Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Maioria dos postos mantém preço da gasolina mesmo após redução na refinaria, aponta pesquisa
conteúdo

Pesquisa

Maioria dos postos mantém preço da gasolina mesmo após redução na refinaria, aponta pesquisa

Foram monitorados 96 postos de combustíveis em cinco cidades da região Oeste do Paraná após redução de preço pela Petrobras
publicado: 01/09/2025 10h11, última modificação: 29/08/2025 15h01

Um levantamento realizado pelo Grupo de Pesquisa em Mobilidade e Matriz Energética da UNILA mostra que a maioria dos postos de combustíveis da região Oeste do Paraná deixa de repassar ao consumidor as reduções de preços praticados pelas refinarias.

gasolina.jpgO grupo monitorou, entre 1º e 21 de junho, 96 postos de combustíveis em cinco municípios: Foz do Iguaçu, Cascavel, Toledo, Medianeira e Marechal Cândido Rondon (veja tabela abaixo). Nesse período, a Petrobras reduziu em R$ 0,17 o preço do litro da gasolina. Essa redução foi implementada no dia 3 de junho.

Entre as cidades pesquisadas, Foz do Iguaçu foi a que apresentou o menor índice de postos com redução de preços: apenas 29,17%. Marechal Cândido Rondon teve o melhor resultado do ponto de vista do consumidor: 75% dos postos monitorados reduziram os valores da gasolina.

Embora muitos postos tenham repassado a queda nos preços ao consumidor, na maioria deles a redução foi menor que a da refinaria. No caso de Foz e Marechal, apenas um posto em cada uma das cidades fez a redução total nos preços do litro da gasolina (veja tabela abaixo).

Outra particularidade apontada pelo estudo é que a redução dos preços não foi imediata. Apenas em Marechal Cândido Rondon a maioria dos postos iniciou o repasse no dia seguinte ao anunciado pela Petrobras. Em Foz do Iguaçu, o primeiro posto a mudar os preços demorou três dias. Outros postos só fizeram a redução a partir do 5º dia. Cascavel, Toledo e Medianeira apresentaram comportamentos parecidos. Confira o estudo completo, com os valores de redução em cada um dos postos monitorados. 

“O reajuste para mais é sempre imediato”, aponta Ricardo Hartmann, docente do curso de Engenharia de Energia e coordenador do estudo.  Segundo ele, esse foi um dos fatos que motivaram os estudos, iniciados em 2022, quando o governo deixou de controlar os preços dos combustíveis. “Não havia o aumento, de fato, na refinaria e os preços já eram reajustados, mesmo com estoques antigos”, observa. “É difícil alguém que controle, muito raro. O Procon e a ANP [Agência Nacional do Petróleo] não têm pessoal suficiente para essa fiscalização. A população fica desinformada. A pesquisa é uma forma de dar visibilidade a essa questão.”

tabela valores reduzidos.png

Um comparativo entre 2022 e 2025, destaca Ricardo, mostra que houve uma estabilização do mercado de combustíveis com reajustes menores e em intervalos mais longos. “A partir do segundo semestre de 2023, os reajustes passaram a ser menores e, agora, a Petrobras passou a fazer redução de preços porque não está mais tão suscetível à oscilação do mercado internacional”, explica o pesquisador.

Para a análise, o grupo utilizou o aplicativo Menor Preço, que integra o Programa Nota Paraná do governo do Estado. Pelo aplicativo é possível pesquisar os valores do litro da gasolina e de outros combustíveis diariamente e fazer os cálculos necessários. “É um mecanismo confiável porque o preço já aparece quando um consumidor pede para colocar o CPF na nota. É automático e é ‘uma mão na roda’ para nós porque a ANP não tem esses dados”, comenta Ricardo. O aplicativo também registra o histórico de preços de cada ponto de venda pelo período de um mês.

O estudo também buscava verificar indícios sobre a existência de cartel no mercado de combustíveis na região Oeste paranaense. “O nosso estudo não consegue provar que existe cartel porque não temos ferramentas de fiscalização e verificação, mas os resultados mostram que há indícios. A pesquisa confirma uma percepção geral”, aponta e ressalva: “seria necessária uma investigação formal pelos órgãos de defesa do consumidor.”