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Revistas científicas da UNILA ganham destaque em avaliação feita pela Capes

Espirales, Educação Química en Punto de Vista e Ludus Scientiae obtiveram conceitos de alto desempenho
publicado: 15/02/2023 10h55, última modificação: 16/02/2023 12h37

Três periódicos científicos da UNILA obtiveram bom desempenho no Qualis (avaliação do quadriênio 2017-2020), o sistema de classificação de periódicos para a avaliação de programas de pós-graduação. As revistas científicas da área de Humanas e Sociais Aplicadas - Espirales (conceito A1), e duas da área de Ensino em Química e Educação em Ciências - Educação Química en Punto de Vista (conceito A3) e Revista Eletrônica Ludus Scientiae (conceito A4) obtiveram destaque em avaliação realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao MEC.

O reconhecimento vem em um momento propício de aposta na importância dos periódicos para a publicização de pesquisas no contexto latino-americano e caribenho. Em 2021, o Conselho Universitário aprovou a Política de Periódicos Científicos da UNILA, cuja proposta é aprimorar a qualidade e a visibilidade das publicações científicas que tenham periodicidade definida e que sejam editadas e produzidas no âmbito da Universidade.

As atuais revistas científicas editadas na UNILA podem ser acessadas na página de Revistas da UNILA, até que seja criado o futuro Portal Institucional de Publicações, que está em fase de elaboração, de acordo com informações da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG). O periódico mais antigo publicado por pesquisadores na instituição é a Orbis Latina, lançado em 2012. Atualmente está vinculado ao PPG de Políticas Públicas e Desenvolvimento e na avaliação do último quadriênio, o periódico recebeu Qualis B1.

Avaliação dos destaques

A Revista Espirales foi criada em 2017 e desde então tem mantido a regularidade na publicação de dois números anuais. O editor João Roberto Barros II diz que desde o início a Espirales tem trabalhado para a melhoria dos trabalhos editoriais, bem como para elevar a qualidade dos textos publicados. “Mesmo com essa postura, foi uma surpresa para nós receber essa nota”, comemora. A revista está vinculada ao PPG de Integração Contemporânea da América Latina e recebeu conceito A1 nessa avaliação. 

João Roberto diz que entre as principais características da revista está o foco editorial na integração latino-americana e, para isso, o periódico procura publicar análises críticas sobre a realidade nas áreas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. A última edição da revista foi publicada em dezembro do ano passado, consistindo no Dossiê “Histórias e estudos decoloniais/anticoloniais em Abya Yala”.

As duas outras revistas científicas que receberam estratificação de alto impacto têm a pesquisadora Maria das Graças Cleophas como editora. A Revista Eletrônica Ludus Scientiae (RELuS) teve lançamento da primeira edição também em 2017 e a editora responsável pela publicação conta que a proposta surgiu para divulgar pesquisas sobre jogos e atividades lúdicas relacionadas ao ensino das ciências (Química, Física e Biologia) no âmbito latino-americano e caribenho “por reconhecer que esse nicho de atividade é um campo frutífero de pesquisas no Brasil e no mundo, já que evidências são fortemente relatadas sobre os benefícios da didatização lúdica para o desenvolvimento de habilidades cognitivas na área de educação científica”, diz.

Quanto à Revista Educação Química en Punto de Vista (EQPV), ela conta que seu marco inicial foi catalisado pelo nascimento da Rede Latino-Americana de Pesquisa em Educação Química em 2014 em parceria com pesquisadores nacionais e internacionais da área. A publicação do primeiro volume do periódico aconteceu em 2017, considerado “um pontapé exitoso para galgar caminhos promissores na publicização de pesquisas relevantes sobre o ensino de Química”. 

Maria das Graças Cleophas destaca que as equipes mantiveram com afinco e muito suor a regularidade nas publicações das revistas desde 2017, quando iniciaram as atividades editoriais, publicando com regularidade dois números por ano. Visando acompanhar as tendências mundiais adotadas por periódicos científicos de alto impacto, a partir de 2022 a equipe editorial passou a empregar o sistema Ahead of print (OAP) nas publicações das duas revistas. “Desse modo, é possível disponibilizar, antecipadamente, os artigos aprovados e editados com o objetivo de agilizar a comunicação científica das pesquisas que descrevem resultados e descobertas recentes e condizente com os seus focos e escopos". Ela explica que assim que um manuscrito é aprovado e revisado pelos autores, a editoração é realizada e, prontamente, o texto é publicado imediatamente com o DOI, fornecendo um identificador único para publicações.

Quanto aos conceitos Qualis obtidos pelas duas publicações, Maria das Graças aponta que o resultado denota a ala qualidade do seu fluxo editorial. “Estes resultados brindam um trabalho feito com muita dedicação para contribuir na promoção do progresso da ciência, amor, paciência, zelo, apoio dos avaliadores, corpo editorial e autores”, diz. E destaca, também, o fato das publicações contarem com editores de diferentes instituições públicas federais, o que evita a endogenia do processo editorial; e a credibilidade das revistas, que estão indexadas em bancos de dados relevantes que favorecem um pleno alcance nacional e internacional.

Desafios e persistências 

“Um dos principais desafios da pesquisa científica é compartilhar o conhecimento e, nesse sentido, as revistas científicas possuem um papel muito importante. Estamos muito contentes que revistas, diretamente relacionadas a UNILA, tenham tido Qualis com estratos elevados de qualificação”, diz o pró-reitor adjunto da PRPPG, Márcio Góes.

Os editores das publicações são unânimes em elencar as dificuldades enfrentadas para manter a regularidade e qualidade do que é produzido. De acordo com João Roberto, da Revista Espirales, o maior desafio é a falta de suporte institucional adequado e que seria importante contar com uma equipe responsável pela editoração e diagramação dos textos, assim como pela manutenção do site da revista. “Isso proporcionaria à equipe editorial se dedicar a sua principal tarefa: selecionar os textos, ou seja, cuidar da parte do conteúdo e isso é muito importante. Seria interessante que a instituição desenvolvesse uma política editorial robusta que contemplasse os periódicos", defende.

Maria das Graças segue a mesma linha, afirmando que os editores assumem diferentes funções para garantir que as revistas possam continuar na ativa e, sobretudo, evoluindo em sua qualidade. “É necessário que haja mais iniciativa da instituição em fornecer apoio aos periódicos da UNILA e o apoio pode ser dado por diversos meios, desde financeiros para arcar com custos do DOI para cada artigo publicado, além de apoio técnico como a atuação de bolsistas que pudessem ajudar no processo de formatação, revisão gramatical, análise anti-plágio e outras atividades indispensáveis”.

O pró-reitor Mácio Góes reforça que a Política de Periódicos Científicos, já aprovada, visa regulamentar alguns aspectos das revistas e dar, sobretudo, possibilidades para que as pró-reitorias de Pesquisa e Pós-Graduação e de Extensão possam dar suporte. “Neste sentido, esperamos que, após a liberação do orçamento em 2023, a gente consiga promover ações concretas para as revistas científicas da UNILA que estão de acordo com a resolução”.