Extensão
Livro "Cinelatino: imagens da América Latina a serem decifradas" traz reflexões sobre o pluralismo do cinema latino-americano
O projeto de extensão Cineclube Cinelatino, da UNILA, abre espaços para diálogos sobre o pluralismo do cinema latino-americano, por meio de exibições de filmes, seguidas de debates, com a participação de integrantes da comunidade acadêmica da Universidade. Algumas reflexões que emergiram desses espaços, a partir da sétima arte, estão presentes no livro digital Cinelatino: imagens da América Latina a serem decifradas, publicado pela EDUNILA e organizado pelos docentes Leonardo Name e Tereza Spyer. O lançamento será nesta sexta-feira (4), às 19h, em uma live transmitida pelo canal do Cinelatino no YouTube, e contará com a participação de autores dos artigos que compõem o livro. A obra já está disponível gratuitamente para download.
O livro traz análise de 14 filmes, que gravitam em torno dos temas da violência e direitos humanos; arquitetura e cidade; gênero, poder e identidade; cotidiano, política e sobrevivência. São, portanto, quatro sessões temáticas, com artigos produzidos por debatedores que participaram, entre 2012 e 2017, de mostras e ciclos do Cinelatino. Esse projeto de cineclube tem como proposta central promover a construção de um pensamento crítico-reflexivo sobre as produções audiovisuais – sobretudo da América Latina –, com temáticas contemporâneas que ajudem a ampliar o olhar sobre essa região.
“Desde o início procuramos pensar temas mais insurgentes, isto é, temas que tivessem capilaridade, relação com os debates que já estavam ocorrendo fora da Universidade, debatidos pelos movimentos sociais, pela sociedade civil, tais como gênero, racismo estrutural, juventude na luta pela educação pública, violência urbana e religiosidade dentro do mundo político latino-americano. Nesse sentido, os ciclos temáticos e mostras têm relação direta com os temas pungentes dos seus próprios contextos”, explica a docente do curso de Relações Internacionais da UNILA Tereza Spyer, coordenadora do projeto de extensão Cinelatino.
Olhar multidisciplinar e multicultural
O Cineclube Cinelatino, que nasce com um olhar multidisciplinar, imprime esse viés também no livro, com contribuições de autores de campos diversos do conhecimento. A obra traz análises de filmes argentinos e brasileiros, em maior número, além de produções da Bolívia, Venezuela, de Cuba, do México, Peru e Uruguai. Esse caráter multicultural evidencia o intuito do Cinelatino, de também formar um público cineclubista e ampliar o conhecimento e o debate com ênfase nas produções latino-americanas – e suas especificidades –, historicamente marginalizadas e que estão fora do escopo do cinema hegemônico, como o hollywoodiano.
Na apresentação do livro, os organizadores destacam a importância da perspectiva comparatista no pensamento do cinema produzido no mundo – em especial no escopo Sul-Sul (América Latina e Caribe, África e Ásia) – e também frisam que o propósito do projeto Cinelatino e do livro não é suprimir as diferenças. “Ao contrário, permite-nos decolonizar o conhecimento e questionar a construção das diferenças. O processo de autoconhecimento, afinal, realiza-se à medida que nos permitimos conhecer o Outro (binômio identidade/alteridade) que, simultaneamente, está tão longe e tão próximo. O cinema, portanto, devido a suas peculiaridades como expressão artística, é um excelente meio de autoconhecimento e de conhecimento do Outro”, apontam.
Projeto de extensão
Criado em 2012, o Cineclube Cinelatino segue atuante com suas atividades e, por conta da pandemia, está atualmente realizando sessões e debates on-line. Segundo Tereza Spyer, a longevidade e a trajetória desse projeto podem ser consideradas uma conquista. “Vários cineclubes, infelizmente, têm enfrentado muitas dificuldades nos países da América Latina e Caribe. Muitos deixaram de existir desde o começo dos anos 2000, inclusive cineclubes universitários. Então o fato de estarmos ativos desde 2012 e com um público fiel, que participa constantemente das nossas atividades, é a nossa principal conquista”, afirma a docente.
O projeto foi recebido por alguns espaços culturais de Foz do Iguaçu e também realizou exibições na própria sede da UNILA. Encontrar um lugar de exibição foi um dos principais desafios desse projeto de cineclube, que contribuiu para a formação de público e ampliação do cenário cultural da região. “O Cinelatino tem contribuído para oxigenar a vida cultural e fomentar a cultura cinematográfica da comunidade da Tríplice Fronteira (Foz do Iguaçu, Ciudad del Este e Puerto Iguazú)”, conclui Tereza Spyer.