Institucional
Congresso discute os desafios da internacionalização nas universidades
“A UNILA já nasceu internacionalizada, com a missão e com o nome ‘Integração Latino-Americana’. Tentamos unir, no nosso fazer cotidiano, vários verbos que teoricamente podem não estar no mesmo vocabulário, mas que aqui temos de unir: internacionalizar, integrar, democratizar e incluir”, destacou a reitora da UNILA, Diana Araujo Pereira, durante a solenidade de abertura do 3º Congresso de Internacionalização da Educação Superior (Cies), que teve início nesta quarta-feira (30). O evento reúne professores, pesquisadores, estudantes e gestores de universidades do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O congresso prossegue até amanhã (1º).
Apresentando a Universidade para os participantes do congresso, Diana enfatizou que a internacionalização que a instituição busca está voltada para a América Latina e o Caribe com o compromisso de atuação no território. “A UNILA tem essa missão e esse desafio”, disse. Ela destacou a importância da Extensão para essa atuação. “Numa região trinacional, a Extensão universitária pode ser também um fator de internacionalização. Precisamos construir estratégias e normativas que vão permitir que, de fato a internacionalização na UNILA e na educação superior na América Latina se dê aproveitando as fronteiras ao invés de pensá-las como uma limitação ou como um obstáculo”, salientou.
Para a reitora, a cultura é um fator primordial para a integração e internacionalização. “A cultura é o que nos une, o que de verdade nos integra. Não necessitamos ser iguais. Temos de ser diferentes, mas aprender a estar juntos. A UNILA também é um laboratório da prática da democracia.”
A solenidade de abertura reuniu, ainda, representantes das demais instituições organizadoras do Cies: José Passarini, da Universidad Nacional de La República de Uruguay (UDELAR); Edgar Antonio Sánchez Báez, da Universidad Nacional de Asunción (UNA); e Jonicélia Cristina Araújo Vieira de Souza, da Universidad del Litoral (UNL/Argentina).
Passarini lembrou que, ao decidir pela realização do congresso, a rede de pesquisadores das quatro universidades teve a intenção de “nutrir de outras experiências” os estudos sobre mobilidade de estudantes e egressos. “À medida que avançamos, percebemos que havia muito mais ações de internacionalização que somente a mobilidade”, pontou. “A internacionalização é uma ferramenta transversal a todas as funções universitárias: ensino, pesquisa e extensão e – um passo mais avançado – a internacionalização em rede”, disse.
Para Edgar Sánchez, a internacionalização solidária é o caminho para as instituições regionais, que enfrentam muitos obstáculos e desafios, principalmente, as universidades públicas. A internacionalização, apontou, depende de um “compromisso firme” da alta gestão, que precisa vencer a resistência a novos processos. Para o avanço nas ações, de acordo com ele, é preciso institucionalizar o processo, que é transversal e deve fazer parte do plano estratégico das universidades. Além disso, diz, é preciso estabelecer uma equipe responsável pela coordenação das ações, com disponibilização de infraestrutura e recursos financeiros. “A internacionalização é cara e os recursos são essenciais. Sem isso, é pouco o que podemos fazer”, afirmou. Ele também apontou como obstáculos a burocracia dos setores responsáveis pela migração e destacou a necessidade de visibilizar os processos de internacionalização e de implantar uma cultura voltada para essa questão. “A internacionalização não é uma opção. É obrigação para a educação superior.”
Jonicélia de Souza, brasileira que atua na Universidad del Litoral, na Argentina, chamou a atenção para a necessidade da valorização dos países da região. “Vamos olhar o latino-americano, defender o nosso e, quando digo nosso, digo como latino-americana, eu que sou brasileira e argentina.” Para ela, o português e o espanhol não podem ser obstáculos para os processos de ensino-aprendizagem. “O inglês é importante, mas temos de nos valorizar e nos potencializar porque somos potências, apesar de sermos países em desenvolvimento”, disse. Ela também lembrou que, além de receber a atenção das gestões universitárias e governos, a internacionalização precisa “estar na pauta, na agenda e dentro de cada um” dos que fazem parte da comunidade acadêmica.
A coordenadora do 3º Cies, Ana Paula Araújo Fonseca, citou a expectativa de retomada do protagonismo brasileiro no Mercosul e sua relação com o evento. “É um evento simbólico no marco de um momento que o Brasil vive e que impacta a todos nós, que é a estratégia de integração pela educação. E também no momento especial da própria Universidade, com o fortalecimento de sua missão original”, disse.
Também participaram da solenidade a pró-reitora de Relações Institucionais e Internacionais, Suellen Peres de Oliveira, e o diretor do Instituto Mercosul de Estudos Avançados (IMEA), Gerson Ledezma. Na abertura, houve uma apresentação de dança típica da Bolívia por um grupo de estudantes
Programação
Nesta quinta e sexta, estão programadas mesas redondas para o debate de questões como os desafios da internacionalização em contextos fronteiriços, o acolhimento a refugiados no contexto da internacionalização e do direito à educação, e a interculturalidade para a integração regional. Confira a programação. A conferência de encerramento, tem como tema “Mercosul Educacional: retomando o protagonismo em busca de integração regional”. Participam da mesa Francisco Figueiredo de Souza, diplomata representante da Divisão de Cooperação Educacional do Ministério de Relações Exteriores do Brasil; Vinicius Scofield Siqueira, assessor para Assuntos Internacionais do Gabinete do Ministro da Educação; Fernando Sosa, da Asociación de Universidades Grupo Montevideo (Uruguai); Anahi Astur, do Programa de Internacionalización de la Educación Superior y Cooperación Internacional (Argentina) e Zully Verá de Molinas, reitora da Universidad Nacional de Asunción.
Ao final do Congresso será elaborada a “Carta de Foz do Iguaçu” com as demandas da internacionalização do ensino superior no Mercosul.