Pesquisa
Projetos de extensão e pesquisa da UNILA atuam no combate à dengue
A dengue é uma doença que só pode ser combatida coletivamente. De um lado, é necessário que a população tenha os devidos cuidados em casa para evitar o surgimento de criadouros do Aedes aegypti. Por outro, trata-se de uma endemia multifatorial, e por isso também são necessárias ações por parte do poder público.
Neste contexto, a universidade pública surge como um importante ator, produzindo pesquisas e executando projetos de extensão que, por um lado, fornecem dados científicos confiáveis ao próprio poder público e fortalecem ações já em andamento e, por outro, levam conhecimento para a população em geral, para que cada um possa fazer a sua parte.
Na UNILA, pesquisadores têm se engajado nesse trabalho através de projetos de pesquisa, de extensão e de divulgação científica. Um desses projetos é o Ecologia e Saúde, criado em 2021 e coordenado pela professora Ana Alice Aguiar Eleuterio. O projeto faz parte do Programa Interinstitucional de Ciência Cidadã na Escola (PICCE), no contexto do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Paraná Faz Ciência, financiado pela Fundação Araucária. “Essa inserção é essencial para garantir a continuidade das atividades e evitar interrupções que prejudiquem a consolidação das iniciativas”, destaca a docente.
Educação e formação de professores
O Ecologia e Saúde trabalha capacitando professores e agentes de saúde para atuar no monitoramento da dengue por meio da Ciência Cidadã. Conforme explica Ana Alice, a metodologia envolve atividades práticas em escolas, a produção de materiais didáticos e um curso de formação para professores, intitulado "Práticas de Ciência Cidadã para Monitoramento da Dengue". Atualmente, a segunda turma do curso está em andamento e novas edições estão previstas para este ano.O curso tem atraído não apenas professores, mas também profissionais da saúde, como agentes de zoonoses. “Nosso público-alvo inicial eram os professores, mas percebemos que também há interesse por parte de profissionais da saúde que lidam diretamente com a prevenção de arboviroses”, explica.
Com a pandemia da COVID-19, o projeto, que inicialmente era previsto para ocorrer todo presencialmente, precisou se adaptar e investiu na produção de conteúdo digital. Foi criado, então, o portal Ecologia e Saúde, que serve como repositório de materiais educativos, além de um perfil no Instagram, utilizado para divulgação científica e interação com o público.
Além das redes sociais, o projeto também desenvolveu materiais de apoio, como um manual de uso de um aplicativo para coleta de dados sobre hábitats de mosquitos e um capítulo de livro dentro do PICCE. Esses materiais ajudam professores e alunos a compreender a problemática da dengue e a desenvolver iniciativas práticas de monitoramento.
Com a expansão do projeto e a formação de novos multiplicadores, a expectativa é que a metodologia se dissemine cada vez mais, fortalecendo a prevenção da dengue e a educação científica em escolas e comunidades.
Parcerias e novas iniciativas
Outro projeto relevante na temática da dengue é o “Conhecendo Aedes aegypti e Aedes albopictus: os mosquitos de vários vírus”, que tem sido desenvolvido continuamente desde 2013. Coordenado pela professora Elaine Soares com o apoio de Carmen Gamarra e Cristian Antonio Rojas, o projeto atua em duas frentes principais: a formação de extensionistas – alunos da UNILA de diversos cursos, como Saúde Coletiva, Biologia, Biotecnologia e Medicina – e a realização de atividades educativas em escolas municipais. “Após um período de dois meses de trabalho, os estudantes dessas escolas compartilham os conhecimentos adquiridos com seus colegas e a comunidade, atingindo entre 200 e 500 alunos diretamente e impactando um número ainda maior indiretamente”, relata o professor Cristian Rojas.
Além das ações educativas, o projeto desenvolve cursos e palestras voltadas para professores, estudantes e a comunidade, sempre com o apoio do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). As escolas participantes incluem Padre Luigi, Jorge Amado, Érico Veríssimo, Josinete, Zizo e Cândido Portinari, com algumas delas recebendo o projeto diversas vezes ao longo dos anos.
Na área da pesquisa, o professor Cristian Rojas, juntamente com a mestranda Maria Vivanco e o apoio da Itaipu Binacional, está desenvolvendo um sistema de detecção do vírus da dengue em amostras de esgoto, utilizando a tecnologia CRISPR/Cas12. Além disso, em 2024, a equipe SynFronteras está elaborando uma metodologia para evitar a dispersão do vírus da dengue por meio da Biologia Sintética. O objetivo é participar da competição internacional IGEM, promovida pelo MIT e realizada anualmente em Paris, onde universidades renomadas do mundo inteiro apresentam suas inovações científicas. O SynFronteras já participou da competição em 2021 e 2023, obtendo excelentes resultados.
Com essas e outras iniciativas e colaborações, os projetos de extensão e pesquisa da UNILA seguem fortalecendo a educação, a ciência e o combate à dengue na região.