Institucional
Revistas científicas consolidam-se com grupos de pesquisa e a pós-graduação
A formação de grupos de pesquisa e a constituição de programas de pós-graduação são aspectos que contribuem para a consolidação de revistas científicas na Universidade. Esses fatores também influenciam o desenvolvimento de periódicos na UNILA, cujas linhas editoriais apresentam consonância à filosofia e vocação da Instituição, de propor um debate acerca de questões latino-americanas, de epistemologias do Sul, de interculturalidade, entre outras - embasadas em contexto interdisciplinar.
“As revistas são consequência natural da expansão e consolidação dos programas de pós-graduação da Universidade, local onde existe rotina de pesquisa e de trabalho de publicação. Além disso, nos programas, mesmo com mudanças de professores, a revista apresenta uma continuidade e agilidade necessárias para se consolidar”, avalia o chefe de pesquisa da UNILA, Rodrigo Cantu de Souza.
Um exemplo é a revista Orbis Latina, uma das primeiras a serem criadas na Universidade e que nasceu em 2011 com o objetivo de publicar resultados do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Racionalidades, Desenvolvimento e Fronteira (GIRA). Com o intuito de ampliar a divulgação e atrair mais artigos, ela foi inserida no escopo do programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Desenvolvimento da UNILA. O periódico consta na Qualis Capes desde o primeiro número e, hoje, apresenta qualificação em oito áreas, com classificações B4 e B5. “Trabalhamos no sentido de aumentar nossa avaliação na Capes e figurar nas bases de dados nacionais e internacionais. A revista já consta nas bases Latindex, Portal de Periódicos da Capes e Livre”, contextualiza o editor da Orbis Latina, Gilson de Oliveira, docente do curso de Ciências Econômicas da UNILA.
A Qualis da Capes é um instrumento que avalia a produção intelectual dos programas de pós-graduação a partir da análise da qualidade dos veículos de divulgação, ou seja, dos periódicos científicos. Eles são enquadrados em estratos indicativos da qualidade, de A1 a C, sendo A1 o estrato mais elevado. Um dos critérios para avaliação da Qualis é, entre outros, periodicidade correta, avaliação cega por pares, diversidade de instituições de origem dos autores dos artigos e presença em importantes indexadores – que, além de serem marcadores de reputação da revista, são portais de busca da produção científica.
“A Capes e o CNPq são financiadores de revistas no Brasil. É muito importante porque é um pouco da característica do modelo brasileiro, diferente do anglo-saxão, cujas revistas são financiadas por iniciativa privada, com necessidade de taxas para submeter e acessar os artigos. No nosso caso, uma vez que são financiados com dinheiro público, os artigos são de caráter público”, explica o docente Rodrigo Cantu de Souza.
Academia e sociedade
As revistas também contribuem para superar um dos desafios centrais do pesquisador, que está na publicação do resultado do seu trabalho, como aponta o docente Gilson de Oliveira. “De forma geral, um periódico científico faz a ligação entre a academia e a sociedade, pois é um meio de publicizar os resultados de importantes pesquisas. No caso da Orbis Latina, uma publicação on-line, com acesso e downloads gratuitos, já registramos mais de 44 mil impressões e visualizações de pessoas de vários países”, destaca.
A professora Maria das Graças Cleophas também enfatiza o papel dos periódicos na promoção do acesso aberto ao conhecimento científico. “Assim, os periódicos promovem uma alfabetização científica e tecnológica para a formação de cidadãos crítico-reflexivos, além do aprimoramento das discussões teórico-metodológicas sobre as temáticas que se propõem a contribuir academicamente”, opina a docente, que é editora das revistas Educação Química em Punto de Vista e Ludus Scientiae, vinculadas à Universidade. Ainda segundo Cleophas, as revistas colaboram também para o processo de internacionalização do conhecimento científico, por meio da divulgação e qualificação dos periódicos científicos publicados na Universidade. “Elas ainda contribuem para a propagação do nome da UNILA no que tange à divulgação de periódicos científicos”, avalia.
Interdisciplinaridade
O caráter interdisciplinar e as linhas editoriais que destacam questões integracionistas da América Latina são algumas das características presentes nas revistas vinculadas à UNILA. Criadas no ano passado, as revistas Educação Química em Punto de Vista e a Ludus Scientiae são direcionadas ao público de pesquisadores e professores de todos os níveis de ensino, além de estudantes de graduação e pós-graduação. A ideia desses periódicos é a de disseminar práticas exitosas ou pesquisas que contribuam para a formação docente - seja ela inicial ou continuada -, agregando melhorias na qualidade da educação científica em países latino-americanos e caribenhos, objetivos consonantes com o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da Universidade.
“Em relação ao viés interdisciplinar, a Ludus Scientiae apresenta um caráter mais acentuado no que diz respeito à transversalidade e à interdisciplinaridade, uma vez que publica artigos sobre jogos e atividades lúdicas aplicados ao ensino das Ciências (Química, Física e Biologia) e preza pelas inter-relações existentes em cada área. Entretanto, a Revista Educação Química também fomenta discussões que dialogam com diferentes subáreas atreladas ao ensino da Química, primando, assim, pela transversalidade que as dimensões pedagógicas da Química possuem”, explica Maria das Graças Cleophas.
A característica interdisciplinar e a formação diversificada de professores e estudantes do Programa de Pós-Graduação em Integração Contemporânea da América Latina (PPG-ICAL) têm propiciado um intercâmbio de conhecimento de áreas distintas. Nesses diálogos, diagnosticou-se a necessidade de amplificar as discussões de sala de aula e criar uma ferramenta de interação com pessoas interessadas pelos temas desenvolvidos em pesquisas e projetos de discentes. Assim, estudantes criaram, no início do ano de 2017, o projeto Revista Espirales.
Dentro do tema do dossiê “Integración latinoamericana y caribeña: caminos, perspectivas y posibilidades”, a discussão desse projeto agregou discentes de diferentes turmas, e foi criada uma chamada de trabalhos alcançando 39 investigadores, de cinco países diferentes, contabilizando mais de 40 trabalhos para as quatro seções da revista - Espacio Crítico, Experiencias, Expresiones Artísticas y Culturales, Dossier. Uma característica marcante da publicação está na aposta editorial de abranger múltiplos formatos de escrita e expressão, com artigos e ensaios científicos complementados por textos de ficção, poesias e fotografias, que reflitam sobre disciplinas como História, Economia, Relações Internacionais, Literatura, Ciência Política e Comunicação.
Vocação da UNILA
O caráter interdisciplinar é um aspecto que se destaca desde a criação da primeira publicação na Universidade. A pioneira Sures, criada em 2011, nasce com a proposta de apoiar a pesquisa interdisciplinar e de ser um espaço aberto à comunidade acadêmica, para gerar reflexões de caráter transnacional sobre temas relativos às relações interculturais. A revista trabalha com dossiês que gravitam em torno de um eixo temático, promovendo, nesse sentido, uma articulação em rede através dos temas propostos. “A Sures foi pensada para a articulação de professores e diálogos acadêmicos interdisciplinares que falam da América Latina desde a perspectiva do Sul, coerente com a proposta da UNILA e a política do Mestrado Interdisciplinar em Estudos Latino-Americanos (IELA)”, diz Diana Araújo, integrante do conselho editorial da Sures e docente do curso de Letras – Artes e Mediação Cultural.
Também com essa perspectiva, a revista Epistemologias do Sul nasce a partir da formação de um grupo de pesquisa da UNILA, homônimo à revista. Ela tem como objetivo contribuir para uma maior aproximação do pensamento social e político dos continentes latino-americano, africano e asiático, com ênfase nos estudos pós-coloniais, decoloniais e subalternos. “Em que pese a heterogeneidade das experiências históricas desses continentes, há em comum a herança colonial/imperial decorrente dos processos de dominação e exploração europeus”, aponta o editor responsável pela revista, Marcos de Jesus Oliveira. Ainda segundo o docente, reconhecer isso é um passo importante para a construção de um pensamento politicamente comprometido com a libertação, cujo processo não é apenas econômico, mas também epistêmico. “Nesse sentido, o grupo de pesquisa responsável pela revista acredita que ela está em sintonia com a vocação latino-americanista e intercultural da UNILA”, afirma.
Confira algumas das revistas vinculadas à UNILA, na página: https://revistas.unila.edu.br/