizonte da arquiteta Livia. "Desejo que a UNILA consolide sua infraestrutura nos próximos anos, de modo a disponibilizar espaços de qualidade para o desenvolvimento da instituição como um todo. Que a UNILA aperfeiçoe seu planejamento e o trabalho coletivo dos setores, para que juntos possamos construir um campus próprio, equipado com tudo aquilo que uma Universidade Federal deve ter. E que este espaço sirva de palco para a realização de muitas outras conquistas, da comunidade acadêmica como um todo."

A construção de uma sede própria também está nas expectativas do professor José Renato Vieira. "Dos problemas não resolvidos pelas administrações anteriores – por todas elas, sem exceção – foi a falta do campus universitário o que nos causou maiores danos", comenta. "Por isso, minha maior expectativa para os próximos anos é que a 'nova' universidade venha a ter uma sede definitiva pra chamar de sua. Infelizmente os ventos sopram em sentido contrário, e o que já era difícil antes, deverá ser muito mais agora. O tempo dirá."

Uma universidade ainda mais consolidada e forte está nas expectativas de Cláudia Hilgert. “Hoje a gente já vê essa consolidação dos cursos, de toda uma institucionalização, de planejamento. Eu vejo uma caminhada difícil. Estamos passando por um momento com bem menos recursos, em que a gente precisa defender a universidade pública perante a sociedade, mas, por outro lado, a gente está bem mais fortalecido. Eu vejo a UNILA mais consolidada, bem mais fortalecida, com cursos mais atuantes, com a pós-graduação se desenvolvendo, e eu tenho uma baita esperança ainda de a gente ter o nosso espaço próprio, nossos prédios próprios. Acho que isso vai consolidar de fato a nossa autonomia. Hoje a gente olha para o passado, e eu, particularmente, fico muito feliz com o que a gente avançou.”

Para saber mais:

Leia os depoimentos dos servidores na íntegra: 

José Renato Vieira Martins
Diana Araújo
Luciano Lapas
Carla Gastaldin
Cláudia Hilgert
Lívia Iwamura Trevisan

 

FLICKR

Assista aos depoimentos em vídeo

 

Gleisson Brito, reitor

Laura Amato, docente

 

Jair Jeremias Júnior, administrador

 

Andréa Teixeira, assistente em administração

Marcelo Kapp, docente