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Participação jovem e aproximação com a comunidade dão o tom do Festival Violões do Paraná

Diferentemente de eventos semelhantes, prioridade foi dada a recitais e a concertos apresentados por alunos participantes do encontro
publicado: 17/09/2024 11h04, última modificação: 17/09/2024 11h04

Masterclasses, palestras e oficinas ministradas por expoentes da cultura do violão, ensaios abertos, recitais, formação de orquestra, concertos e visitas a escolas. Esta variedade de atividades marcou a primeira edição do Festival Violões do Paraná (Fevip), evento que reuniu dezenas de discentes e docentes de vários Estados do Brasil e de países da América Latina, entre os dias 4 e 8 de setembro, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Característica da instituição, a diversidade esteve em destaque no Fevip não apenas em razão da presença dos participantes, mas também pela quantidade de estilos musicais apresentados nos recitais e concertos, pela multiplicidade de técnicas abordadas nas aulas e oficinas e até mesmo na organização do encontro, que priorizou a apresentação de alunos e a aproximação com a comunidade. Pela primeira vez, a UNILA, a Escola de Música e Belas Artes da Universidade Estadual do Paraná (Embap/Unespar) (Curitiba), e as universidades estaduais de Londrina (UEL) e de Maringá (UEM) se uniram para idealizar e organizar um evento semelhante, cuja segunda edição já está sendo planejada.

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 A idealização do projeto ocorreu em 2023 e partiu da observação de que, apesar de haver polos de trabalho com o violão solista no Estado, estes estavam próximos apenas geograficamente, justamente nas cidades em que estão as sedes das instituições organizadoras. Apesar desta proximidade física, havia, segundo Gabriel Navia, um dos idealizadores, a distância epistemológica. “Não existia uma relação entre esses programas e isso enfraquece muito os nossos trabalhos”, contextualizou.

 Programação

Professor do curso de Música da UNILA, Navia explica que, na montagem da programação do Fevip, dois direcionadores foram preponderantes: a colocação dos discentes no centro do festival e a aproximação deste com a comunidade da cidade. A partir disso, foram pensadas as atividades desenvolvidas durante cinco dias. Seguindo a primeira premissa, “todos os concertos foram realizados por alunos destas instituições”, disse, referindo-se à UNILA, à Embap/Unespar, à UEL e à UEM. “Geralmente, os concertos em festivais de violão são realizados por artistas convidados, já renomados. Neste, nós quisemos dar oportunidade para que os alunos se apresentassem para que isso gere o interesse entre eles de se apresentarem nos próximos e terem seu espaço no palco.”

Para alcançar o segundo princípio do Fevip – a aproximação à comunidade –, na quinta-feira (6), foram feitas visitas a escolas públicas estaduais e municipais de Foz. Grupos de discentes, acompanhados de docentes, foram até as instituições para abordar noções do que é o estudo de música e para explicar aos estudantes o que é o violão solista. A atividade incluiu também apresentações musicais.

Além disso, a aproximação com a comunidade foi concretizada por meio de duas apresentações na Fundação Cultural de Foz do Iguaçu. Na noite de sábado (7), houve um recital coletivo. Já na manhã do dia seguinte (8), houve um concerto de encerramento com a Orquestra de Violões do Fevip, formada durante o evento. O grupo, regido pelos professores Orlando Fraga (Embap/Unespar) e Paulo Lopes (UEM) – além de Carlos Diomézio, aluno da UEM –, teve seus ensaios abertos durante todos os dias do festival.

 Juventude

O repertório da Orquestra de Violões do Fevip incluiu peças compostas desde o Renascimento até a atualidade. Entre as obras, “Tourdiou”, de Pierre Attaingnant (1530) – em que o regente foi Diomézio – e até “Valsa de Quarta-Feira”, composta coletivamente em uma das oficinas do festival. Mais de 40 violonistas, entre docentes e discentes, fizeram parte da orquestra, a maioria jovens. “Esta questão do violão é muito interessante. Hoje, não vemos mais o violão como clássico, mas como violão. Como uma maneira universal de tocar. A música popular, e a gente pode relacionar o Garoto, que é um compositor famoso, ou Dilermando Reis, até o Astor Piazzolla, casa com toda essa juventude, que traz um vigor, traz um ar novo para esta juventude tocar para gente”, comenta Paulo Lopes.

Prova deste vigor juvenil foi a apresentação de Pedro Weber, de 22 anos, discente de Música da Embap/Unespar. Para seu recital, na noite de quinta-feira (5), na Fundação Cultural, ele escolheu, entre outras, “Lé Depart”, de Napoléon Coste, uma peça do repertório romântico, composta no século XVI.

Para ele, que vê o evento como “fenomenal”, em razão da diversidade de idiomas e de pessoas da UNILA, além do senso de coletividade próprio da instituição, a participação jovem mostra uma particularidade do Brasil. “A única forma que a gente tem de chegar à comunidade é com essa base. Por mais que no Brasil a gente tenha pouco acesso, aqui a gente é muito animado”, avalia. Para o violonista, no país a disposição dos músicos é muito maior que em outros locais e, com isso, embora o Brasil ainda precise de mais jovens na área, “os que estão fazem acontecer”. “Poderíamos ter mais, mas é um trabalho de construção. É longo prazo”, encerrou.

 Veja mais sobre o Fevip no Instagram do Festival e no canal UNILA MÚSICA, no YouTube.