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UNILA e entidades da fronteira iniciam levantamento de dados sobre violência de gênero

Com os resultados, espera-se subsidiar a implantação de políticas públicas relacionadas à diversidade e ao combate das desigualdades de gênero
publicado: 04/07/2019 17h30, última modificação: 04/07/2019 18h13
Grupo que irá trabalhar no monitoramento da violência de gênero na fronteira. Pessoas reunidas, em círculo, em uma sala

Grupo que irá trabalhar no monitoramento da violência de gênero na fronteira. Pessoas reunidas, em círculo, em uma sala

O Observatório de Gênero e Diversidade na América Latina e Caribe, em parceria com diversas entidades, iniciou um trabalho de levantamento, organização e monitoramento de dados sobre a violência de gênero na fronteira. O objetivo é, a partir dos dados obtidos, subsidiar a implantação de políticas públicas relacionadas à diversidade e ao combate das desigualdades de gênero. A primeira reunião do grupo foi realizada em meados de junho, com a presença de representantes de diversos órgãos e instituições da região da Tríplice Fronteira.

Grupo que irá trabalhar no monitoramento da violência de gênero na fronteira. Pessoas reunidas, em círculo, em uma sala

O primeiro passo nesse trabalho é entender o funcionamento de cada entidade e como é realizado o atendimento em cada uma. Em seguida, serão coletados e qualificados os dados disponíveis. Uma das metas do grupo de entidades é buscar a inserção de projetos em organismos nacionais e internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Agenda 2030 – um plano de ação global que tem a igualdade de gênero entre seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “É um trabalho de longo alcance e está dando seus primeiros passos”, comenta a professora Cleusa Gomes, coordenadora do Observatório. “É a porta de entrada para que nós possamos, em conjunto, em rede, pensar ações e trabalhos para minorar conflitos. Propor um trabalho que, ao mesmo tempo, seja facilitador para outras ações conjuntas”, completa.

Ela destaca que o levantamento de dados não se limita a obter números. “Tem de ter contexto. A ideia é que consigamos um raio-X sobre a violência aqui na fronteira e que consigamos, também, propor políticas públicas voltadas para isso”, explica.

Cleusa Gomes cita como exemplo o atendimento do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Foz do Iguaçu, que relatou ter em torno de 2 mil casos. “Precisamos saber quais são os casos que param, quais vão para frente, quais são os casos que têm medidas protetivas, quais são os casos que viram feminicídio. Por que esse trabalho é importante para as entidades? Porque não tem como fazer isso só dentro de uma sala.”

Para ela, além de focar nos problemas locais, é preciso buscar soluções para a região fronteiriça. “Nossa região tem um índice muito alto de violência de gênero, de feminicídio. Precisamos pensar os problemas reais da região, porque são muito específicos. É preciso pensar em ações interligadas para entidades e universidade.”

No final de julho, deve ser publicado um edital para selecionar projetos da UNILA vinculados à temática da violência de gênero, para auxiliar no trabalho de levantamento de dados.

Participaram da reunião representantes do Comitê Executivo de Equidade de Gênero e Diversidade da UNILA, da Delegacia da Mulher de Foz do Iguaçu, Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, Patrulha Municipal, Guarda Municipal, Secretaria de Direitos Humanos e Relação com a Comunidade, Secretaria da Saúde de Foz do Iguaçu, Secretaria da Assistência Social de Foz do Iguaçu, Sesunila, Ministério da Mulher do Paraguai, Secretaria da Assistência Social de Puerto Iguazú, PROINT, Observatório Educador Ambiental Moema Viezzer/IMEA e Cátedra Paulo Freire. Também devem compor o grupo a Defensoria Pública do Estado do Paraná e o Ministério Público.