Institucional
Plano Municipal da Mata Atlântica pode fortalecer o turismo em Foz do Iguaçu
Aprovado em julho de 2020, o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Foz do Iguaçu (PMMA) poderá fortalecer atividades econômicas fundamentais para a cidade de Foz do Iguaçu e o Oeste do Paraná, como o turismo e o setor agroindustrial. De acordo com análises dos integrantes do Observatório Educador Ambiental Moema Viezzer (OEAMV), por garantir a preservação e a recuperação da Mata Atlântica, o PMMA abre espaços para o desenvolvimento e a instalação de atrativos turísticos vinculados ao patrimônio socioambiental, atraindo um novo perfil de visitante e possibilitando aumentar a permanência do turista na cidade.
Mário Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, explica que o PMMA pode ser um instrumento determinante para o crescimento da economia local. “Ele não incide em todo o território do município, ele incide nas áreas prioritárias de conservação que possam fazer as conexões, como está no projeto, e que vão valorizar os ativos do município, como o turismo, a questão da água, a agricultura, a conservação, a proteção”, explicou.
Ao valorizar as áreas verdes distribuídas no município, Foz do Iguaçu poderá desenvolver, por exemplo, novas modalidades de turismo, como ecoturismo, turismo de base comunitária, turismo educacional ao ar livre, turismo científico e turismo de experiência socioambiental. “Essas outras categorias permitem maior entrosamento cultural do turista com a cidade e aumentam as possibilidades de permanência. Além disso, geram emprego e renda para pequenos e microempreendedores de diversos tipos e permitem integrar a produção rural com o turismo sustentável, criando novas cadeias produtivas ou novos elos no circuito do turismo. São atividades turísticas complementares, que podem se potencializar com a cooperação mútua”, salienta a professora Luciana Mello Ribeiro, coordenadora geral do Observatório Educador Ambiental Moema Viezzer.
O fomento dessas outras possibilidades de turismo abre novas oportunidades econômicas e também traz espaços de lazer para os moradores de Foz do Iguaçu. O cuidado com as áreas de Mata Atlântica, um patrimônio de Foz do Iguaçu que passa a ser reconhecido com o PMMA, pode melhorar a qualidade da água e do ar, ampliar o conforto térmico, diminuir o ruído urbano e favorecer a biodiversidade. “Como resultados mais imediatos, podemos dizer que a própria existência dessas áreas melhora as condições climáticas da cidade e a disponibilidade de água, diminui o nível de ruído e a poluição visual, embeleza a paisagem, enriquece a biodiversidade, amplia os espaços de lazer e educação para a população, oferece novas possibilidades de renda e turismo. Resumindo, é um desafio tanto pela abrangência como pelos impactos e reverberações deste tipo de plano”, complementa Luciana.
Mais do que uma necessidade imposta pela legislação federal, a criação do PMMA aponta para um conjunto de ações e mudanças necessárias para fazer frente às alterações climáticas. Para a coordenadora de Pesquisa do Observatório, professora Marcela Kropf, "o momento pede que coloquemos em prática ações que empoderem a população na gestão da cidade, de maneira a garantir a sobrevivência e o bem-estar presente e futuro”. Ao indicar áreas prioritárias para a conservação, responsabilizar o setor público na sua execução e envolver diversos setores da sociedade civil, o PMMA mostra indícios de um planejamento ambiental inclusivo e multissetorial.
O Plano
O PMMA é um instrumento de planejamento territorial voltado à materialização da Lei da Mata Atlântica (Lei Federal 11.428/2006), a qual dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do bioma. Em Foz do Iguaçu, o Decreto nº 28.348 indica como objetivos específicos do PMMA o diagnóstico da "situação do município quanto aos fatores que influenciam o bioma", a visão futura do município relativa "à preservação e recuperação dos remanescentes florestais", bem como o planejamento para desenvolver ações estratégicas para a conservação da Mata Atlântica, de modo a ampliar a qualidade de vida de seus habitantes, humanos e não humanos.
Em Foz do Iguaçu, o plano foi desenvolvido ao longo de cinco anos, com o protagonismo do Observatório da UNILA na articulação para construção de políticas públicas locais. A presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente, Gizele Vosgerau, destaca: "Só posso reforçar os parabéns à professora Luciana Ribeiro e a toda a equipe envolvida. Acompanho o trabalho do Observatório e tive a grata oportunidade de assistir à apresentação da professora tratando do tema. Importantíssimo o trabalho e empenho desse grupo de pessoas sem as quais não seria possível a concretização da construção do Plano Municipal de Mata Atlântica".
Para o diretor do SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, o PMMA "foi uma construção que vem desde o Observatório, que já estava acompanhando tudo na região, nas parcerias que tinha até mesmo com a Itaipu". Segundo ele, essas parcerias foram fundamentais para que o plano tenha "um pouco de cada uma das instituições, por isso é muito plural e consegue garantir todos os ativos do município".