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Pesquisadores lançam código computacional para cálculo de formação de preço de combustível

Estudo reflete que os preços ao consumidor poderiam ser mais baratos se não fossem associados aos do mercado internacional
publicado: 27/04/2023 12h01, última modificação: 27/04/2023 15h02

Preço de combustíveis sempre é um tema sensível, porque dói no bolso de muitos cidadãos que usam seus veículos para locomoção própria ou transporte coletivo. E também mexe com a economia de forma global, visto que grande parte da logística da cadeia de abastecimento de entrega de mercadorias em todo o território nacional é bastante impactada pela variação de preço desses recursos energéticos. E no meio disso surgem algumas perguntas: por que os preços mudam tanto? E são os impostos os reais vilões dessa questão? Foi pensando nisso que o Grupo de Pesquisa em Mobilidade e Matriz Energética da UNILA se empreendeu na tarefa de desenvolver um código computacional para cálculo de formação de preço de combustível. O estudo aponta que a Petrobras poderia oferecer um valor mais barato se a política da empresa não associasse o preço balizando nos praticados pelo mercado internacional.

O código computacional elaborado pelo grupo de pesquisa da UNILA tem a função de fazer o cálculo de formação de preços de óleo diesel no Brasil, a partir da avaliação dos históricos da política de Preço da Paridade Internacional (PPI) no sobrepreço praticado e leva também em consideração a inflação no país nos últimos anos. O professor Ricardo Hartmann, do curso de Engenharia de Energia, contextualiza que as refinarias brasileiras têm condições de produzir toda gasolina e óleo diesel necessários para consumo interno, mas com a adoção da política do PPI a partir de 2016, estabeleceu-se a dolarização dos preços dos combustíveis.

Preços mais acessíveis

“Nós produzimos todo o petróleo, temos um preço de custo variando entre R$ 1 e R$ 1,1 para cada litro de gasolina ou de diesel, mas o consumidor brasileiro paga como se os recursos naturais fossem importados. Ou seja, produzimos tudo com preço de custo baixo e pagamos o preço internacional, e por isso os preços desses insumos ficaram caros nos últimos cinco a seis anos”, diz Hartmann. O grupo de pesquisa começou a analisar alguns outros modelos de formação de preços e os pesquisadores afirmam que o modelo que está sendo proposto fornece preço mais acessível ao consumidor, de forma a garantir a blindagem das oscilações internacionais e a manter a lucratividade e competitividade da Petrobras. O estudo analisa aspectos de correlações qualitativas entre o preço do óleo diesel e a taxa de inflação.

A pesquisa propõe um modelo computacional em linguagem Python, desenvolvido a partir do modelo da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), que foi chamado de Preço Justo e Competitivo (PJC). “A AEPET propôs o algorítmico em 2019 e nós fizemos uma adaptação e construímos um código computacional. O que fizemos foi uma melhoria no algoritmo e escrevemos uma linguagem computacional pra ele”, explica Hartmann. O resultado pode ser acessível a todos que tenham interesse de entender melhor sobre o assunto.

Ricardo diz que com a aplicação do novo modelo de cálculo de formação de preço, seria possível reverter o valor do diesel a R$ 3 por litro para o consumidor brasileiro. A gasolina, segundo ele, ficaria num preço semelhante, porém tem um diferencial em relação aos impostos, visto que em junho do ano passado, antes das eleições, houve mudanças na aplicação do ICMS - que representa recursos para o estado - e a gasolina ficou um pouco mais barata que o diesel devido a essa mudança na tributação, mas não houve alteração em relação ao PPI, que é considerado o principal vilão.

“Os postos de combustíveis não fazem a comparação do preço de paridade e importação. Então eles dão a impressão de que a culpa é dos impostos, enquanto na verdade é do parâmetro internacional”, aponta ele. E expectativa dele é que a Petrobras faça mudanças no Conselho da estatal para que a política do PPI deixe de ser usada e passe a baratear os combustíveis. O Grupo de Pesquisa se coloca à disposição para discutir esse novo modelo, a fim de que possa ser alterada a atual política de preços. “Colocamos, no estudo, uma lucratividade média da empresa em torno de 9%, que é a média das empresas internacionais de petróleo. A proposta apresentada é manter a lucratividade e diminuir bastante o preço praticado ao consumidor”, defende.

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