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Residência Multiprofissional da UNILA colabora com a Estratégia de Saúde da Família em Foz

Por ano, 12 novos profissionais de seis áreas passam a atuar diretamente com a população na prevenção, reabilitação, cuidado e educação em saúde
publicado: 08/09/2025 10h31, última modificação: 08/09/2025 12h00
Exibir carrossel de imagens Graduada em Psicologia, a residente Vitória [na cabeceira, ao lado dos atendidos] atende crianças e idosos

Graduada em Psicologia, a residente Vitória [na cabeceira, ao lado dos atendidos] atende crianças e idosos

Um profissional que conheça bem o território em que atua e seja capaz de fazer articulações e proposições. Este é um dos perfis esperados pelos acadêmicos do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, curso de pós-graduação oferecido pela UNILA que tem colaborado com o atendimento em Foz do Iguaçu. Criado para oferecer formação baseada no cuidado integral à saúde de todos os membros da família, o programa recebe, a cada ano, 12 novos residentes de seis áreas distintas. Profissionais que atuarão não apenas na Atenção Primária, mas também em serviços especializados e hospitalares. A seleção para a residência ocorre por meio do Exame Nacional de Residência (Enare) e os selecionados terão direito a bolsas financiadas pelo Ministério da Educação (veja abaixo).

Por ter duração de dois anos, na prática a pós-graduação mantém, no âmbito do Sistema Único (SUS), 24 residentes. Ao mesmo tempo em que reforçam os atendimentos em Foz do Iguaçu, tendo uma perspectiva voltada à promoção e à prevenção na área da saúde, eles conhecem as particularidades da atenção na região de fronteira trinacional. Anualmente, são oferecidas vagas a graduados em Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, Odontologia e Saúde Coletiva. Com exceção desses últimos, todos são inseridos nas equipes de Saúde da Família, atuando nas unidades básicas de Foz do Iguaçu. “Todos atuam com preceptores. Profissionais designados pela Prefeitura que fazem a supervisão desses alunos em campo”, explica a coordenadora da Residência, Geiza Lemos Hein Sant Anna. Já os graduados em Saúde Coletiva são inseridos, em maior grau, nas equipes de gestão.

Além das UBS, os futuros especialistas em Saúde da Família na modalidade Residência – título recebido ao final do curso – podem excepcionalmente atuar em serviços como o CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), Consultórios de Rua e em grupos de orientação e educação em saúde. O atendimento se estende também ao Programa Saúde na Escola (PSE), desenvolvido em conjunto pelas Secretarias Municipais de Saúde e de Educação.

UBS _ VILA C
UBS da Vila C Nova é uma das que recebem residentes do programa (Fotos: Moisés Bonfim)

 Território trinacional

 Conforme Geiza, quando se trata de Estratégia de Saúde da Família (ESF), obrigatoriamente há uma vinculação à região em que este está inserido. Por esta razão, o Programa de Residência Multiprofissional da UNILA tem como diferencial justamente aproximar os residentes das especificidades sociais e culturais da fronteira. “Além disso, considerando o território, acho que o primeiro diferencial é a questão do desafio da implantação da Estratégia de Saúde da Família (ESF)”, contextualiza. Para ela, os residentes têm um papel ativo em relação à transformação desse cenário e à valorização da Estratégia no município. “Eles têm um papel com muita responsabilidade também”.

Preceptora – profissional responsável pela supervisão dos residentes de uma determinada área – a psicóloga Angela Gisele Cardin reforça a análise de Geiza. Em sua avaliação, além dos desafios culturais, o atendimento apresenta ainda especificidades típicas da região trinacional, como a população flutuante e até mesmo especificidades epidemiológicas. Como explicou, esse contexto é reconhecido no próprio Projeto Pedagógico Curricular da especialização, “o que faz com que o residente tenha uma formação com visão ampliada, crítica e transformadora, capacitada para lidar com realidades multiculturais e dinâmicas da fronteira”.

Conforme Angela, os residentes da sua área atuam vinculados às Unidades Básicas de Saúde (UBS) e integram as equipes multidisciplinares. Com isso, apoiam as equipes de Saúde da Família com acolhimentos, grupos, visitas domiciliares e ações de promoção em saúde. “A atuação do psicólogo residente no contexto da ESF/PSF insere-se quase que totalmente na Atenção Primária. Salvo quando o aluno se mostra interessado em conhecer outros equipamentos da RAPS [Rede de Atenção Psicossocial]”, comenta narra.

 Residentes

 

Vitória
Graduada em Psicologia, a residente Vitória [na cabeceira, ao lado dos atendidos] atende crianças e idosos
Graduada em Psicologia, Vitória Lima da Silva está à frente do Grupo Ginástica da Mente da UBS da Vila C Nova — região Norte da cidade. A iniciativa tem como fim a estimulação cognitiva de idosos. Acadêmica do segundo ano da Residência, ela avalia que a experiência a ensinou muito sobre flexibilidade e criatividade. “Nós atendemos desde crianças pequenas até idosos. Por isso, eu preciso ter um pouquinho de conhecimento de cada uma dessas etapas. E eu não teria se não tivesse essa exigência [da Residência] na minha prática do dia a dia”, conta.

Egresso de Saúde Coletiva pela UNILA (2012) e do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família (2016), o sanitarista Carlos Arenhart hoje atua como professor temporário no curso, além de ser tutor dos quatro sanitaristas pós-graduandos. Segundo o docente, cabe a eles desenvolver a integração das técnicas profissionais por meio do trabalho em gestão de Saúde da Família e contribuir com as equipes na ESF. 

 Além disso, os profissionais executam ações na área da Vigilância Epidemiológica. Seja na produção de boletins epidemiológicos, de doenças e agravos não transmissíveis, ou na contribuição e apoio ao Programa Municipal de Imunização. Nessa ação, além de terem uma visão ampla de Saúde da Família, os residentes adquirem bagagem para compreender as políticas e ações de saúde na fronteira e intervir se necessário. “A fronteira é muito desigual no acesso à saúde. Isso nos três lados. Nesse sentido, esse profissional vem contribuir bastante para o reconhecimento da defesa do direito à saúde”, contextualiza.

Esta ação de defesa dos direitos é corroborada até mesmo pela vocação natural da UNILA, avalia Arenhart, que vê a instituição como promotora do desenvolvimento regional no âmbito da saúde pública.