Institucional
“A nossa fortaleza como latino-americanos é a nossa diversidade”
“A minha visão sobre o que é América Latina pode ser dividida em antes e depois de estudar na UNILA. Apesar das diferenças e assimetrias entre nossos países, nós temos muitas coisas em comum que precisam ser reforçadas no processo de integração. É aí onde a UNILA cumpre um papel estratégico na região”. A declaração é da técnica do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Paraguai, Natália Lorena Acosta Burgos. Formada na primeira turma de Ciências Econômicas da UNILA, Natália participou, com outros egressos, de uma live comemorativa ao 10º aniversário do início das atividades acadêmicas da instituição. O grupo de seis profissionais representou os mais de mil alunos, de diversos países da América Latina, que já se formaram nos cursos de graduação da UNILA.
Alexandre Andreatta, formado em Relações Internacionais e Integração, contou que estar na UNILA fez ele se reconhecer, pela primeira vez, como latino-americano, sentimento que o motiva, até hoje, a continuar estudando e trabalhando pela região. Atualmente, Andreatta é diretor executivo do Parlamento do Mercosul. “A UNILA, pela sua singularidade, não nos proporciona apenas um título universitário. Ela nos permite conviver com a diversidade, e isso é algo que nos qualifica e nos engrandece. Você passa a compreender a realidade a partir de muitos pontos de vista, você passa a compreender, também, que a América Latina pode ser única, mas ela é diversa. A nossa fortaleza, como latino-americanos, é a diversidade”, disse Andreatta, lembrando que a turma de 2010, da qual fez parte, era formada por nacionais de quatro países (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai). Atualmente, a instituição conta com acadêmicos de mais de 32 países. “Acho que o papel mais importante da UNILA em todo o meu processo de formação é que ela me ensinou a ouvir, me ensinou a respeitar o diferente e, principalmente, a me colocar no papel dos outros. É isso que eu tento fazer no dia a dia”, salientou.
“A UNILA é de Foz do Iguaçu e Foz do Iguaçu é a UNILA”
Filha de pescadores de Foz do Iguaçu, Ewebela Fernandes foi a primeira integrante de sua família a ingressar no ensino superior. Formada em Letras, Artes e Mediação Cultural (LAMC) e, posteriormente, no Mestrado Interdisciplinar em Estudos Latino-Americanos, Ewebela acompanhou todas as transformações que a instalação da UNILA trouxe ao município de Foz do Iguaçu e região de fronteira. “A UNILA veio para trazer uma diversidade que virou vizinha, virou aquela que você encontra no mercado, aquela que você cruza no ônibus no caminho do trabalho. A UNILA trouxe novas perspectivas, inclusive econômicas, novos caminhos e horizontes. E foi todo um processo de aprendizado. A cidade teve que se olhar e aprender que a UNILA é de Foz do Iguaçu e faz parte desta cidade. E é assim que a gente caminha. Hoje somos uma cidade que se orgulha e quer estar presente na UNILA. A UNILA é de Foz do Iguaçu e Foz do Iguaçu é a UNILA”, comentou. Atualmente, Ewebela atua como arte-educadora, produtora cultural e contadora de histórias, desenvolvendo trabalhos dentro da temática das relações étnico-raciais. Como ativista, dedica-se, ainda, à promoção e defesa dos direitos dos povos tradicionais e da cultura popular, especialmente a cultura à qual pertence, pescadores e povos de Asé.
No Distrito Federal, a cientista política e socióloga Rosilene Xavier dos Santos também trabalha em projetos ligados à temática das relações étnico-raciais. Rosi, como é conhecida carinhosamente na UNILA, lembra que as primeiras pesquisas sobre esse assunto começaram ainda na graduação. “Estar em uma universidade que se propõe a uma construção de uma identidade coletiva latino-americana implica também em pensar em uma identidade negra e uma identidade indígena. Os movimentos sociais foram tema do meu Trabalho de Conclusão de Curso, no qual eu abordei o movimento hip hop como a voz de uma juventude negra e periférica na América Latina. Também trabalhei em projetos em escolas de campo, como a escola Roa Bastos, no Paraguai, trazendo a temática de movimentos sociais e de identidade”, recordou. Integrante da primeira turma de Ciência Política e Sociologia, Rosi foi a primeira aluna a chegar a Foz do Iguaçu para estudar na UNILA, no início de agosto de 2010.
A educação como motor transformador da sociedade
Foi ainda na graduação que Richard Lambrecht tomou a decisão de que queria se dedicar à docência. Estudante da primeira turma de Ciências Biológicas - Ecologia e Biodiversidade, Richard participou de projetos de pesquisa e extensão ligados à temática de ecologia de algas e qualidade das águas da região Oeste do Paraná. Hoje, 10 anos depois de ter ingressado na UNILA, Richard continua estudando esse tema no doutorado no Instituto de Limnologia da Universidade de Konstanz, na Alemanha. “A UNILA me proporcionou uma excelente formação, não apenas por conta do excelente corpo docente do curso de Ciências Biológicas, mas também pela excelente equipe técnica que sempre nos deu suporte. Tudo isso foi um incentivo para seguir a carreira acadêmica. Eu acredito muito na educação como o motor transformador da sociedade e estou buscando essa carreira para poder lecionar nessa área e trazer um pouco da visão que a UNILA me deu, uma visão mais humanista do que a gente pode fazer em relação à ciência: poder enxergar a temática dos outros, as problemáticas de outros países e outras pessoas, e chegar a soluções que possam fazer sentido para todos e gerar frutos bons para a sociedade em geral”, contou.
A engenheira paraguaia Ivaenia Giacomini, egressa do curso de Engenharia Civil de Infraestrutura, divide o seu tempo entre o trabalho em uma construtora e as aulas que ministra na Universidad Internacional Tres Fronteras, em Ciudad del Este. Ela acredita que a diversidade cultural que a UNILA proporciona em seus cursos de graduação seja um diferencial inclusive para profissionais de carreiras da área de ciências exatas, como as engenharias. “Eu percebo que consigo ter um olhar diferenciado sobre algumas questões, justamente pelas perspectivas multiculturais e diversas que vivi no meu período da UNILA. As pessoas que tiveram essa formação na UNILA são mais abertas a fechar negócios novos, têm mais facilidade para trabalhar em equipe e atuar com diferentes tipos de pessoas”, explicou. Ivaenia contou que, até hoje, ela continua em contato com colegas de diferentes países. “Até hoje temos uma extrema comunicação mesmo estando longe. São parte da minha vida profissional e pessoal. Inclusive, estamos tentando trabalhar juntos em um projeto internacional”.
A primeira geração de alunos da UNILA também aproveitou a live para mandar um recado para os estudantes que fazem parte, atualmente, do corpo discente da instituição. Ewebela Fernandes pediu aos novos unileiros que vivam intensamente a Universidade. “A Universidade é um privilégio para muita gente, é um espaço de poder, é um espaço de descoberta, é um espaço de construção coletiva, de disputa. Então, disputem uma universidade que construa saberes que integram outras perspectivas, outros grupos, outras tradições. Defendam a universidade pública, gratuita e emancipatória. A educação superior é um direito e precisamos lutar por isso, que a universidade se erga cada vez mais, sem muros e com pontes. E vivam a cidade de Foz do Iguaçu com a mesma intensidade que a gente vive a diferença e os encontros culturais da UNILA”.
Já Ivaenia sugeriu humildade, principalmente para quem está prestes a deixar a Universidade para enfrentar novos desafios profissionais e acadêmicos. “A gente sai da universidade achando que sabe muito, mas ainda temos muito que aprender. No meu caso, na Engenharia Civil, até o pedreiro sabe mais do que o engenheiro quando sai da Universidade. Então, para todos os estudantes que estão se formando, que estão saindo agora da graduação, encarem essa nova etapa com muita responsabilidade. Você tem um mundo inteiro de desconhecimento para ser explorado”.