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COP 30 inspira estudantes e reforça compromisso com transição energética

Grupo, que desenvolve projetos e participa de ações em diferentes países, teve atividade intensa na Conferência do Clima
publicado: 05/12/2025 15h30, última modificação: 05/12/2025 15h08
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Jonathan Oliveira em painel no Pavilhão da Itália

Conexão e inspiração. Se a COP 30 pudesse ser resumida em duas palavras, essa seria a definição do evento para Jonathan Ramos Oliveira, Bruno Specht e Manuela Lima D’Avila, estudantes de Relações Internacionais e Integração e integrantes do Observatório Latino-Americano de Geopolítica Energética (OLAGE), que estiveram na conferência sobre o clima, em Belém (PA). A participação dos jovens se somou a uma trajetória já marcada pela construção de parcerias internacionais, pelo fortalecimento do engajamento juvenil em energia e meio ambiente e pela defesa de uma transição energética justa para o Sul Global.

Além deles, Kauano Chales, aluno de Relações Internacionais, e Joyce Mendez, egressa do curso também estiverem em Belém, como integrantes do OLAGE, que reúne estudantes e profissionais, de diferentes áreas, do Brasil e outros países da América Latina. Ao longo da conferência, o grupo participou de painéis em sessões da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) e da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) e de discussões promovidas por três organizações que reúnem jovens (estudantes e profissionais) envolvidos em áreas específicas de energia e clima. Eles também cumpriram agendas institucionais e conversaram com autoridades do Brasil e da Colômbia.

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Bruno Specht em painel realizado no Pavilhão da Agência Internacional de Energia Atômica

“O que fica é essa experiência de conexão com outras vivências, a interação necessária para se criar correntes, para se criar movimentos que advoguem a transição energética, que tenham um senso coletivo junto ao sul global e que consigam, enfim, produzir resultados”, relata Bruno Specht. Para ele, a COP 30 foi um momento de trabalho exaustivo. “Foi muito cansativo. São muitos dias. O espaço é muito grande, a gente anda muito, a gente trabalha muito”, comentou, admitindo "certo deslumbre" com a diversidade de pessoas e de experiências “e de ver que a juventude consegue ocupar esses espaços de decisão”.

Manuela D’Ávila estava na Argentina, em agenda do Observatório, e foi direto dali para a COP. “Foi cansativo, sim, mas a COP 30 foi linda, foi inebriante. Foi o momento em que eu olhei para o lugar, eu olhei para mim e para o que a gente estava fazendo e tive a certeza que nós somos formuladores de políticas. Vamos ser as pessoas que vão formular as políticas para as próximas gerações.” Essa percepção, para ela, foi “chocante”. “Parece bobo de falar, mas é você entender que saiu de um papel passivo, de só estudar, de ler a respeito para estar ali”, afirma.

Jonathan Oliveira em painel no Pavilhão da Itália

Para ela, a participação popular – com a presença de indígenas, sem-terra, pescadores artesanais – e a proximidade com a Amazônia foram pontos de destaque. “Essa era a COP da verdade e não se faz isso sem a presença dos movimentos populares, sem que a vontade popular seja escutada”, pontua.

Mais experiente no grupo, com participação na COP 28, Jonathan reforça a importância do envolvimento popular. “Acho que o mais se destacou ali foi, realmente, a participação da sociedade civil”, concorda, lembrando que as três últimas edições da conferência foram realizadas em países que não permitiram essa interação. “Em Belém, a maior parte das intervenções estava sendo realizada num corredor, todo mundo podia ver. Foi interessante ver essa diferença.” Para ele, perceber essas diferenças e a complexidade do trabalho na preservação ambiental é inspirador. “Renova o nosso senso de urgência sobre esses temas, mas também de alguma forma inspira. É um chamado muito claro para trabalhar junto. Temos um dever coletivo.”

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Manuela (a dir) em painel promovido pela (Indian Youth Climate Network

Essa sensação de dever também permeia as impressões de Manuela. “É um dever com as pessoas, com o meu país e com o mundo que eu habito. Eu preciso fazer mais do que eu estou fazendo - e acho que já estou fazendo muita coisa. Eu vi muita gente trabalhando em conjunto, muita coisa acontecendo, muitos temas que eu nem imaginava sendo discutidos. Eu acho que preciso estudar mais, trabalhar mais, porque eu não quero ter que pensar num planeta B”, diz, fazendo referências à hipótese de a humanidade precisar buscar outro planeta por consequência das mudanças climáticas, assunto levantado em uma das atividades das quais participou.

Caminho

Chegar até a COP 30 foi resultado de um trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Observatório há alguns anos e que incluiu a estruturação de dois projetos principais, voltados para América Latina. Um deles é relacionado à educação energética e o outro foi garantir o Brasil como sede de um grande evento de energia – o Student Energy Summit – que será realizado em fevereiro de 2026, em Manaus (AM), aproveitando a atenção para a floresta Amazônica, proposta pela COP 30. 

Em relação à  educação energética, a desmistificação do uso da energia nuclear na América Latina foi o foco do projeto desenvolvido pelo grupo com parceiros de outros países, como Argentina e Bolívia, e que contou com dois fóruns para a discussão do assunto, realizados no Rio de Janeiro, na sede da Comissão Nacional de Energia Nuclear, e em São Paulo.

Outra ação foi o lançamento, na COP 30, do Latam Youth Energy Transition Hub, uma aliança latino-americana reunindo jovens do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e México para a promoção de uma transição energética justa por meio da educação, inovação e defesa de políticas públicas. O Hub faz parte da Plataforma Latino-Americana de Transição Energética, um espaço colaborativo para pesquisa, comunicação e ação climática e que disponibiliza dados de toda a América Latina com acesso fácil e gratuito. 

Com sua trajetória, o Observatório hoje tem participação em importantes organizações, incluindo a ONU, onde Joyce Mendez foi assessora juvenil para mudanças climáticas. “O Observatório foi nomeado organização de referência para a América Latina e desenvolve atividades de engajamento juvenil e de construção de políticas junto a organismos internacionais”, explica Jonathan. 

 

Debates sobre mudanças climáticas 

A Conferência para o Clima foi tema de trabalhos desenvolvidos pelo projeto de extensão “Rumo à COP 30 – As mudanças climáticas e seus impactos para a América Latina e Caribe”, que mobilizou a comunidade acadêmica e regional. O projeto teve o objetivo de preparar estudantes, docentes e comunidade para acompanhar e intervir no debate global sobre a crise climática.

Coordenado pelos docentes José Renato Vieira Martins e Danielle Moura de Araujo, o projeto também teve participação de outros docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes bolsistas e voluntários, que integram grupos de trabalho dedicados ao estudo dos efeitos das mudanças climáticas na América Latina e Caribe,  regiões que, apesar de contribuírem menos para as emissões globais, estão entre as mais vulneráveis aos impactos ambientais e sociais.A preparação incluiu a organização do ciclo de debates “Antes que seja tarde”, com especialistas e lideranças sociais; a formação de grupos permanentes de estudo e pesquisa sobre clima; intervenções e diálogos com movimentos sociais e sociedade civil em Foz do Iguaçu; atividades educativas junto a estudantes da rede pública municipal; e intercâmbio com organizações e universidades parceiras.

A partir do ciclo de debates “Antes que seja tarde”, foram produzidos quatro cadernos, reunindo reflexões sobre emergências climáticas. O primeiro número traz artigos assinados por Leonardo Boff, João Pedro Stédille e uma entrevista com Michel Löwi, que também ministraram palestras no evento – as sínteses estão disponíveis no segundo caderno. “É inegável que existe um sentimento de perplexidade diante do futuro incerto que nos aguarda. Talvez por isso, as falas dos três refletiram o assombro comum com relação a atual situação do planeta”, escreve a equipe organizadora. As palestras podem ser assistidas no YouTube.

terceiro caderno relembra o fim de Sete Quedas, em Guaíra, e as enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024. Por fim, o quarto volume elenca temas relacionados às discussões levadas à COP 30 e reflexões sobre a Carta da Terra, que completou 25 anos. “A Carta da Terra permanece como uma referência fundamental para despertar a consciência e transformá-la em ação, visando à sustentabilidade social, econômica, ambiental e cultural, com o objetivo de construir uma sociedade global justa, sustentável e pacífica, garantindo os direitos humanos, a proteção ambiental e o bem-estar das futuras gerações.” 

 

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