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Saúde planetária mescla cuidados com o ser humano e com o meio ambiente

Objetivo é reduzir o impacto negativo das atividades humanas e promover a construção de uma sociedade mais sustentável
publicado: 27/06/2023 12h40, última modificação: 28/06/2023 08h39

O que a medicina tem a ver com aves que colidem com vidros nas construções urbanas? Tudo. Este envolvimento está ligado ao novo campo de estudos e movimento global chamado saúde planetária, que reúne profissionais de diversas áreas e tem por objetivo a construção de uma sociedade mais sustentável, reduzindo os impactos causados pela ação do homem.

Com esse olhar, a UNILA participa do projeto “Janelas para a biodiversidade”, que reúne vários parceiros e cuja ação mais recente foi a implantação de soluções visuais para evitar que aves se choquem com os vidros do prédio da Receita Federal, em Foz do Iguaçu, onde esse tipo de ocorrência era frequente. As janelas receberam aplicação de adesivos circulares, que evitam que as aves confundam o reflexo dos vidros como espaço natural. “Saúde planetária envolve a relação da saúde humana com a saúde do meio ambiente, do planeta, dos sistemas”, explica o médico e docente da UNILA, Roberto de Almeida, coordenador do projeto de extensão “Promoção da saúde planetária no contexto de atenção primária ambiental”, participante do “Janelas para a biodiversidade”.

Segundo ele, o Brasil não tem estatísticas sobre o número de aves que colidem em janelas e panos de vidro nas cidades, mas dados de pesquisas dos Estados Unidos mostram que chegam a milhões a cada ano. A biodiversidade, explica, é uma das dimensões da saúde planetária, que envolve também questões como a mudança do clima e o uso da terra. “A humanidade está afetando o planeta em várias áreas e isso não só vai nos afetar de alguma forma daqui há algum tempo, como já percebemos problemas de saúde, por exemplo, relacionados à mudança climática e à perda da biodiversidade.”

Além de participar das discussões técnicas que levaram à solução encontrada para o esse prédio na cidade, o projeto de extensão da UNILA também apoiou a equipe da Receita Federal, coordenada por Hipólito Kaplan, na construção de um banner informativo sobre como as pessoas podem contribuir com ações relacionadas ao tema. Esse material será reproduzido e distribuído nas escolas do município, também parceiro no projeto "Janelas pela biodiversidade", junto com o Instituto Ambiental, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip).

“Os seres humanos afetam a biodiversidade de várias maneiras e é importante orientar cada vez mais a população sobre ações práticas para reduzir essa perda. Tudo isso está relacionado com a saúde planetária, que tem um lema que é ‘nossa saúde depende do ambiente’”, destaca Almeida. “O planeta tem limites e, à medida que vamos passando esses limites, vamos colocando em risco o equilíbrio dos ecossistemas. Quando destruímos espécies, diminuímos a reserva, vamos dizer assim, dos potenciais benefícios”, completa.

Futuramente, o "Janelas para a Biodiversidade" deve integrar-se ao aplicativo iNaturalist para estimular a comunidade a monitorar as colisões de aves com janelas. “Com o aplicativo, quem presenciar uma ave bater em um vidro pode registrar e nos ajudar a ter dados quantitativos, locais e situações. A ideia é começar a divulgar para que as pessoas possam fazer esse tipo de ação consciente. E nós, Universidade, podemos analisar esses dados”, pontua.

A promoção da saúde planetária é interdisciplinar, reforça Roberto de Almeida. “Não é só da medicina. Não é só do meio ambiente. Envolve economia, envolve todas as áreas do conhecimento que precisam se mobilizar e contribuir. A Universidade também precisa se envolver nessa questão”. E esse envolvimento requer pressa. “Estamos vendo que o impacto da ação humana está em um ritmo acelerado. Nossa geração já está sofrendo muito com isso. Temos de preparar os profissionais que saem da UNILA para este comprometimento”.