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Vida Universitária

Pandemia de Covid-19 muda a rotina e impõe novos desafios para os servidores públicos

Dia do Trabalhador

Com o isolamento social, mais de 900 servidores da UNILA adotaram o home office e precisaram reinventar sua relação com o trabalho
publicado: 01/05/2020 02h05, última modificação: 14/05/2020 16h26

A pandemia de Covid-19 mudou o dia a dia de trabalhadores de muitos setores da sociedade. De uma hora para outra, e sem a possibilidade de fazer muito planejamento, milhares de organizações precisaram adaptar suas rotinas de trabalho a uma nova realidade. No serviço público não foi diferente. Na UNILA, a necessidade do isolamento social para evitar o contágio do novo coronavírus suspendeu as atividades acadêmicas e colocou as unidades administrativas em home office.

No dia 18 de março, há mais de 45 dias, a UNILA instituiu o teletrabalho e limitou o acesso aos seus prédios. Com isso, mais de 900 servidores – entre técnico-administrativos e docentes – foram desafiados a reinventar sua relação com o trabalho, implantando novas rotinas, adotando mecanismos de comunicação e trabalho a distância, para manter as atividades da instituição em funcionamento. “O que temos vivenciado é a manutenção das atividades administrativas e inclusive melhorias constantes nos procedimentos. Sabemos que a quarentena afeta em alguma medida a todos, mas temos nos esforçado para minimizar esse impacto para os servidores e para a instituição. A gestão da UNILA está constantemente buscando novas formas de conciliar o trabalho remoto com a qualidade de trabalho, e isso só é possível em razão do esforço contínuo de muitas pessoas”, avalia o pró-reitor de Gestão de Pessoas, Thiago Moreno.

Quando o escritório é a sala de casa

Ricardo Gasparotto e Fran Brandt

 Longe dos escritórios e das salas de aula, o espaço de trabalho é, em muitos casos, compartilhado com a família. O casal Ricardo Gasparotto e Francielli Brandt Gasparotto se via somente por poucas horas diariamente. Hoje, eles trabalham lado a lado durante todo o dia. “Diferente da anterior correria do dia a dia, em que chegávamos em casa somente para dormir, para acordar cedo e ir ao trabalho novamente no dia seguinte, confesso que nas primeiras semanas achei um pouco estranho, pelo fato de ter que me adaptar a permanecer somente em casa. Todavia, tenho apreciado a ocasião de poder dedicar-me mais às pequenas tarefas domésticas, como organizar os espaços, cozinhar e aprender novas receitas e cuidar melhor das plantas”, contou Gasparotto, que é administrador na Secretaria de Comunicação Social. Francielli atua na Corregedoria e também está finalizando a dissertação do mestrado em Políticas Públicas e Desenvolvimento pela UNILA.

 

Já a assistente em administração Juliana Locks Bernartt divide o escritório – ou seja, a sala de casa – com os filhos: Juliana Locks BernarttMiguel (4 anos) e Fernanda (1 ano e meio). Ela conta que precisou reaprender a gerir o seu tempo, para conseguir cumprir com as obrigações na UNILA, manter os cuidados da casa e dar atenção aos filhos. “Não tem sido fácil. Toda essa situação de caos na saúde, na economia, na política, tem mexido demais com meu psicológico. Ter a responsabilidade de educar duas crianças, ser produtiva no trabalho, dar conta dos afazeres domésticos e ainda manter a saúde mental, tem sido um grande desafio. Mas sigo um dia de cada vez, tentando diminuir expectativas e dando meu melhor. Talvez não seja o suficiente, mas é o que tenho a oferecer neste momento”, salientou a servidora lotada na Coordenadoria de Compras, Contratos e Licitações (CCCL-PROAGI). O marido de Juliana trabalha no comércio e já voltou para as atividades presenciais.

Rotina e diálogo são essenciais

Para Juliana, manter um diálogo aberto com chefias e colegas foi essencial para se acostumar ao novo modelo de trabalho. “Creio que agora, passado mais de um mês neste regime de trabalho remoto, considero que já nos adaptamos. Consigo desempenhar todas as atividades que me são propostas, sem deixar nada acumular. Nosso chefe tem ciência do desafio que é trabalhar em casa tendo duas crianças em tempo integral. Conversar com colegas e amigas que também estão passando por situações semelhantes também ajuda bastante”, completou.

Mariah PortinhoPoder falar sobre as dificuldades do trabalho remoto também foi importante para a adaptação de Mariah Portinho Oliveira, servidora da Divisão de Cadastro. Deficiente auditiva, Mariah não conseguia acompanhar as videoconferências e, junto de sua chefia,  acabou adotando outras ferramentas – como o chat do Zimbra – para discutir questões relativas ao trabalho.

Mariah trabalha acompanhada da irmã, que também está em home office. Para não se perder na rotina diária, ela optou por adotar horários rígidos. “Pela minha saúde mental, decidi que iria trabalhar com horários regrados e que, após as 18h, e principalmente no fim de semana, nada de computador ligado. Minha rotina: ser a primeira a levantar, para fazer o café, ligar o PC, verificar as tarefas do dia, trabalhar e montar as tarefas do dia seguinte antes de terminar o expediente. Às vezes, dou atenção ao meu sobrinho, que, por ser pequeno, não entende que estamos trabalhando e pede aconchego. Como sou daquelas tias corujas, como resistir?”, contou Mariah.

Oportunidade para novos aprendizados

E como fica o dia a dia de quem está acostumado a trabalhar rodeado de alunos? A técnica de Laboratório Paula Paula SantosSantos ainda desenvolve algumas atividades no campus da UNILA, com as equipes dos projetos de combate à Covid-19. Mesmo assim, diz que sente muita falta do contato diário com os discentes. “Está sendo uma fase de adaptação ao teórico do nosso trabalho. Não deixa de ser válido porque estou aprendendo a usar ferramentas novas na área de tecnologia, em que eu não tinha muito tempo pra me dedicar. O que me faz muita falta é o contato direto com os colegas e principalmente com os alunos. Mas tudo é aprendizado e, quando voltarmos, nosso conceito de mundo será outro”, contou. Com menos tempo dedicado às aulas em laboratório, os técnicos estão trabalhando em especificações de equipamentos para futuras compras e na organização do almoxarifado virtual.

 

Francisney NascimentoE mesmo com atividades acadêmicas suspensas, os projetos de pesquisa, de extensão, experimentos para TCCs e para dissertações de mestrado estão tendo continuidade. O professor Francisney Nascimento diz que consegue acompanhar muitas dessas atividades por meio de plataformas de videoconferência. “Tive que me acostumar. Arrumei um espaço razoável em casa e, como ainda não tenho filhos, estou conseguindo manter praticamente o mesmo horário que trabalhava na Universidade. A vantagem que tenho visto é que de fato há um tempo considerável que se gasta em transporte todo dia. Também trabalhando em casa não tenho interrupções normais de outras tarefas que ocorrem no dia a dia da Universidade e consigo trabalhar mais focado”, salientou.

Na UNILA, o período de trabalho remoto ainda não tem data para terminar. Porém, servidores já conseguem vislumbrar algumas lições que poderão ser tiradas desse período. “Um dia o isolamento social irá finalizar, mas a experiência, as novas ferramentas, a relação de confiança do trabalho nunca mais serão as mesmas. É importante lembrar no dia do trabalho que são os servidores que constroem a UNILA e que o isolamento nos deixará mais fortes e com a certeza de que a implantação do trabalho remoto fora da epidemia é viável”, colocou Thiago Moreno.