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O dia em que a UNILA se veste de cores

Ao celebrar o Dia do Orgulho, estudantes refletem sobre suas realidades e projetam o futuro sobre o tema da diversidade
publicado: 28/06/2022 08h23, última modificação: 28/06/2022 08h38

Neste dia, mais do que em outros, a Universidade se veste de cores e se orgulha de fazer parte da sua história. As vivências de cada um e de cada uma se transformam num movimento coletivo que expressa a diversidade em vários sentidos. E no dia de hoje, todos são protagonistas de um tempo em que não se tolera mais qualquer tipo de discriminação, discurso de ódio nem propagação de desinformação a respeito do tema diversidade. Porque ninguém escolhe ser igual ou ser diferente.

Aqui é possível conhecer a história de alguns estudantes da UNILA que refletem sobre essa data e os desafios de assumir quem realmente é. Todos os participantes foram convidados a fazer uma reflexão com base nas suas experiências pessoais, sobre o que temos para comemorar neste mês do Orgulho. Depois, falar sobre suas expectativas e, se tivessem a oportunidade de mudar a realidade, o que sugeririam para melhorar a vida das pessoas que dividem consigo o universo da diversidade. Por fim, o que apontam como importante para que se tornasse lei ou de fundamental importância para melhorar a vida do coletivo. As fotos que ilustram os personagens foram escolhidas pelos próprios para expressar e celebrar a diversidade, a liberdade de ser quem é. Vista-se de cores você também junto a esse grupo.

Com a palavra, a diversidade

"Recordar à sociedade que nossas múltiplas formas de existência estão presentes nos cotidianos"

Diego Alejandro Avila,
colombiano, gay e estudante de
Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar

Reflexões: O Mês do Orgulho é um período em que podemos celebrar ser nós mesmos, um mês no qual nos dá uma visibilidade como coletivo para recordar à sociedade que nossas múltiplas formas de existência estão presentes nos cotidianos e que qualquer identidade que está fora do padrão heteronormativo pode existir e expressar-se sem medo. Se bem que a celebração parte de fatos trágicos como aconteceram em Stonewall, é importante que se mantenha viva como ato de resistência onde possamos nos expressar sem medo, fazer presença e causar impacto em todos os setores da sociedade, para assim também manter presente o debate sobre respeito e inclusão.

Expectativas: Se pudesse mudar a realidade, optaria por tirar da cabeça de todas as pessoas essa necessidade de acreditar que se deve julgar tudo o que é diferente para elas, julgar as formas de se expressar, de amar, de interagir com os outros. Parte da problemática é a intolerância, que acontece quando as pessoas tentam mudar o que não entendem ou classifica como diferente. Se nosso foco fosse tentar aprender e entender, com certeza a vida de muitas pessoas que fazem parte dessas muitas “minorias” seriam mais bem contempladas e compreendidas. 

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"Devemos e temos o direito de celebrarmos nossas diferenças e sobretudo nossa liberdade"

Israel Vogel Rieger, 
natural de Foz do Iguaçu. 
Gay e estudante do curso  
de licenciatura em Geografia

Reflexões: Neste mês e em todos os outros, é fundamental comemoramos o fato de estarmos vivos, visto que a comunidade LGBTQIA+ é uma parcela da população brasileira e mundial que mais sofre violências, sejam elas físicas ou mentais. Devemos e temos o direito de celebrarmos nossas diferenças e sobretudo nossa liberdade.

Expectativas: Não vejo outra forma de ajudar a comunidade se não garantindo direitos básicos como moradia, saúde, educação e trabalho. Como sou professor em formação e já trabalho como auxiliar de desenvolvimento infantil em uma escola privada, sinto a necessidade de se implementar projeto de educação sexual nas escolas. Uma educação que valorize e respeite a diversidade sexual e a identidade de gênero dos estudantes, que trabalhe questões como inteligência emocional, autoestima, prevenção e desmistificação acerca de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e todas outras questões relacionadas à saúde sexual e coletiva.

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"Leis mais rígidas para punir homofobia e transfobia"

Kauanny Isabelly da Silva,
de Foz do Iguaçu, bissexual
e estudante de Biotecnologia

ReflexõesO Mês do Orgulho tem como finalidade dar visibilidade à comunidade LGBTQIA+ e, também, ajudar no combate à homofobia e à transfobia. Esse mês é muito significativo não apenas para mim, mas para as pessoas ao meu redor. Nunca cheguei a sofrer nenhum preconceito ligado à minha sexualidade, mas a vida não gira em torno da gente, e eu sei que muitos fora do meu ciclo social sofrem diariamente atos de homofobia em vários aspectos. Não diz respeito apenas à violência, mas ao desemprego, ao abandono, ao descaso. Então, neste mês devemos comemorar o orgulho de ser quem somos e o direito que temos de existir, de ser vistos e aceitos como a gente é.

Expectativas: Se eu pudesse mudar a realidade da comunidade LGBTQIA+ eu começaria abrindo a mente das pessoas, de todas que têm uma mentalidade antiquada e preconceituosa. Assim não existiria mais homofobia, nenhuma pessoa sofreria preconceito ou seria expulsa de casa ou agredida na rua, e poderia amar quem ela quisesse sem ser julgada por isso. Infelizmente essa não é uma realidade, muito menos uma solução fácil de ser alcançada. Então, pensando também em uma sugestão mais viável, eu acho que poderiam existir leis mais rígidas que punam com mais veemência casos de homofobia e transfobia. E mais apoio governamental para a comunidade LGBTQIA+, que ajudasse na geração de empregos para que essas pessoas ocupem mais cargos de poder e estejam inseridas nos mais diversos setores da sociedade. E mais programas de conscientização contra o preconceito. 

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"A educação sobre cidadania, diversidade e direitos humanos precisa ser valorizada"

Fernando Santana, de
Mogi das Cruzes (SP),
homem gay e estudante de
Mediação Cultural, Artes e Letras

ReflexõesA trajetória de pessoas LGBTs é comumente marcada por muitos traumas e sofrimentos no decorrer da vida. Em 2022, temos para comemorar os direitos e espaços conquistados para pessoas da comunidade. E nossa comemoração é recordando as lutas do passado, as pessoas que estiveram presentes trabalhando por esses direitos há anos. Assim como dar protagonismo às pessoas LGBTs do presente que ocupam lugares de destaque no trabalho, no esporte e em demais espaços da sociedade onde só existem pessoas heteronormativas. Isso visibiliza a importância dessas pessoas na sociedade e faz com que elas se tornem referências para outras pessoas. Manter a memória presente de quem lutou antes para nos mantermos firmes em relação aos direitos conquistados e seguir abrindo caminhos para um futuro com mais dignidade para a população LGBTQIA+.

Expectativas: A realidade da sociedade latino-americana ainda não é totalmente acolhedora e tolerante com a população LGBTQIA+. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo e, também e é onde ocorrem mais casos de homofobia. Estamos em um momento em que a educação sobre cidadania, diversidade e direitos humanos precisa ser valorizada e presente nos espaços educacionais. Ninguém nasce com preconceito, ele está naturalizado na cultura em que vivemos. A escola tem um papel fundamental para desenvolver uma convivência humanizada e acolhedora. Eu acredito no poder da educação e a escola é o espaço onde iniciamos o convívio em sociedade e onde pessoas LGBTs sofrem suas primeiras experiências de violência e preconceito. Pensar em uma lei que promova o diálogo e o debate nas escolas sobre a importância do respeito, da inclusão e da normalização dessas pessoas contribuiria positivamente para um Brasil futuro mais consciente, civilizado e inclusivo.

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 "Devemos comemorar quem nós somos, as personalidades que construímos"

Gustavo de França Silva,
paulistano, estudante
de Biotecnologia,
homem cisgênero gay

ReflexõesEu me assumi quando tinha 18 anos e é engraçado que quando eu me comparo com os amigos da minha idade eu percebo que foi um processo longo e tardio, que eu poderia ter evitado muitos problemas e traumas se esse processo tivesse acontecido mais cedo. Eu fico pensando em todos os jovens e adultos que escondem quem são ou o que sentem por medo de terem que se “assumir”, pois ninguém deveria ter que sentir-se obrigado a se afirmar o que é. Tendo em vista o cenário do Brasil e do mundo e como olham para nós, eu acredito que devemos comemorar quem nós somos, as personalidades que construímos. Apesar de tantos pesares na vida, o amor que julgamos merecer e as pessoas que nos tornamos, que podem lutar para que outras pessoas se sintam confortáveis em falar sobre quem são e não sentirem a mínima vergonha disso. Ao contrário, sentirem orgulho.

Expectativas: Eu gostaria de ver a comunidade LGBTQIA+ próxima de mim que seja saudável, com acesso à informação, a tratamentos de saúde física, mas principalmente quanto à saúde mental. A minha sugestão de melhoria seria oferecer tratamentos acessíveis ou até mesmo de graça por parte do governo para quem precise, mas que seja uma ajuda de fácil acesso e efetiva, tanto em chegar em quem precisa quanto em atender a expectativa que procuramos quando conversamos com um psicólogo. Uma sugestão, em nível macro, seria a introdução de questões relacionadas a gênero e orientação sexual nas matrizes curriculares do ensino fundamental II e médio no Brasil, de forma que seja introduzido para ambientar os jovens e propagar uma cultura sem preconceito, ignorância e falta de informação.