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Vida Universitária

Ações de apoio pedagógico auxiliam na permanência de estudantes internacionais e indígenas

UNILA oferece programas de tutoria e monitoria acadêmica que dão suporte na adaptação dos discentes ao novo país e à vida universitária
publicado: 06/12/2022 11h54, última modificação: 07/12/2022 23h10

Todos os anos, ingressa na UNILA um grupo muito diverso de estudantes, formado por pessoas de várias nacionalidades e culturas. Para garantir que esse corpo discente seja acolhido e se adapte à vida acadêmica da melhor forma possível, a Universidade cria mecanismos de acompanhamento e suporte pedagógico aos alunos. Recentemente, foram implantados programas de tutoria e monitoria acadêmica voltados a grupos específicos, como indígenas, refugiados e haitianos. O objetivo principal é minimizar a evasão nos cursos de graduação devido às dificuldades linguísticas, acadêmicas e às diferenças culturais.

Michaelle Dieujuste (no centro, de roxo) ao lado de seu tutor Roberto Hyppolite e outros estudantes haitianosNas tutorias voltadas para haitianos, são os próprios estudantes veteranos do Haiti os responsáveis pelo suporte aos ingressantes. “Um dos requisitos para participar do processo seletivo para se tornar tutor é ser fluente em língua francesa ou língua crioula haitiana. Esse requisito é fundamental porque uma das principais dificuldades enfrentadas pelos discentes haitianos é a questão da língua”, explicou a responsável técnica das tutorias, Francielie Moretti. Atualmente, são 8 estudantes-tutores que participam do programa  7 bolsistas e um voluntário  e que realizam, em média, 100 atendimentos mensais, que podem ser remotos ou presenciais, em todos os espaços da Universidade.

Os tutores servem como um ponto de apoio para os discentes haitianos que estão ingressando na UNILA. Eles dão suporte em questões linguísticas, apresentam aos calouros o funcionamento da Universidade, acompanham os ingressantes em questões relacionadas ao dia a dia (abertura de conta em banco, deslocamentos em Foz do Iguaçu, contrato de aluguel, etc) e, quando necessário, podem realizar acompanhamentos em sala de aula para ajudar a sanar dúvidas com professores que não falam francês.

Suporte com questões linguísticas é um dos objetivos das tutoriasPara a docente Raffaella Andrea Fernandes, a tutoria é fundamental para que esses alunos não só acessem o espaço acadêmico, mas que permaneçam nele. “Por meio da tutoria, criam-se redes comunitárias que fazem com que os ingressantes haitianos tenham onde pedir ajuda em qualquer situação em que tenham dificuldade”, destacou a professora, que é coordenadora pedagógica das tutorias. Outro ponto positivo é a visibilidade que a comunidade haitiana está ganhando na instituição. “Nós percebemos que tínhamos alunos haitianos muito inteligentes, que tiveram uma educação básica muito bem estruturada, mas que por conta da barreira da língua infelizmente não conseguiam mostrar todo o seu potencial na Universidade, porque a maior parte da nossa comunidade acadêmica não fala francês. A tutoria permite a ampliação desse diálogo e ajuda a mostrar a importância da presença haitiana na UNILA”, completou Rafaella.

Michaelle Dieujuste, do curso de Antropologia - Diversidade Cultural Latino-Americana, viu na prática a importância de contar com um tutor nos primeiros meses da vida acadêmica. Aprovada na Seleção Internacional de 2021, Michaelle fez dois semestres de aulas no formato remoto (online) e somente veio para a UNILA na metade de 2022. “Foi a primeira vez que saí do meu país, que deixei a minha família. Passei por vários momentos difíceis em que eu quis desistir porque as diferenças eram muitas. Ser acompanhada por um tutor fez com que eu tivesse mais recursos para enfrentar esses problemas, além de me colocar em contato com outros alunos haitianos e de outras nacionalidades que passaram pela mesma situação. Foi essencial para não desistir”, contou Michaelle, que é tutorada por Roberto Hyppolite, do curso de Medicina.

Parte do grupo do programa de tutorias junto com a responsável técnica do programa Francielie Moretti (ao centro, de vermelho)

Monitorias para indígenas, refugiados e portadores de visto humanitário 

Outro programa implantado na UNILA para dar suporte aos discentes é o de monitoria de ensino para estudantes indígenas, refugiados e portadores de visto humanitário, ofertado pela Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) com o apoio do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas e Práticas em Educação Intercultural (NIPPEI). Atualmente são ofertadas monitorias em Bilinguismo: Assessoria em Português e Espanhol, coordenado pela professora Maria Eta Vieira, em Letramento Acadêmico e Imersão ao Ambiente Universitário, coordenado por Laura Marcia Luiza Ferreira, e em Matemática que é coordenado por Gisele Suhett Helmer.

Uma das atividades ofertada pelo programa é a turma de Português para Indígenas Brasileiros com foco no Letramento Acadêmico, ministrada pelo professor Emerson Pereti duas vezes por semana. “Embora a maioria use o português como segunda língua, é importante pensar que o domínio do português, neste caso, muitas vezes fica restrito ou se manifesta com maior intensidade no universo oral. Sendo assim, há uma necessidade de acompanhamento e auxílio para que o discente tenha maior familiaridade com o universo logocêntrico da universidade, sobretudo no que se refere à proficiência na leitura e na interpretação e produção de textos escritos, predominantes neste meio”, relatou.

Os mesmos alunos que frequentam as aulas de português para indígenas têm acesso ao curso de “Informática doCurso “Informática do Zero" é ministrado no alojamento estudantil aos sábados Zero", ministrado no Alojamento Estudantil e que também é aberto para refugiados. Os textos que os estudantes trabalham durante a semana com o professor Emerson também são trabalhados no curso de informática aos sábados, quando os alunos praticam digitação e formatação de trabalhos, além de terem acesso a outras noções básicas de computação.

Junto com outras ações de suporte  como as iniciativas da assistência estudantil para garantir alimentação e moradia digna –, as monitorias e tutorias são importantes para evitar a evasão dos discentes mas, de acordo com o professor Emerson Pereti, os esforços da Universidade não devem parar por aí. “Não se trata de estabelecer relações de privilégio, mas de pensar que uma universidade que se pensa popular deve assumir o compromisso com a permanência e com uma educação condigna. Isso depende, fundamentalmente, de um acompanhamento planejado dos cursos em relação a essa nova realidade”, explicou. O docente citou como exemplo o excesso de textos teóricos que exigem maior tempo e empenho de alunos estrangeiros e indígenas. “Precisamos mover um pouco o conhecimento acadêmico para 'as palavras escritas no ar', como diria Antonio Cornejo-Polar. Centrar todo o conhecimento na letra disposta no papel não ajuda muito para os que se dizem representantes do pensamento decolonial ou que sonham com uma universidade mais justa e inclusiva”.

Seleção aberta para tutores e monitores

A PROGRAD lançou recentemente editais para seleção de novos tutores de alunos haitianos e também monitores para discentes indígenas e refugiados para o ano de 2023. Para candidatar-se a uma das 10 vagas de tutor, os interessados devem inscrever-se até o dia 11 de dezembro, via sistema Inscreva. O processo é regulamentado pelo Edital nº 231/2022.

Já a submissão das inscrições para o processo seletivo da Monitoria deve ser realizada até o dia 12 de dezembro. Serão selecionados até 20 monitores bolsistas nas áreas de Bilinguismo - Assessoria em Espanhol e Português; Letramento Acadêmico e Imersão ao Ambiente Universitário; e Matemática. As inscrições são realizadas pelo Inscreva e as informações sobre a seleção estão no Edital n° 234/2022.

Os discentes que necessitem do auxílio de tutores ou de monitores podem entrar em contato com o Departamento de Apoio Acadêmico ao Aluno, pelo email prograd.daad@unila.edu.br.