Vida Universitária
Livro sobre integração latino-americana é dedicado à UNILA
Dedicado à UNILA, o livro "Integração latino-americana: teoria e prática" foi lançado nesta semana em uma cerimônia com homenagens a dois de seus autores, docentes que ajudaram a implantar a Universidade: Nilson Araújo de Souza e Luisa Maria Nunes de Moura e Silva. “Este livro existe em função da UNILA. Foi escrito enquanto eu estava aqui”, disse Nilson, lembrando que a primeira aula da Universidade foi ministrada por ele.

- A reitora Diana Araujo Pereira, Nilson, Luisa e Mariana
Publicado pela Editora Insular, o livro é dividido em três blocos compilando artigos sobre a teoria da integração latino-americana; o papel da produção de energia e da indústria de base para essa integração; e por fim, movimentos e ações que transformam a teoria em prática, incluindo análises sobre blocos econômicos regionais – Mercosul, Unasul e a Alba – e seu papel na integração do continente.
“Essa questão da dependência cada vez mais se torna assunto da aula do dia. O que está ocorrendo agora no mundo mostra claramente que a dependência é uma questão que afeta em profundidade os nossos países”, pontuou durante a apresentação do livro. “Eu acho que a ruptura com a dependência é o único caminho possível para desenvolver o país e depois avançar para uma formação mais profunda, aqui no Brasil e no mundo.”
Momento de recuperação
O professor Nilson participou da criação e implementação do curso de graduação em Economia e do mestrado em Integração Contemporânea da América Latina, no qual atualmente é professor colaborador. “A missão da UNILA é formar pensamento, formar pessoas, seja qual for a área, tendo como norte a integração da América Latina”, disse, reforçando que este não é o melhor momento para o continente. “O melhor momento foi nos chamados governos progressistas dos anos 2000”, disse, citando Hugo Chávez, na Venezuela; Néstor Kirchner, na Argentina; Evo Morales, na Bolívia; e os primeiros mandatos de Lula no Brasil. “Este foi o momento em que a integração mais avançou, mas não chegou a ser consolidada. Agora é o momento da recuperação.”
Para ele, a agressão por parte dos Estados Unidos, mais do que questões políticas, está diretamente ligada a uma tentativa de enfraquecimento dos Brics. “O governo brasileiro está dando bastante importância aos Brics. O que [Donald] Trump está buscando é desqualificar os Brics e reconectar o Brasil como quintal dos Estados Unidos.”
A professora Luisa Moura e Silva acredita que há um aumento no temor pelo avanço dos Brics. “Eles [os Estados Unidos] estão sentindo que os Brics vão ser mais fortes. Do ponto de vista da economia, a criação de uma moeda diferente do dólar como referência será, a meu ver, a destruição do sistema capitalista. Por isso, eles resistem”, avalia.
Para a professora, primeira pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis, voltar à UNILA quando a Universidade comemora seus 15 anos, é reencontrar os “herdeiros” da missão definida em seu documento fundador. “A gente sempre esteve na UNILA. Voltar aqui é reencontrar todo mundo com quem trabalhamos e encontrar gente nova que está disposta a abraçar o projeto da integração pela educação, de formar pessoas que possam ter uma visão integracionista, soberana, independente e livre para a América Latina”, disse.

- Diana e Nilson: integração pela educação
Mariana Nunes de Moura Souza, além de autora do livro, é filha de Nilson e Luisa e acompanhou de perto a concepção do projeto para a UNILA. “Eu acompanhei de perto desde os primeiros passos da UNILA, a ideia revolucionária que foi construir uma universidade que fosse realmente multidisciplinar, transdisciplinar, que tivesse um tema específico que perpassasse todas as áreas do conhecimento”, contou. “Cada vitória era comemorada dentro de casa, cada dificuldade era discutida dentro de casa.”
A experiência dos pais teve forte influência na vida acadêmica de Mariana, graduada em Relações Internacionais com mestrado na área de Energia. Foi por convite deles que ela passou a integrar um grupo de pesquisa na UNILA e, posteriormente, criou um grupo “irmão” na USP, para discutir a dependência da periferia do capitalismo, tema que, junto com a integração, é cada vez mais relevante. “Debater, construir conhecimento sobre essa relação entre os nossos países é cada vez mais relevante porque sem estarmos juntos, hoje, não vamos sobreviver enquanto países individuais e enquanto América Latina como um todo.”
